04. Vamos ao desfile.

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Amanheci com Luke falando no telefone de um jeito muito animado com alguém. Eu me levantei sentindo minha cabeça doendo por ter dormido tão tarde e agora estar de pé para ir a escola.

Eram seis e quarenta da manhã e eu me perguntava porque Luke estava tão animado ao telefone. E o porquê ele não estava em sua casa e sempre insistia em dormir aqui ainda.

— Não, tia. O nosso casamento é só em junho, mas eu já enviei o convite pelo correio para vocês. Meu pai disse que vocês conseguiriam vir e pode trazer a Kate também, tenho certeza que ela vai adorar fazer amizade com a Luna. — Arqueei minha sobrancelha, passando pelo menino e notando sua pressa em arrumar as coisas para o trabalho.

Luke agora trabalhava o dia inteiro. Marcava sessões fotográficas pela manhã com o seu próprio negócio e ainda trabalhava pela tarde na empresa do senhor Monroe, o ex chefe de Hannah.

— Quem é Kate? — Perguntei, assim que ele encerrou a ligação com uma rápida despedida.

— Kate é minha prima que tem mais ou menos a sua idade. Ela mora no Canadá. Acho que você vai adorar ela.  — Ele veio em minha direção e me deu um abraço tão apertado que abri um sorriso. — Como você está? Dormiu bem? Parece cansada com essas olheiras aí. — Apertou as minhas bochechas.

— Dormi um pouco tarde, estava estudando. — Desviei os meus olhos do menino e fui em direção a geladeira em busca de alimento. Peguei uma jarra de suco e notei um bolo em cima da mesa.

— Entendi... — Ele me fitou por mais alguns minutos. — Você tá estranha.

— Você é estranho e eu não falo nada. — Apontei o homem que arregalou os olhos com a resposta.

— Acho que alguém não acordou bem. — Abriu um leve sorriso e tomou um dos pedaços de bolo do meu prato. — Tenha um bom dia, maninha.

Revirei meus olhos, lutando para não rir da cara de bobo que ele fez.

Fui para o meu quarto, encarando o espelho assim que passei pela porta do meu banheiro para tomar banho. Meu semblante cansado era notório. Então, decidi que o melhor seria passar uma maquiagem no rosto para esconder todo aquele cansaço.

Tomei um banho, coloquei o uniforme, baguncei um pouco o cabelo e joguei a maquiagem no rosto, pronta para ir ao colégio.

(...)

Cheguei na escola por volta das sete e vinte da manhã, vendo Aurora sentada em um dos bancos do pátio. Segundo ela, aquele era seu local favorito do colégio pois ali havia uma árvore que formava uma sombra imensa que cobria todo o banco.

— Bom dia, Aurora. — Me sentei no banco, notando que ela deixou suas anotações de lado e me encarou com um sorriso.

Aurora era simplesmente linda. Seus cabelos batiam até a cintura e possuía um tom lindo de mel, os cachos naturais na ponta o deixa ainda mais belo. Seu sorriso era angelical e os seus olhos, com o mesmo tom dos cabelos. Era adorável.

Aurora sempre sofreu com falta de amizade. Algumas pessoas a acusavam dizendo que ela era muito metida ou egocêntrica, tudo porque é bonita. Mas não sabem o ser humano incrível que ela é.

— Bom dia, Luna. — Falou com o seu tom de voz calmo. — Achei que não viria. Estava preocupada já, pois acho que umas cinco pessoas passaram me encarando de um jeito assustador. — Ela riu um pouco da sua situação, me fazendo rir.

— Não liga para eles não. Isso é inveja minha querida. Venha, vamos desfilar no meio dos invejosos. — A observei enquanto ela guardava suas coisas em meio as risadas.

— Vamos ao desfile. — Declarou, entrelaçando seu braço com o meu. Começamos a andar igual a duas doidas pelo pátio, saltitando e mandando beijos ao vento.

Ao longe, notei Henry com alguns de seus amigos nos observando. Ele mantinha um semblante sério, até que seus olhos encontraram os meus, o que o fez sorrir.

Eu ainda pensava sobre nossa briga de ontem. Talvez eu tenha agido por impulso e não deveria ter o mandado embora. Por que simplesmente não continuei nossa conversa até o assunto ser resolvido? Essa fase de desentendimentos têm machucado os dois, e parece que nenhum dos dois tem feito nada para não machucar.

— Não vai falar com Henry? — Aurora perguntou assim que entramos na sala de aula. Até ela notou o clima esquisito que estava entre nós.

Henry sorria ao me ver, mas parecia mais um sorriso forçado. Um sorriso que praticamente dizia "sorria também, para ninguém achar que algo está acontecendo". Talvez o fato dele querer manter a sua aparência para os amigos, me irritava. Mas quem sou eu para julga-lo? Eu vivia de aparências.

— Ele está com os amigos agora, mais tarde nos falamos. — Sorri, me sentando na fileira da frente.

As aulas se passaram e eu tentava com todas as forças me concentrar. Mas a minha cabeça a todo tempo insistia em voltar a pensar em Henry. O que eu poderia fazer para acabar com aquelas brigas? Será que estava sendo imatura demais em querer proibir algo que ele gosta tanto? Ele é sociável, tem pessoas que finalmente o entendem e só eu sei o quanto isso foi difícil para ele.

Henry só tinha a mim, para falar sobre tudo. As vezes ele queria fazer coisas comigo, que talvez um amigo se encaixaria melhor. Falar sobre situações, que um amigo entenderia melhor. E eu me lembro do quanto agradeci por ele ter feito amigos.

Mas agora parece que eu me tornei menos importante. Que sua vida social é mais importante que o seu relacionamento comigo.

Mas e se talvez eu é que estivesse sendo egoísta? E não esteja entendo essa nova fase dele? É claro que ele me ama e me quer por perto. É claro que eu sou importante ainda em sua vida. Se não fosse, ele nem teria tentando resolver as coisas ontem.

Talvez eu devia um pedido de desculpas por não ser tão compreensiva e achar que sou a única certa na situação.

Quando Aurora se despediu, o aguardei em frente aos portões do colégio. Mas ele não desceu.

Como alguns minutos se passaram e eu precisava correr para o curso, resolvi ir atrás dele antes que ficasse tarde.

Mas algo chamou minha atenção.

Duas pessoas desciam as escadas conversando animadamente sobre algo.

Era Henry... ao lado de Grace. A menina que já deixou bem claro que estava disposta a se tornar a nova namorada dele. Tomando assim, o meu lugar.

O Amor NÃO Pode Curar IIOnde histórias criam vida. Descubra agora