Capítulo 74

91 6 0
                                    


"Andy, eu precisei ir para o trabalho, mas se você precisar de mim, estarei atento ao celular para conversarmos. Tente descansar e pense no que eu te falei. Eu te amo."

Poucas horas depois de Robert ter saído, Andy acordou e viu seu recado. Ela sorriu ao ler cada palavra. Ela ficou pensando em como algum dia ela pensou em não ter uma família maior com um parceiro como ele. Como ele sempre demonstrou que seria seu lugar seguro e ainda assim ela se sentiu insegura com a possibilidade de ser mãe do fruto desse amor. Ela então começou a pensar que ele poderia estar certo. Não procurar ajuda seria repetir os erros da mãe. Seus medos e sentimentos estavam em um conflito interno que sozinha ela não conseguiria compreender. Mas ao mesmo tempo em que ela aceitava a necessidade de uma terapia, ela não gostava da ideia. Ela não se sentia confortável com a possibilidade de conversar com uma pessoa estranha sobre seus sentimentos. E enquanto ela pensava, a imagem de Elena vinha a todo instante em sua mente. Involuntariamente, ela pegou o telefone e se viu ligando para a mãe.

Em Nova Iorque, Elena se assustou ao ver o nome da filha na tela do celular. Desde que Andy foi à Nova Iorque, elas não se falaram mais. Pruit havia lhe atualizado sobre a conversa que teve com Andy, mas a própria filha ainda não havia feito mais nenhum contato. Naquele momento, o coração de Elena apertou. Seus pensamentos diziam que, para Andy estar ligando, era sinal de que algo importante pudesse estar acontecendo. Então, rapidamente ela atendeu a filha com voz preocupada:

Elena: Andrea? Está tudo bem?

Andy: Hum... sim... estou bem... eu só...

Andy nem mesmo sabia ao certo o que queria dizer para a mãe, mas ela sentia que ela precisava de Elena, então, ela foi direto ao ponto:

Andy: Você disse que fez terapia. Você disse que foi isso que te ajudou a sair da depressão...

Elena: Sim. Eu fiz terapia e ainda faço. Andy, você está em depressão?

Andy: Não. Eu só... bem, eu não consigo organizar meus sentimentos. Eu quero muito te perdoar e não consigo. Eu quero ser mãe e tenho medo de repetir os seus erros. Eu tenho um marido incrível me apoiando, mas você também tinha e ainda assim ele não notou sua depressão. Eu amo a minha profissão, mas eu também amo a ideia de ter uma família maior, mas eu não sei se sou capaz de ser uma boa capitã e uma boa mãe. Eu não sei o que devo fazer.

Depois de dizer tudo isso em rápidas palavras, Andy começou a chorar. Como ela poderia estar tão confusa? Justo ela que sempre foi destemida. Justo ela que, desde pequena, sempre soube o que queria e quando queria.

Ouvindo o choro baixo da filha, o coração de Elena partiu. Ela desejava estar perto e poder ao menos nesse instante dar aconchego para Andy.

Elena: Oh Andrea! Eu sinto muito por ter te deixado com tantos traumas. Eu preciso te ajudar de alguma forma para poder reparar um pouco das dores que eu te causei.

Andy ficou em silêncio ouvindo a mãe.

Elena: Andrea, ouça meu conselho, não como sua mãe, porque eu sei que eu perdi esse direito, mas sim como uma mulher que enfrentou as dores da depressão. Faça terapia desde já. Não deixe as coisas se agravarem para buscar ajuda.

Andy enxugou as lágrimas e observando o jeito doce como Elena lhe dava conselho, ela sentiu vontade de ter a mãe por perto. De ter de volta no seu dia a dia o colo de mãe. Então, ela disse:

Andy: Eu queria ter o seu abraço agora.

Elena: Se você me permitir, eu irei para Seattle. Eu irei estar ao seu lado. Eu irei te dar todos os abraços que for preciso.

De uma noite para vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora