Capítulo 4

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Rodolffo decidira apresentar queixa contra Juliette por tentativa de homicídio na pessoa da sua mãe.

Hoje foi contactado pelo advogado dos Bragança.

- Dr. Rodolffo! Precisamos entrar num acordo.   Esse julgamento não vai levar a lado nenhum.

- Mas a sua cliente precisa entender e ser responsabilizada pelos seus actos.

- O que poderemos oferecer para que retire a queixa? Perguntou o advogado.

- Bom.  Primeiro quero o pagamento de todas as despesas médicas incluindo fisioterapia e o que for inerente à recuperação da minha mãe.  Também o pagamento de todos os salários da pessoa que tive que contratar para lhe dar apoio uma vez que vive sózinha.

Depois uma boa quantia doada ao hospital para a secção de politraumatismos.  E por último o mais importante;

- Que a sua cliente faça 6 meses de voluntariado com os politraumatizados no hospital.  E deste ponto lhe digo já, eu não abro mão.

- Creio que não chegaremos a um acordo mas vou apresentar o assunto aos meus clientes.

Quero ver essa dondoca 6 meses lidando com pessoas frustradas, mutiladas, etc.  Só assim para aprender, pensei eu quando o advogado saiu.

Na casa dos Bragança

- Da minha parte o acordo está aceite.   Eu pago tudo o que for necessário.   Quanto aos 6 meses também estou de acordo.

- Mas pai! 6 meses naquele lugar?

- Talvez seja hora de mudança.  Voluntariado são só umas horas. O tempo passa depressa.

- Ou isso, ou julgamento com hipótese de cumprires pena de prisão mesmo que seja mínima.

- Pensa na vergonha que a família vai passar se houver julgamento.
A filha dos Bragança acusada de tentativa de homicídio.

- Está bem pai.  Eu aceito fazer voluntariado.

Hoje acordei com um telefonema do advogado.

O acordo com os Bragança foi aceite.

Depois de resolvidos todos os trâmites retirei a queixa.

Juliette iniciava o cumprimento da sua pena na próxima segunda feira pelas 10 horas.  Teria que cumprir 4 horas diárias.   O horário escolhia ela.

Hoje era sábado.  A Clara veio ter comigo.   Contei-lhe tudo.

- Olha Ju! Podias começar por visitar a senhora que atropelaste.   Hoje o filho está de plantão todo o dia, podias ir lá comigo.

- Ah, não amiga!  Já me basta o que vou apanhar segunda.

- Vem Ju. A dona Vera é uma óptima pessoa.  De certeza vai tratar-te bem.

- Eu vou.  Só para não te ouvir.

Chegámos a casa de Vera.

- Dona  Vera  olhe quem eu trouxe hoje!

- A Ju, outrora arrogante estava bem comprometida.

- Venha cá menina.  Eu não mordo.

- Desculpe senhora.  Eu não queria que isso tivesse acontecido.

- Tudo faz parte de um propósito.   Se o meu atropelamento foi necessário para que a menina se torne uma pessoa melhor, então está tudo bem.

- A senhora me perdoa?

- Só Deus tem esse poder.  Eu estou me recuperando aqui com a ajuda da Clara.  Fica em paz.

Conversámos por cerca de 1 hora.

Saí dali repensando as minhas atitudes.   A serenidade desta senhora mexeu comigo.

Sempre vivi sózinha.  A minha mãe pouco se importava comigo.  Vivia com as bábás.  O meu pai compensava-me com bens materiais.
Entendi o quanto me tornei fútil por isso.

Ainda dá tempo de mudar? Não sei.  Só sei que falar com dona Vera me fez bem.

- Clara! Eu gostei da sua amiga.

- Eu também quero gostar muito mas ela tem certas atitudes que me deixam irritada.

- Ela é só uma pessoa triste e sofrida mas usa a capa de malévola para se defender.  Falta muito amor naquela família.

- É.  Nem todo o dinheiro compra amor.
Pode ser, mas ela podia ter optado por ser uma pessoa boa e não a arrogante que é.

- Um dia ela encontrará alguém que lhe vai ensinar o que é amar. Que lhe vai ensinar que nem tudo se resume a dinheiro.

- Tomara.

Da àgua pró lixoOnde histórias criam vida. Descubra agora