Voltei para casa com a Ju. As pessoas dizem que eu sou muito paciente mas eu amo-a e entendo que ela não está bem.
Ela cuida muito bem da Sofia mas quando o assunto somos nós fecha-se.
- Amor! Gostaste da festa da clínica?
- Sim. Quando vai abrir?
- Vou esperar um tempo. Quero estar contigo nesta fase até te recuperares.
- Eu só te atrapalho. Não sei como aguentas. Talvez fosse melhor se estivesses sózinho.
- É isso que queres?
- Não. Mas consigo ver isso.
- Então deixa eu decidir isso. Se estou contigo é porque sou feliz assim. Esta fase vai passar e tu vais melhorar. Amo-te como no primeiro dia.
- Obrigada.
Abracei-a e dei-lhe um beijo apaixonado. Como a Sofia estava a dormir, levei-a para a cama.
Ela estava tensa mas não me recusou. Comecei por dar beijos em diversas partes do corpo até sentir ela completamente relaxada.Beijei-lhe os lábios apaixonadamente ao que ela correspondeu e por fim calmamente fiz amor com ela.
Deitados lado a lado, apoiei a cabeça numa das mãos e afaguei-lhe o rosto molhado pelas lágrimas.
- Que foi, amor! Magoei-te?
- Não. Foi bom.
- Então, porque choras?
- Eu estava com saudade. Havia muito tempo que não me querias.
- Eu quero-te todos os dias. Tu não tens estado bem e rejeitavas os meus carinhos.
- Amanhã eu vou ao psicólogo.
- Vais. Eu vou contigo. Quero estar contigo nos bons e maus momentos. Tu sendo psicóloga vais superar rápido.
- Achas?
- Tenho a certeza disse colando os meus lábios nos dela.
A Ju começou a fazer terapia. Não tem sido fácil. Uns dias está muito bem mas tem dias em que se fecha. Nesses dias tento que ela esteja relaxada e não se irrite.
Em dois meses iniciei a actividade da clínica e estava no caminho certo.
Todos os dias fazia questão de almoçar com as minhas princesas até porque a nossa casa nem fica muito longe.
A casa da instituição que a Ju queria estava pronta.
Uma casa com 20 quartos duplos e banheiro incluído no primeiro andar.
No rés do chão uma enorme sala de jantar e sala de estar assim como uma cozinha moderna e bem equipada. Havia neste piso mais 2 banheiros.Num anexo à casa as salas de música, dança e outras artes e ginásio. No exterior, campos de jogos e piscina que por hora é aberta mas pretendemos fechar. Um grande jardim rodeava a casa e lá mais afastado antes da mata ficava a horta e um pequeno pomar.
Gostaríamos de ter 2 ou 3 cavalos mas não temos espaço pois não queremos derrubar nenhuma àrvore. Queremos que as crianças tenham conforto mas que convivam com a natureza.
A Sofia ia completar 1 ano. Ainda não tínhamos conversado sobre isso.
- Ju, amor! O que vamos fazer no primeiro ano da Sofia? Sentes que podemos fazer uma festa?
- Não sei bem. Eu acho que estou bem, mas, festa? Com muita gente?
- Amor, fazemos só o que estiveres à vontade e se não quiseres comemoramos só nós ou com as avós.
- É. Mas a nossa bébé merece uma festa. Só que eu não sei se sou capaz de organizar.
- Fazemos os dois. Primeiro decidimos quantas pessoas e depois onde.
- Eu não quero muitos adultos. É festa para criança então tem que ter crianças.
- Óptimo. E onde? Eu tenho uma sugestão.
- Fazemos a festa e a inauguração da casa de acolhimento. Por falar nisso, tens que pensar no nome que vais dar à associação.
Convidamos crianças aleatórias e fazemos a divulgação.A Ju ficou animada com a sugestão.
Na cidade havia um pequeno orfanato. Reuni-me com a directora e expus os objectivos da associação. Ela deu-me todo o seu apoio pois diz que a capacidade do orfanato não comporta todos os pedidos de lista de espera. Aproveitei e convidei todos para a inauguração e festa da Sofia.
Convidei alguns ilustres e políticos da cidade pois estas associações precisam de muita ajuda. Qualquer parceria ou ajuda só contribui para aumentar o bem estar das crianças.
A Ju conseguiu com ajuda da mãe dela e da minha tratar da decoração e buffet da festa. O bolo estava a coisa mais linda.
O tema era de princesa da Disney.
Na entrada havia vários acessórios relativos ao tema para as crianças usarem. Tiaras, coroas, capas, varinhas, ceptos, sapatinhos a imitar cristal, algumas cabeleiras e um sem fim de outras coisas.
A festa era para crianças, então tudo era de criança. Os adultos estavam ali com o propósito de consciencialização para o problema das crianças órfãs.
A Sofia estava uma princesa autêntica. Vestida de azul com uma tiara lindíssima. Olhava tudo com atenção. Até parecia que estava a perceber alguma coisa.
Ouvimos os elogios dos homens do poder e do dinheiro e a promessa de se tornarem sócios e benfeitores da associação.
A imprensa estava presente e prometeram uma boa divulgação.Por fim a festa terminou. As crianças estavam maravilhadas. À saída havia sacos com presentes e doces para todos.
A Ju estava radiante nesse dia. Nem parecia que tinha passado por aquele turbilhão.
Estava ansiosa para pôr a instituição a funcionar.Começamos a aceitar a inscrição de sócios on-line. A divulgação feita pela imprensa tinha sido bem sucedida. Ah! Já me esquecia de dizer que a Ju escolheu o nome da Instituição.
~~~ O NOSSO FUTURO ~~~
Casa de Acolhimento para orfãosComeça hoje uma nova etapa na minha vida e na da Ju. Seremos sócios na clínica, na associação mas principalmente na nossa vida.
Acabámos de sair do Cartório. Neste momento somos o sr e a sra Albuquerque.
Casámos pelo registo tendo as nossas mães e a nossa filha como testemunhas.
O casamento religioso combinámos fazer mais tarde pois queremos a nossa menina a entrar com as alianças.Fizemos apenas um almoço íntimo num restaurante conhecido. Eu ofereci à Ju um lindo colar de pérolas e ela deu-me uma jóia rara.
- Amor! Toma, diz a Ju entregando uma pequena caixa.
Abri e logo os meus olhos ficaram cheios de lágrimas.
No interior da tampa da caixa estava escrito:
- papai, estou chegando.Um teste de sangue, uma pulseira e dois sapatinhos de lã completavam o presente.
As avós choravam e a Sofia também por vê-las chorar.
- Beijei a minha esposa comovido por tamanho presente.
- Obrigado. Nada me faria mais feliz do que ser pai novamente. Amo-te tanto.
- E eu muito mais. Obrigada por nunca desistires de mim.