Rodolffo decidira apresentar queixa contra Juliette por tentativa de homicídio na pessoa da sua mãe.
Hoje foi contactado pelo advogado dos Bragança.
- Dr. Rodolffo! Precisamos entrar num acordo. Esse julgamento não vai levar a lado nenhum.
- Mas a sua cliente precisa entender e ser responsabilizada pelos seus actos.
- O que poderemos oferecer para que retire a queixa? Perguntou o advogado.
- Bom. Primeiro quero o pagamento de todas as despesas médicas incluindo fisioterapia e o que for inerente à recuperação da minha mãe. Também o pagamento de todos os salários da pessoa que tive que contratar para lhe dar apoio uma vez que vive sózinha.
Depois uma boa quantia doada ao hospital para a secção de politraumatismos. E por último o mais importante;
- Que a sua cliente faça 6 meses de voluntariado com os politraumatizados no hospital. E deste ponto lhe digo já, eu não abro mão.
- Creio que não chegaremos a um acordo mas vou apresentar o assunto aos meus clientes.
Quero ver essa dondoca 6 meses lidando com pessoas frustradas, mutiladas, etc. Só assim para aprender, pensei eu quando o advogado saiu.
Na casa dos Bragança
- Da minha parte o acordo está aceite. Eu pago tudo o que for necessário. Quanto aos 6 meses também estou de acordo.
- Mas pai! 6 meses naquele lugar?
- Talvez seja hora de mudança. Voluntariado são só umas horas. O tempo passa depressa.
- Ou isso, ou julgamento com hipótese de cumprires pena de prisão mesmo que seja mínima.
- Pensa na vergonha que a família vai passar se houver julgamento.
A filha dos Bragança acusada de tentativa de homicídio.- Está bem pai. Eu aceito fazer voluntariado.
Hoje acordei com um telefonema do advogado.
O acordo com os Bragança foi aceite.
Depois de resolvidos todos os trâmites retirei a queixa.
Juliette iniciava o cumprimento da sua pena na próxima segunda feira pelas 10 horas. Teria que cumprir 4 horas diárias. O horário escolhia ela.
Hoje era sábado. A Clara veio ter comigo. Contei-lhe tudo.
- Olha Ju! Podias começar por visitar a senhora que atropelaste. Hoje o filho está de plantão todo o dia, podias ir lá comigo.
- Ah, não amiga! Já me basta o que vou apanhar segunda.
- Vem Ju. A dona Vera é uma óptima pessoa. De certeza vai tratar-te bem.
- Eu vou. Só para não te ouvir.
Chegámos a casa de Vera.
- Dona Vera olhe quem eu trouxe hoje!
- A Ju, outrora arrogante estava bem comprometida.
- Venha cá menina. Eu não mordo.
- Desculpe senhora. Eu não queria que isso tivesse acontecido.
- Tudo faz parte de um propósito. Se o meu atropelamento foi necessário para que a menina se torne uma pessoa melhor, então está tudo bem.
- A senhora me perdoa?
- Só Deus tem esse poder. Eu estou me recuperando aqui com a ajuda da Clara. Fica em paz.
Conversámos por cerca de 1 hora.
Saí dali repensando as minhas atitudes. A serenidade desta senhora mexeu comigo.
Sempre vivi sózinha. A minha mãe pouco se importava comigo. Vivia com as bábás. O meu pai compensava-me com bens materiais.
Entendi o quanto me tornei fútil por isso.Ainda dá tempo de mudar? Não sei. Só sei que falar com dona Vera me fez bem.
- Clara! Eu gostei da sua amiga.
- Eu também quero gostar muito mas ela tem certas atitudes que me deixam irritada.
- Ela é só uma pessoa triste e sofrida mas usa a capa de malévola para se defender. Falta muito amor naquela família.
- É. Nem todo o dinheiro compra amor.
Pode ser, mas ela podia ter optado por ser uma pessoa boa e não a arrogante que é.- Um dia ela encontrará alguém que lhe vai ensinar o que é amar. Que lhe vai ensinar que nem tudo se resume a dinheiro.
- Tomara.