Surto

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"- Os resultados são mais sensíveis do que tínhamos imaginado!"- a voz serena e calma do médico responsável me fez engolir em seco. Eu estava nervoso do que viria pela frente.

Seus olhos afiados igualmente a uma águia constata cada linha dos exames, enquanto eu sentia o suor escorrer em minhas costas do tamanho nervosismo que possuiu o meu corpo desde que cheguei aqui.

Minha mente estava em um turbilhão de coisas que aconteceram e que não tinham acontecido. Eu estava com medo e angustiado do que tinha feito.

Não que eu esteja arrependido. Eu não estava nem um pouco arrependido.

Não tinha sequer como ter arrependimentos, até porque se eu não o tivesse marcado naquele momento, Kirishima não resistiria aos procedimentos médicos depois daquele ocorrido. E ele não estaria vivo agora.

Entretanto, seus sentimentos eram fortes e pesados. Nossa ligação foi de um jeito brusco, e mesmo que seja temporária eu conseguia sentir perfeitamente tudo o que ele sentia. Eu consigo sentir o seu desconforto e medo, mesmo que ele ainda esteja adormecido. Eu consigo sentir sua ômega inquieta e amedrontada de algo que não tinha acontecido, e eu também sentia esse tal medo. Era como se sabíamos o que estava por vim. E ela, não era por palavras de um médico.

"- Senhor, Bakugou. Foi uma decisão sábia e precisa. Você o salvou! "- Não. Eu gostaria que tivéssemos tido outra opção do que essa.

Eu grunhi com o pensamento. E o meu alfa repreendeu-me aborrecido. Não tinha mais nada que eu pudesse ter feito naquela hora.

" Para de se lamentar. E assuma os seus atos!"- seu rosnado foi mais rouco e grave do que eu tinha imaginado, meu peito vibrou com a sua ira e os meus lábios abriram-se para expulsar o meu suspiro, cansado. O meu alfa tinha razão desta vez!

Eu tinha que arrumar a bagunça que fiz e que no caminho, levou-nos até esta situação.

"- Eu queria que tivesse outro jeito."- bufei diante daquela frase, o que fez o alfa a minha frente colocar a ficha sobre a mesma e me lançar um olhar afiado. Sei que hoje, eu não passaria daqui.

"- Sabe do que estamos falando?"- sua pergunta me deixou calado e sem respostas. Sim, eu sabia do que estávamos falando.

"- Estamos falando de uma irresponsabilidade de uso ao inabidores, senhor Bakugou!- seu tom saiu como um rosnado do que uma advertência. Era claro que ele estava com raiva. Afinal, estamos falando de um menor de idade, e só tem eu aqui pra receber os sermões.

"- Ele poderia ter morrido naquele campo!"

Sua frase não me atingiu. Até porque eu sabia disso quando estava lá.

Eu nunca tinha sentido tanto medo quanto ao dia que meu pai faleceu. E ontem foi a primeira vez que senti depois daquele dia.

Eu tive medo de perder kirishima!

"Tive medo de perder o ômega que nasceu para ser meu companheiro."

"- Bom, por outro lado. Você e o seu colega pensaram rápido e fizeram o que estavam em suas mãos."- seu sorriso era de alívio, o que me fez ficar mais calmo do que olhei ao seu rosto pela primeira vez.

"- Ele ficará bem?"

"- Ficará bem sim. E se ter os melhores cuidados ficará mais ainda!"- meu lobo alegrou-se diante da notícia.

"- Por tanto, gostaria que me responder-se algumas perguntas."- seu tom ficou novamente sério, o que logo me deixou angustiado. Foi nestas horas que lembrei que não gosto de consultas e muito menos de hospitais.

Muito mais do que um ômegaOnde histórias criam vida. Descubra agora