Capítulo 22

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Os dias corriam com muita tranquilidade. 

Telefonámos às nossas mães e estava tudo bem.

Hoje havia uma festinha  numa aldeia aqui perto.  Resolvemos ir um pouco à noite.

Os nossos dias resumiam-se a caminhadas nos trilhos, banho no riacho e pouco mais.

Há dois dias fomos até à cachoeira mas fizemos uma parte do caminho de carro.

A queda de àgua terminava num grande lago.
Ao contrário do nosso riacho aqui estava muita gente dentro e fora de àgua.

Ficámos só um pouco.  Tirámos algumas fotos e regressámos.

Estávamos na varanda tomando o ar fresco deitados os dois na mesma rede.

Eu fazia festinhas na barriga da Ju.

- A nossa menininha. Estou desejoso de conhecê-la.

- Como sabes que é menina?

- Palpite.  Menina ou gémeos.

- Gémeos eu gostava diz Ju.

- Sério?

- Sim. Um casal ou dois do mesmo sexo tanto faz.

- A minha mãe quer menino diz Ju.

- Já a minha quer menina, por isso era bom vir um casal.  Assim todo mundo fica feliz.

- De qualquer jeito todos vão ficar contentes. O que vier que venha com saúde.

- E quantos vamos ter?

- Depois deste eu quero organizar a minha vida profissional.  No fim veremos.  Quando me estabilizar pensamos noutros.   Entretanto vamos treinando.

- Vamos?

- O quê homem?

- Treinar!

- Mas estes treinos agora não levam a lugar nenhum.

- Como não? Todo o treino leva à perfeição.

- Eu gostoso, tu gostosa.  Imagina com treino.  Muito mais gostosos.

- Tu és mas é um grande custoso.

E ali ficámos entre beijos e abraços.

Após o jantar descemos à pequena aldeia, onde havia a festa.

Ladeando a rua principal,  muitas barracas de venda.  Artesanato da região e não só.
Bolinhos, doces, biscoitos e compotas.  Licores e mel  diversos.

- Rodolffo eu quero churros e pipocas.

- Mas acabaste de jantar!

- Churros e pipocas não é jantar, é sobremesa.

Fui comprar 2 churros e pipocas.

Comemos tudo andando pelas barracas.

- Ju, vamos sentar ali um pouco para não te cansares.

- Está bem.  Mas quero sorvete de chocolate com morango.

Comprei os 2 sorvetes e ocupamos uma das mesas disponíveis.

Em frente duas moças olhavam para nós e comentavam algo entre elas.  Rodolffo não percebeu mas eu não tirei os olhos das piranhas prontinhas para dar o bote.

- Amor!  Aquelas duas não param de olhar para a gente.

- Deixa.  Não ligues.

- Uma delas até é discreta, mas a outra?  Siliconada,  queixuda, tipo rato de academia.
Vontade de dar um tapa naquela fuça.  Mais parece um giló.

Ju pensou: vou ali ver uma coisa.

- Amor! Vou ali comprar àgua na barraca em frente.

- Vai amor.  Fico esperando.

Foi só eu sair de ao pé dele para a badalhoca se levantar e ir ter com o Rodolffo.

Sentou-se no meu lugar e ficou de sorrisos.   Eu fiquei na barraca só apreciando.

Ela falava tocando no braço dele.  Ele fazia questão de encolher o braço.
Por vezes os dois gargalhavam.

Comprei outro sorvete mas este de casquinha.

Dirigi-me a eles e chegando ao pé fingi tropeçar e o sorvete caiu todo em cima da piranha.

- Ah!  Desculpa moça.  Eu tropecei.

- Você sujou a minha roupa.

- Sorte a sua.  Para a próxima se eu te pego dando em cima do MEU HOMEM, eu faço pior.  Baza daqui.

Rodolffo atrapalhado não sabia onde se esconder.   Ele nunca tinha visto a Ju assim.

- Ju! Que foi isto?

- Não entendeste?  Precisa explicar?

- Não fiz nada!

- Vamos ali ouvir a música que eu vim foi pra festa.  Piranha nenhuma vai estragar a minha noite.

O assunto morreu por ali  por enquanto.

Abracei a Ju por trás e ficámos ouvindo a banda que tocava.  Ela movia-se ao som da música.

- Amor!  Vamos dançar?  Tem ali um espaço já com alguns casais.   Vamos?

Dancámos o resto da noite.  Música lenta,  forró, tudo.  Dancámos um pouco de tudo.

- Rodolffo, vamos voltar.  Estou cansada e com os pés doendo.

- Vamos sim.

- Mas antes vamos ali na barraca de tiro.  Eu quero um urso grande.

- Vixe!  Agora estou tramado.  Eu nunca dei um tiro.

- Se vira, disse ela.

Fomos para a barraca.  Comprei 5 tiros.  Não acertei nenhum.  
Comprei mais 5.  Disparei 4 e nada.  Ao quinto a Ju pediu para atirar e acertou de primeira.

Olhei para o dono da barraca que sorriu para mim e me entregou o maior urso da montra.

- Quando é que a menina aprendeu a atirar?

- Nunca, mas sou boa em tudo o que faço.  Até em afastar piranhas.

Já vi que esta noite vai render, pensei, já projectando na minha mente toda a minha defesa, se é que eu sou culpado de alguma coisa.

Seguimos em silêncio para casa.  A Ju ia agarrada ao urso e por ser tão grande não dava para lhe ver a cara.

Saímos do carro e antes de abrir a porta segurei a mão dela e levei-a para uma das cadeiras da varanda.

- Vamos lá conversar porque eu não quero entrar nessa casa contigo amuada.  O que eu fiz?

- Porque estavas dando trela àquela lá?

- Amor!  Sabes que eu não gosto de ser mal educado com as pessoas.

- Mas estavam de risinhos os dois.

- Ela realmente estava me paquerando mas eu estava explicando que tinha mulher e grávida.

- E precisava de rir às gargalhadas?

- Amor é que ela disse que podia ficar comigo e contigo.  Não fazia diferença.   Aí eu gargalhei e respondi:  nem morto eu te divido com alguém.

- Jura que foi isso?

- Preciso jurar?  Não confias em mim?

- Confio mas desconfiando disse a sorrir.

- Então prova e dá-me um beijo.

Ali nos beijámos apaixonadamente.

- Vamos para dentro, tomar um banho que depois eu faço uma massagem nos pézinhos da minha arengueira.

- Sem pensar em safadeza que hoje tu ficas de castigo.

- Não faças isso Ju.

- Massagem nas costas também?

- Pra sair do castigo, tem massagem Tailandesa se tu quiseres.

Da àgua pró lixoOnde histórias criam vida. Descubra agora