Despedi-me da minha mãe.
Passei na mãe da Ju para buscar os bens que ela tinha comprado.
Coloquei a morada do chalé no GPS e dei tchau a dona Isa.
- Deus te acompanhe. Cuida da minha menina.
Parti já passava das 15 horas. Chegaria por volta da hora do jantar.
Espero que a Ju não se assuste ao ver chegar uma pessoa aquela hora.
Ao fim de 2 horas de viagem fiz uma pequena paragem para um café. Comprei àgua e uns biscoitos que comi de seguida logo que reiniciei a viagem. Estava deveras ansioso.
E se ela não me aceitar lá.
Mil e uma pergunta passou na minha mente. Mil e uma situações conjecturei que pudessem acontecer.
Revi todo o meu percurso com a Ju. Os bons e maus momentos, os momentos difíceis da minha infância, as dificuldades da minha mãe, o acidente, a doença da Ju. Tudo isto veio à tona durante a viagem.
O GPS do carro mandava-me sair da via rápida e entrar numa estrada, estreita de uma única via.
A estrada além de estreita, era de terra e mal iluminada. Fiquei confuso.
Será que vou na direcção certa? Como é que aquela mulher se vem enfiar neste fim de mundo.Finalmente à minha frente vejo alguns pontos de luz mas distantes uns dos outros. O GPS indicava que o destino era já em frente a 50 mts.
Parei o carro, saí e olhei em volta. Um chalé muito bonito e cuidado tinha um alpendre na zona frontal.
2 redes penduradas e 2 cadeiras de baloiço.A noite estava agradável. Corria uma brisa mas estava quente.
Aproximei-me da entrada e vi a Ju numa das cadeiras de baloiço. Parecia estar a dormir.
Fiquei sem saber como me aproximar com medo do susto que ela vai apanhar.
Tentei fazer barulho ao andar mas ela não se moveu.
Sentei-me num lugar meio escondido e comecei a cantar uma canção que ela gostava muito.
" da àgua pró lixo "
De
Israel & RodolffoDo local onde estava vi ela mover-se e olhar em volta prestando atenção de onde vinha o som.
Levantei-me e caminhei na direcção dela.
Ela não se moveu e eu ao chegar ao pé dela baixei-me e segurei nas suas mãos.
- Vim para ficar. Não vou embora. E beijei as mãos.
Ela olhou para mim já com lágrimas nos olhos, passou as mãos no meu rosto e respondeu:
- Estava a sonhar contigo.
Abraçámo-nos num abraço tão apertado como querendo matar a saudade de uma vez.
Sentei-me na cadeira e coloquei-a no colo. Iniciámos um beijo carregado de amor e falta. Ela recostou a cabeça no meu peito e colocou a minha mão na sua barriga.
- Tem aqui o nosso bébé.
- Eu sei amor! Perdoa-me por eu ter duvidado mas naquele dia eu morria de ciúmes de ti e do Sérgio.
- Mas nós nunca tivemos nada um com o outro.
- Eu sei agora, mas naquela altura não sabia. Tu estavas distante.
- Eu estava confusa. Mas nunca te traí.
- Não vamos falar disso agora. Deixa eu aproveitar para matar a saudade, disse apertando-a contra mim.
- Foi a minha mãe que me dedurou, não?
- Ela estava preocupada contigo aqui só.
- Aqui é bonito à noite. Tão calmo.
- De dia também. Tem uma cachoeira aqui perto, mas, eu ainda não fui lá. Estava com medo de cair e me machucar. E também pelo bébé.
- E como tens passado. Enjoo?
- Muito bem. Não estou enjoando. Só fome mesmo. No final da gravidez vou virar baleia.
- A minha baleiazinha linda.
- Por falar em fome...
- A tua mamãe mandou jantar e coisas gostosas.
- Oba! Bora comer.
- Vou buscar tudo ao carro.
- Ela puxou o meu braço para me parar.
- Amor! Vais ficar quantos dias?
Dei-lhe um selinho. - só saio daqui contigo. - estou com 30 dias de férias.
- 30 dias só nós dois aqui? Coisa gostosa, disse abraçando-me pela cintura.
Descarreguei o carro e levá-mos tudo para dentro.
- Amor! O chalé é lindo. Eu quero vir aqui muitas vezes.
- É nosso. Vimos sempre que quisermos.
A minha mãe realmente tinha mandado imensas coisas. Várias comidas prontas, queijos, frutas, chocolate, biscoitos, cereais, pão, yogurtes e tantas outras coisas.
- Oh tanta comida. Parece que ela quer que a gente fique aqui muito tempo.
Jantámos e fomos para a varanda com o café. A Ju quis chocolate.
- Está uma noite tão agradável que dá para dormir aqui.
- É mesmo mas hoje eu quero tudo menos dormir e isso é mais confortável lá na cama. Não que estas redes e estas cadeiras não sejam tentação mas hoje eu quero poder beijar esse corpinho bem feito, antes de virar baleiinha.
Ela deu-me um tapa no braço. - Parvo.
- Desculpa, não resisti. Mas foste tu que disseste!
- Eu vou entupir essa tua boca de comida até tu virar cachalote. Tu vais ver.
- Vamos para dentro, amor.
- Vamos sim. Estou com sono.
- Sono. Sei que sono é esse.
Levei-a ao colo para o interior da casa.