Capítulo 26

76 15 2
                                    

Voltei para casa com a Ju.  As pessoas dizem que eu sou muito paciente mas eu amo-a e entendo que ela não está bem.

Ela cuida muito bem da Sofia mas quando o assunto somos nós fecha-se.

- Amor!  Gostaste da festa da clínica?

- Sim.  Quando vai abrir?

- Vou esperar um tempo.   Quero estar contigo nesta fase até te recuperares.

- Eu só te atrapalho.  Não sei como aguentas.  Talvez fosse melhor se estivesses sózinho.

- É isso que queres?

- Não.  Mas consigo ver isso.

- Então deixa eu decidir isso.  Se estou contigo é porque sou feliz assim.   Esta fase vai passar e tu vais melhorar.  Amo-te como no primeiro dia.

- Obrigada. 

Abracei-a e dei-lhe um beijo apaixonado.   Como a Sofia estava a dormir, levei-a para a cama.
Ela estava tensa mas não me recusou.   Comecei por dar beijos em diversas partes do corpo até sentir ela completamente relaxada.

Beijei-lhe os lábios apaixonadamente ao que ela correspondeu e por fim calmamente fiz amor com ela.

Deitados lado a lado, apoiei a cabeça numa das mãos e afaguei-lhe o rosto molhado pelas lágrimas.

- Que foi, amor!  Magoei-te?

- Não.  Foi bom.

- Então,  porque choras?

- Eu estava com saudade.  Havia muito tempo que não me querias.

- Eu quero-te todos os dias.  Tu não tens estado bem e rejeitavas os meus carinhos.

- Amanhã eu vou ao psicólogo.

- Vais.  Eu vou contigo.  Quero estar contigo nos bons e maus momentos.  Tu sendo psicóloga vais superar rápido.

- Achas? 

- Tenho a certeza disse colando os meus lábios nos dela.

A Ju começou a fazer terapia.  Não tem sido fácil.   Uns dias está muito bem mas tem dias em que se fecha.  Nesses dias tento que ela esteja relaxada e não se irrite.

Em dois meses iniciei a actividade da clínica e estava no caminho certo.

Todos os dias fazia questão de almoçar com as minhas princesas até porque a nossa casa nem fica muito longe.

A casa da instituição que a Ju queria estava pronta.
Uma casa com  20 quartos duplos e banheiro incluído no primeiro andar.
No rés do chão uma enorme sala de jantar e sala de estar assim como uma cozinha moderna e bem equipada.   Havia neste piso mais 2 banheiros.

Num anexo à casa as salas de música,  dança e outras artes e ginásio.  No exterior, campos de jogos e piscina que por hora é aberta mas pretendemos fechar.  Um grande jardim rodeava a casa e lá mais afastado antes da mata ficava a horta e um pequeno pomar.

Gostaríamos de ter 2 ou 3 cavalos mas não temos espaço pois não queremos derrubar nenhuma àrvore.  Queremos que as crianças tenham conforto mas que convivam com a natureza.

A Sofia ia completar 1 ano.  Ainda não tínhamos conversado sobre isso.

- Ju, amor!  O que vamos fazer no primeiro ano da Sofia?  Sentes que podemos fazer uma festa?

- Não sei bem.  Eu acho que estou bem, mas, festa?  Com muita gente?

- Amor, fazemos só o que estiveres à vontade e se não quiseres comemoramos só nós ou com as avós.

- É.  Mas a nossa bébé merece uma festa. Só que eu não sei se sou capaz de organizar.

- Fazemos os dois.  Primeiro decidimos quantas pessoas e depois onde.

- Eu não quero muitos adultos.  É festa para criança então tem que ter crianças.

- Óptimo.  E onde?  Eu tenho uma sugestão.

- Fazemos a festa e a inauguração da casa de acolhimento.  Por falar nisso, tens que pensar no nome que vais dar à associação.
Convidamos crianças aleatórias e fazemos a divulgação.

A Ju ficou animada com a sugestão.

Na cidade havia um pequeno orfanato.  Reuni-me com a directora e expus os objectivos da associação.   Ela deu-me todo o seu apoio pois diz que a capacidade do orfanato não comporta todos os pedidos de lista de espera.  Aproveitei e convidei todos para a inauguração e festa da Sofia.

Convidei alguns ilustres e políticos da cidade pois estas associações precisam de muita ajuda. Qualquer parceria ou ajuda só contribui para aumentar o bem estar das crianças.

A Ju conseguiu com ajuda da mãe dela e da minha tratar da decoração e buffet da festa.  O bolo estava a coisa mais linda.

O tema era de princesa da Disney.

Na entrada havia vários acessórios relativos ao tema para as crianças usarem.  Tiaras, coroas,  capas, varinhas, ceptos, sapatinhos a imitar cristal, algumas cabeleiras e um sem fim de outras coisas.

A festa era para crianças, então tudo era de criança.   Os adultos estavam ali com o propósito de consciencialização para o problema das crianças órfãs.

A Sofia estava uma princesa autêntica.   Vestida de azul com uma tiara lindíssima.  Olhava tudo com atenção.  Até parecia que estava a perceber alguma coisa.

Ouvimos os elogios dos homens do poder e do dinheiro e a promessa de se tornarem sócios e benfeitores da associação.
A imprensa estava presente e prometeram uma boa divulgação.

Por fim a festa terminou.   As crianças estavam maravilhadas.  À saída havia sacos  com presentes e doces para todos.

A Ju estava radiante nesse dia.   Nem parecia que tinha passado por aquele turbilhão.
Estava ansiosa para pôr a instituição a funcionar.

Começamos a aceitar a inscrição de sócios on-line.  A divulgação feita pela imprensa tinha sido bem sucedida. Ah!  Já me esquecia de dizer que a Ju escolheu o nome da Instituição.

      ~~~ O NOSSO FUTURO ~~~
  Casa de Acolhimento para orfãos

Começa hoje uma nova etapa na minha vida e na da Ju.  Seremos sócios na clínica, na associação mas principalmente na nossa vida.

Acabámos de sair do Cartório.   Neste momento somos o sr e a sra Albuquerque.

Casámos pelo registo tendo as nossas mães e a nossa filha como testemunhas.
O casamento religioso combinámos fazer mais tarde pois queremos a nossa menina a entrar com as alianças.

Fizemos apenas um almoço íntimo num restaurante conhecido.  Eu ofereci à Ju um lindo colar de pérolas e ela deu-me uma jóia rara.

- Amor!  Toma, diz a Ju entregando uma pequena caixa.

Abri e logo os meus olhos ficaram cheios de lágrimas.

No interior da tampa da caixa estava    escrito:
- papai, estou chegando.

Um teste de sangue, uma pulseira e dois sapatinhos de lã completavam o presente.

As avós choravam e a Sofia também por vê-las chorar.

- Beijei a minha esposa comovido por tamanho presente.

- Obrigado.  Nada me faria mais feliz do que ser pai novamente.  Amo-te tanto.

- E eu muito mais.  Obrigada por nunca desistires de mim.

Da àgua pró lixoOnde histórias criam vida. Descubra agora