Capítulo 8

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Saí de casa. A conversa com minha mãe deixou-me irritado e descarreguei na primeira pessoa que encontrei,  Juliette.

Apesar de fazer parte daquela família nem por sombras eu a culpo.
Ela era só uma  criança como eu.

Segui para o hospital.  Depois resolvo o assunto com ela.

Juliette entrou na casa de dona Vera.

- Que bicho mordeu ao doutor? Era sempre assim que ela se referia a ele.

- Porquê?

- Respondeu-me grosso.

- Não ligues.  Foi umas coisas que andou sabendo e não gostou.

- Dona Vera! Deixe eu fazer-lhe uma pergunta.

- Faz filha.  Se eu souber responder eu respondo.

- Vocês conhecem a minha família?

- Já ouvi falar mas conhecer pessoalmente eu não conheço. O meu falecido marido é que tinha negócios com o teu pai.

- Eu ouvi falar de um Albuquerque amigo do meu pai.  Minha mãe contou.  Era o seu esposo?

- É bem possível que seja.  E tua mãe contou o quê?

- Deixe pra lá.  Vou fazer chá para a senhora.  O Dr. foi para o hospital?

- Foi. Vai passar lá a noite.

- Então vou ficar aqui até ao jantar e depois vou para casa.

- O teu pai não vai ficar aborrecido?

- Não me interessa. Hoje quero distância dele. Conte-me a história da sua família se puder ser.

Dona Vera contou sobre a sua infância,  como conheceu o marido,  de como viviam bem e felizes até o marido perder todos os bens.

- Depois deste episódio foram só tristezas.  O que me valia era o meu Rodolffo.  O meu orgulho. Teve que trabalhar muito jovem mas mesmo com muitas dificuldades conseguiu formar-se.

- A vida prega-nos partidas.  Até há bem pouco tempo  a minha vida resumia-se a luxos.  Não importava quem magoava desde que eu ficasse bem.
Desde que a encontrei a si e agora a minha mãe muita coisa mudou em mim.

- Hoje, quando deixei a minha mãe eu fiz uma promessa a mim mesma.
Reparar o mal que lhe fizeram e fazer justiça.

- Cuidado filha.  Às vezes esse sentido de justiça machuca.  Nada volta a ser como dantes.

Hoje a Clara não veio ficar com dona Vera.
Ela já andava, então,  Clara só vinha dia sim dia não.
Jantei com ela e segui para minha casa.

O meu pai como todas as noites saiu para a esbórnia.
Perguntei à nossa cozinheira quem é que trabalhava cá em casa desde o tempo da minha mãe.

- Menina Juliette.   O motorista e o jardineiro são os únicos dessa época.
Ah! E o advogado.

Fui dormir com dor de cabeça por tanta informação.

Na manhã seguinte segui em direção ao hospital.  Parei na cafetaria do mesmo para tomar um café antes de subir.

Rodolffo tinha acabado o turno e resolveu tomar o café da manhã antes de regressar a casa.

- Bom dia, Juliette.  Posso sentar ao pé de si?

- Se não for para ser grosso pode.

- Peço desculpa.   Ontem estava muito irritado.  Não foi nada contra si.

- Pode tratar-me por tu.

-  Está bem.  Tu também.

- Lá fora pode ser aqui dentro não doutor Rodolffo.

- Como queiras.

Ficámos a conversar mais um pouco.

- Preciso ir. Está na minha hora. Vai para casa?

- Sim. Só volto amanhã à noite. Vais ver a minha mãe hoje à tarde?

- Sim. Quando sair daqui lá pelas 16 horas.

- Obrigado.  Até logo.

Há dias venho sentindo algo pela Juliette. Tem um sorriso tão lindo. Gosto da companhia dela. 
A nossa história não começou da melhor maneira mas aos poucos estamos convivendo.

Larga de pensar besteira Rodolffo.  E os Médicos pelo Mundo?  É um projecto adiado não esquecido.

Juliette foi para o seu posto e tentou preencher a cabecinha evitando pensar no corpão do gostoso do dr. Rodolffo.
Bem diferente das paqueras que já teve.

Barba bem feita,  braços musculados, abdómen trincado, boca perfeita. Um verdadeiro Deus grego.

E um monte de safadezas  surgiram na sua mente.





Da àgua pró lixoOnde histórias criam vida. Descubra agora