Ruínas

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Angústia, medo, raiva e muito mais reinava em seu coração. Os lábios reprimidos continham várias perguntas e resmungos que ele fazia questão de guardar o mais fundo que ele podia. Os olhos vermelhos já não tinham o mesmo brilho que começou a terem quando realmente tinham entendido o real motivo dos seus sonhos. Bakugou estava sentindo-se vazio, sombrio.

Era como se o motivo da sua felicidade tivesse se esvaziado e escapado dos seus dedos. Ele sequer tinha conseguido fechar a mão a tempo.

Seu alfa estranhou aquele que tinha nascido para ser seu, os olhos rubis que ele aprendera a admirar estavam opacos, sem vida e totalmente distantes. O calor que emanava de seu corpo sequer aquecia o lúpus que lhe olhava a cinco passos de longe, sua presença era totalmente insignificante para seus instintos. Mas totalmente doloroso para seus sentimentos.

Kirishima ainda tentava processar o que sentia, sua falha amargava o seu ego. E seu coração estava despedaçado com o deparar da sua realidade. Seu peito doeu ao puxar o ar com as memórias invasivas do ocorrido, sua cabeça até ficou pesada e dolorida ao constatar com cada cena que aconteceu naquela noite. Tal, que ele gostaria que parassem rapidamente. Em seus olhos, lágrimas se formavam involuntariamente ao constatar o lúpus encostado na patente da porta, seus braços cruzados contra o peito mostravam o quanto ele estava desconfortável em sua presença, em seu pescoço adesivos bloqueadoras de feromônios eram visíveis ao seus olhos o que fez seu coração atropelar a cardiograma do normal. Um suspiro de dor escapou quando pôs-se a se recompor, sentando-se direito na cama. Não gostando nadinha com o sinal de rejeição não verbal do companheiro.

Seus lábios tremeram antes de se pronunciarem. Por tanto, Katsuki o interrompeu.

- Estou indo de viagem. - os olhos do ômega se arregalaram com a notícia inesperada.

- Agora?- ele chia, suspirando pesadamente ao sentir o corpo todo doer com a má desposição. Afinal, tinha ficado quase dois dias inteiro adormecido. A falta de comida o estava deixando sem jeito. - por quê?- foi a única coisa que conseguiu perguntar, sua mente ficará lenta assim como todo o resto do seu sistema.

Katsuki franziu o cenho, fechando os olhos fortemente antes de responder.

- Porque não estou conseguindo...ficar perto de você. - os olhos que sempre aparentava ódio e pouca paciência demonstravam o quanto o seu coração estava despedaçado. Seu peito vibrou ao avistar os olhos vermelhos do mais novo transbordavam lágrimas pesadas e incontroláveis. E ele sequer não conseguia mexer o corpo para acalentá-lo como de costume.

Kirishima gunhiu baixinho, se encolhendo abraçando os próprios joelhos, deitando a face sobre elas para fugir dos olhos de Bakugou. Algo estava sangrando dentro de si; algo tinha furado e isso era doloroso demais. Era tão avastadora a dor que sentia que era impossível segurar o choro alto que escapava de seus lábios. Seu corpo se arrepiou com o próprio som esganado que saia da sua garganta.

- Kats!- seu soluço foi quebrantado demais pra fazer o lúpus suspirar baixinho era quase se o mesmo conter-se o próprio choro preso na garganta. - me desculpe, por favor me culpe...- sua garganta embolou e seu soluço mais uma vez ecoou no quarto. Kirishima chiou impedindo-se de gaguejar quando a voz demonstrava resquícios de falha. - me desculpe, por ser fraco. Eu... Estraguei tudo!- sua última frase sairá alta por ter levantado a cabeça e encontrado com a figura loira na porta.

Katsuki ficará silencioso com a confissão, seus olhos prenderá com o nada da cor cinza do chão do seu quarto, seu corpo tremeu ao levantar o olhar e constatar a face chorona do ex-companheiro.

- Não foi por ser fraco que você estragou tudo.- o timbre embargado demonstrava o quão na beirada ele estava. Aquilo estava o matando aos poucos. Não conseguir ligar suas razões com seus instintos estava o deixando apavorado por dentro. Céus, só ele sabia quantas vezes tinha se derramado em lágrimas durante estes dois dias. - foi por me ordenar a ficar, Ei. - o peso das escolhas do ômega nunca foram tão pesadas quanto agora.

Muito mais do que um ômegaOnde histórias criam vida. Descubra agora