Desemparo

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"Você estragou tudo.

Ele nos odeia.

Você o machucou bastante.

Por que não contou a verdade?

Por que deixou nosso alfa no escuro?

Por que deixou ele ir embora?"

O ar dos meus pulmões tinham-se prendido ao ouvir os choramingos do meu ômega interno. Meus olhos ardiam devido as lágrimas que desistiram de ficarem presas e caíram em meu rosto, meu olhar ainda divagava a direção que Bakugou sumira, cansado de me esperar, cansado de não saber quase nada sobre mim. Cansado de tentar me ajudar quando eu sequer tentei algo para seu esforço ser válido.

Sei como era muito injusto não saber o outro lado da moeda. E por não contar, sinto que o perdi, talvez até mesmo para sempre.

" Alfa. Foi embora."

Involuntariamente, encontro-me no interior do seu carro, no mesmo banco que me deixou, seu volante consolava meu choro convulsivo, e seus vidros fechados abafaram meus gritos de angústia e ira de mim mesmo. O quão dolorido era guardar este sentimento em meu peito? O quão difícil era encarar os seus olhos e dizer o que me assombrava?

E se você soubesse, me deixaria novamente?

- MERDA!- meu punho fechado foi ao encontro do meio do volante, e de resultado meu corpo se assusta com o som estridente da buzina. Fazendo-me grunhir ao bater a cabeça brutalmente no banco.
- Eu te odeio.... EU TE ODEIO, KATSUKI BAKUGOU!-

Meu peito dói aos gritos e a única coisa que conseguia fazer era murmurar e chorar como nunca tinha feito antes. Algo dentro de mim estava sangrando e fazia com que todo o meu corpo se contorcer-se de dor. Meu peito apertava em cada respiração e pude jurar, se eu ficasse por muito mais tempo neste carro desmaiaria por falta de ar, meu dedos dedilhavam a porta na procura da trinca, e com a visão embasada sinto tudo rodear, por pouco, sinto a porta se abrir com meu pouco esforço, sai rapidamente do carro sentindo o frescor fraco do ar me atingir.

Aos pouco meus sentidos se organizava graças a respiração lenta.

- Kiribaby!

Ouço a voz animada de Mina se aproximando, e como gatilho senti minhas lágrimas se derramarem fortemente, iguais cascata. Não foi preciso para virar em sua direção pra receber seu abraço.

- Nossa Eiji, você está tão mau. - ela murmura, ainda me permitindo de usá-la de consolo. - Desse jeito nem vai prestar atenção nas aulas. - ela ri baixo, dando-me tapinhas fracas em minhas costas, pude sentir ela segurar algo pleno e um pouco pesado para ser um objeto de plástico, e segundos depois pude sentir-lo vibrar com o barulho de uma nova notificação de mensagem.

Me distancio um pouco dela para encontrar com o seu olhar, Mina sorri levando sua destra até meu rosto limpando as lágrimas que enxistiam em cair do meu rosto.

- vai ficar tudo bem, hm?- sorrio fraco negando.

- está aqui por causa dele, não é?- suspiro fraco ao perceber seu olhar sobresaltar. Mina nega desligando o celular e guardando em seu bolso, com um sorriso opaco.

Não foi difícil souber que ele mandaria Mina ao me encontro, até porque quando ela se aproximou devidamente de mim foi pelo seu pedido. No momento que soube eu fiquei muito bravo, mas também triste ao pensar que era por pena que eu tinha conquistado sua amizade. Contudo, com os dias Mina tinha me mostrado ao contrário do meu pensamento. Ela demostrava que eu poderia confiar nela, que eu podia contar com sua presença. E que sua amizade, era mais do que verdadeira.

Muito mais do que um ômegaOnde histórias criam vida. Descubra agora