[CONTÉM GATILHOS]
Eu só não queria acreditar no dia que foi hoje. Meus pais levaram Elya para o hospital mais uma vez às pressas. Tento ligar para eles, mas não retornam. Eu simplesmente não entendo e estou muito preocupado, mais do que qualquer pessoa possa imaginar. Um pouco antes de anoitecer, eles voltam para casa, dessa vez sem ela. Entraram meio apreensivos, sem reação. Meu pai, agindo impulsadamente, senta-se no sofá preocupado, tocando sua testa. Já minha mãe, começou a encarar o nada, deu um longo suspiro e deixou suas coisas no seu quarto. Desde antes questiono os dois sobre a situação de Elya.
— Carlo, ela está bem, mas precisa ficar internada por um momento para uma supervisão. O médico identificou que ela está com uma pneumonia severa, e pode acarretar outros problemas. — Disse ela após dar um longo suspiro. A coisa não está para brincadeira mesmo.
— Como assim pneumonia?! Nunca a vi tossir, ter moleza no corpo ou sei lá.
— Eu me perguntei a mesma coisa, isso deve ter começado recentemente. E outra, ela já estava vomitando e esperneando muito, então não sei o que é.
— Perdão, mas esse médico é horrível, não sabe dizer o que ela tem ou não tem! Se no final for só uma gripezinha ou algo parecido, eu não vou mais naquele hospital! — Disse meu pai, com uma raiva bem justificada. Ele ignora minha mãe e fecha a porta da sala com força.
Isso é extremamente preocupante, não quero pensar no pior em relação à Elya. Aliás, ela vai ficar bem sozinha? Ela só tem 5 anos, ou 6, 7... não sei. Só tenho certeza que ela estando numa cama de hospital, doente e longe da família, como ela pedirá ajuda? Será que estou perguntando demais? Eu espero que ocorra tudo bem.
Enquanto isso, em crível tarde da noite, Liandra chega em sua casa depois de tantas horas, carregando sua bolsa. Sua casa era bem simples, em que nem parecia morar em uma região perto da escola. Então, estando sozinha em casa, ela se surpreende ao ver que seu gato não comeu a ração ao lado da porta de entrada de sua residência. Notou gotas de sangue vindo do chão de seu quarto.
Ela corre até lá, e vê seu gato, branco com detalhes amarelados, deitado no chão, com pouco sangue escorrendo pela boca e moscas rodeando seu rosto. Com os olhos arregalados, não mostrou nenhuma reação genuína de um cadáver em sua frente.
— Já é o segundo... depois de tantos anos... — Disse Liandra, encarando bem o corpo de seu gato.
Não há muito o que fazer nessa situação. Conferiu se ele estava ainda respirando, o que não estava. Nesse momento, com uma visão vazia, começou a chorar. Horas depois, fez um enterro digno, já que ela tinha um quintal na parte de trás da casa. Improvisou uma cruz, escreveu com um marcador o nome dele: "Mori". Tinha aproveitado também para pegar uma foto deles juntos, tirada em uma época que ela nem era no ensino médio, e colou em frente à cruz. Encarou seu túmulo por alguns segundos e voltou para casa.
E pensar que vamos morrer um dia... em alguma hora, irei ser que nem o Mori: ser enterrado, se decompor e retornar para a natureza de outra forma.
O tempo passou, já era quase madrugada, e Liandra estava prestes a dormir estando já com seu pijama branco. Chega sua mãe com um vestido verde bem longo, levemente rasgado na parte inferior, bebendo alguma coisa alcoólica. Junto com ela, estava um cara que Liandra nunca sequer viu na vida.
— Eita, foi mal, esqueci que tenho filha...! — Exclama a mãe dela soluçando diretamente para o cara aleatório. — Liandra, vou para o quarto, boa noite!
O cara o levou para o quarto, e não pareciam que iam dormir. Liandra os encarou com grande desgosto e nem sequer disse uma palavra. Só que, eles acabaram indo para o quarto de Liandra, o qual mais uma vez, ela não esboçou nenhuma reação. Naquela noite, ela iria dormir no quarto de sua mãe, pela milésima vez. Estava tão acostumada que já sabe como irá dormir na cama dela, já que era bem desconfortável comparado à sua. Quando estava de preparando para pregar os olhos, começou a ouvir gemidos e barulhos de algo sendo empurrado, o qual Liandra não conseguiu deduzir no momento, mas sabemos o que realmente era.
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A Linguagem de Liandra
Novela JuvenilCarlo e Soren são amigos, o qual Carlo tem ideias bizarras quando convém e Soren é só o cúmplice de tudo isso. Ao quererem fazer idiotices iniciais na biblioteca, se surpreendem ao verem Liandra, uma garota que eles nunca viram e que não se interess...