Capítulo 23

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Faltava uma semana para terminar as minhas férias e eu estava apreensivo.  Não sabia se a Ju quereria regressar comigo ou ficar.

Levantei-me nessa manhã e foi sentar-me na varanda apreciando o nascer do sol.

Traçava mentalmente planos para o futuro, mas eram planos a dois e eu não sabia dos planos dela.  Nunca aprofundámos a sério essa questão.

Fechei os olhos e tentei relaxar com os raios de sol na minha cara.

Acho que cochilei um pouco pois sou  acordado com a minha morena no colo beijando minha boca.

- Saíste da cama para vires dormir aqui?  Não estava bom lá?

- Estava.  Acordei e vim aqui pensar um pouco.  Acabei adormecendo.

- E o que essa cabeça linda estava pensando.

- Na vida. Em nós.  No futuro.  Nunca conversamos sobre isso.

- E o que te incomoda?

- Falta uma semana para eu regressar.  E tu?  E nós?

- Tu queres que eu regresse contigo?

- Quero.  Se tu te sentires bem para regressar.  Mas não queria deixar-te aqui sózinha.

- Tá.  Eu acho que estou pronta para voltar.  Mas e lá como vai ser?

- Como assim,  como vai ser?

- Nós dois.  Vai ser um em cada casa, depois deste mês?

- É. Vivamos na tua ou na minha casa vai ser difícil para uma das mães.

- Havemos de resolver.  Vamos tomar café.

- Ju!  Hoje quero um jantar especial para festejar a nossa estada aqui.
Depois do café vou ali na aldeia comprar umas coisas, pode ser?

- E eu não posso ir?

- Não Ju.  Quero fazer surpresa.

- Está bem.  Não demores e trás-me um sonho com recheio de chocolate da padaria.

Na aldeia havia um restaurante com serviço especial para certos eventos.

Combinei com eles organizarem um jantar lá no chalé.    Eles tratariam de tudo desde decoração até o jantar.  Acordámos o valor, paguei e fui à padaria.

Regressei ao chalé e a Ju estava a fazer macarrão, mas, assim que viu o sonho, largou o tacho e tratou de o devorar.

- Ju! Assim não almoças.   E fui terminar o macarrão. ,

- E as coisas que ias comprar?

- Não encontrei.  Resolvi que vamos jantar lá no restaurante.

Ao final da tarde convidei a Ju para ir fazer uma caminhada para que o pessoal do restaurante pudesse trabalhar.

Eram 19 horas voltámos e ao chegar à entrada disse;

- Ju!  Tem uma surpresa para ti na sala, então,  vou vedar-te os olhes e levar-te assim até ao quarto.  Depois vês.

- Isso não está certo, Rodolffo.

Entretanto os garçons do restaurante continuavam a decorar a sala.

Tomámos um duche  e entre vestir e secar cabelos com maquilhagem à mistura passou 1 hora.

Vim espreitar, um dos garçons confirmou estar tudo pronto e foram embora.

Voltei ao quarto para buscar a Ju que estava ansiosa.

A sala estava à média luz, decorada com vários buquês de flores, velas e pétalas em cima da mesa elegantemente posta para dois.

Ao lado da mesa grande, uma mais pequena com vários containers com a respectiva tampa sobre um rechaud que mantinha os mesmos quentes.

Não tínhamos vinho para a ocasião por causa da gravidez da Ju mas uma garrafa de champanhe francês descansava no balde de gelo com duas flutes de lado.

Havia suco de maracujá e as sobremesas também estavam na geladeira.

- Vem minha princesa,  disse puxando a cadeira para ela se sentar.

- Tu és muito fofo, disse dando-lhe um selinho.   Obrigada por tudo.

- Eu é que sou grato.  Vamos comer?

- Vamos que isso deve estar uma delícia pelo aspecto.

Servi os dois pratos e realmente o jantar estava uma delícia.

- Amor, estou tão satisfeita que não me apetece sobremesa.   Podemos comer mais tarde?

- Podemos sim.  Mas vamos fazer um brinde com champanhe.   Molha só os lábios.

- Brindamos a quê?

- À nossa vida em conjunto.

- À nossa.

De seguida puxei a cadeira para ao pé da Ju, peguei na mão dela e falei:

- Ju!  A nossa caminhada trouxe-nos até aqui.  Já tivemos alguns perrengues na nossa relação mas superámos ou não estaríamos aqui.
O futuro só pertence a Deus.   A nós só nos resta projectá-lo e vivê-lo da melhor maneira.
Eu projectei o meu para viver contigo e agora com o  nosso filho.

Afastei a cadeira e ajoelhei.

- Ju! Já me escolheste para pai dos teus filhos, então:

       - Casa comigo.

Tirei a caixinha do bolso e abri para mostrar o lindo anel de noivado e o par de alianças.

Com lágrimas nos olhos ela abraçou-me e respondeu um sim abafado pelo choro mas pelo beijo a seguir eu não tive dúvidas da resposta dela.

Coloquei o anel e a aliança dela e depois dela colocar a minha beijámos nossas mãos.

Tocava uma música suave.   Levantei-a nos braços e num abraço apertado dançámos.

O mundo podia parar lá fora porque  naquele momento só contava eu ela e o nosso filho.

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Da àgua pró lixoOnde histórias criam vida. Descubra agora