10. Você vem comigo.

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— Não gosto dos seus amigos e acho uma influência ruim para sua vida. — Acho que aquele foi o último tópico para encerrar a conversa.

— Tudo bem. — Suspirou. — O que posso fazer para melhorar?

— Eu diria para você parar de falar com todo mundo, isso já resolveria parte do problema. — Falei vendo que o menino ficou sem reação. — Eu tô brincando! — Ele começou a rir, um pouco nervoso. — Eu acho que você pode sim falar com a escola inteira miss simpatia, mas poderia evitar dar atenção para as bonitonas que querem você. — Ele concordou com a cabeça. — Você poderia evitar as festas um pouco. Esses lugares são lotados de bebidas, drogas e pessoas cheias de segundas intenções.

— E se você fosse a elas comigo? — Ele sugeriu, me deixando um pouco surpresa. — Olha, eu acho que você poderia mudar algumas coisas também. Sua impaciência, o fato de você não conversar com frequência sobre o que está te machucando e só dizer quando explode, o quanto as vezes é ciumenta e mandona, ou então o fato de me olhar de cara feia ao invés de conversar.

— Então eu sou a errada agora? — Levei a mão ao peito.

— Você não é completamente certa. — Fiz um bico, pensando um pouco sobre as minhas atitudes.

— Tudo bem. — Concordei. — Vou melhorar. — Ele abriu um meio sorriso.

— E sobre as festas e os jogos?

— Vou somente em alguns. — O encarei. — Você sabe que não gosto muito dessas coisas.

— Eu aceito esse acordo. Só vou quando você for, pode ser? — Eu sorri.

— Não precisa ser assim também. Vou parecer uma namorada tóxica que não te deixa ir em lugar nenhum sozinho. — Ele balançou os ombros.

— Eu gosto da minha namorada tóxica. — Dei um tapa em seu ombro, ainda rindo. — Eu acho que você deveria conversar com alguns dos meus amigos também, seria bom para você conhecê-los.

— Ok... — Eu não estava totalmente de acordo, mas talvez seria bom.

— Acho que agora vamos superar esse momento difícil. — O menino passou o seu braço pelo meu pescoço, me puxando para mais perto dele.

— Vamos sim. — Sorri, depositando um beijo no canto de seus lábios. Henry se aproximou um pouco mais de meu rosto e me beijou. Um beijo em meio aos sorrisos. Eu me sentia bem por finalmente falar tudo aquilo que me incomodava de uma vez, e dessa vez, eu acreditava na mudança de ambos os lados.

Porque os dois queriam ficar juntos.

— E aquele vestido? Poderia colocá-lo de novo? — Afastei o seu rosto assim que ele interrompeu o beijo para falar aquilo.

— Seu chato! — Declarei em meio as risadas.

— É brincadeira, minha linda. — Me observou mais um pouco, antes de unir os nossos lábios novamente.

(...)

Acordei sentindo um olhar sobre mim, e quando abro os olhos, pude ver Henry me observando como um maníaco.

— Que susto! — Me levantei, dando com a minha testa na dele. — Ai! Meu Deus.

— Ai, amor! Pra que isso? — Ele esfregava a testa tentando aliviar a dor. — Sua bruta.

— Você que fica me olhando igual a um maluco! — Debati, me levantando da cama e vendo que Bob nem se levantou, apenas olhava para nós dois. — Acho que ele deve estar doente. Vamos levá-lo em um veterinário?

— Vamos sim. — Henry se espreguiçou. — Depois do seu curso a gente passa aqui e leva ele. Fica tranquila. — O menino se levantou e veio até mim, me abraçando por trás. — Deve ser apenas um mal estar.

— Tudo bem. — Observei Bob, sentindo o meu coração apertado.

(...)

— Você vai na feira de profissões? — Perguntei a Henry assim que pisamos na escola. Antes de chegar no colégio, passamos na casa dele para que pudesse trocar de roupa e vimos Luke e Hannah prontos para ir ao trabalho, felizes por termos nos entendido.

— Vou sim. Acho uma boa forma de decidir se realmente quero ser animador. Mas acho que não existe nada de que eu goste mais. — Henry sempre gostou muito de filmes animados, animes e desenhos. E lembro que nossa amizade de infância se iniciou por conta de um anime: Naruto. Além do amor pelas animações, ele também é um ótimo desenhista e faz até um curso para se aperfeiçoar nisso. Não duvido nada de que vai se tornar um ótimo profissional.

O problema mesmo é que ele não luta por isso. Ele quer, mas só faz o básico para alcançar. E me irrita o fato de que mesmo fazendo o básico, ele é incrivelmente bom no que faz. Mostrando assim que o amor pela profissão, faz com que você seja bom e faça com mais perfeição.

Talvez seja por isso que eu não seja tão boa em enfermagem. Isso não faz o meu coração palpitar de felicidade. Mas acontece que eu tenho muito pouco tempo e preciso me decidir. Talvez a feira seja uma forma de abrir os meus olhos para o que gosto.

— E você já está decidida sobre a sua profissão, não é? — Perguntou, observando algumas flores da entrada da escola. — Você parece se dedicar tanto ao seu curso.

— Sim, sim... — Respondi quase de imediato. — Acho que quero isso mesmo... mas a feira não é uma má ideia, certo?

— De forma alguma. — Henry puxou uma das flores e segurou o pendúculo, estendendo-a para mim. — Para você ter um bom dia, minha flor. — Ele falou a última frase de uma forma tão brega, que eu comecei a rir.

— Seu bobo! — Peguei a flor de sua mão, depositando um beijo em sua bochecha. — Vou encontrar Aurora, daqui a pouco te vejo.

— Não, não, não. — Ele puxou a minha mão, fazendo o meu corpo se chocar contra o dele. — Você vem comigo. — Me encarou de um jeito malicioso.

— Para de ser assim! — Coloquei a palma de minha mão aberta em seu rosto, o afastando.

— Ficou com vergonha, né! — Ele ainda tinha o sorrisinho malicioso, e tentava me beijar enquanto eu me debatia contra seus toques. — Vem, vamos falar com os meus amigos. Daqui a pouco você encontra Aurora.

— Não, calma! Aurora tem fobia social! Se eu não estiver com ela, acho que infarta! — Ele me puxava enquanto eu tentava ir na direção oposta.

— Ali ela. — Apontou para seu bando de amigos e próximo à eles, Aurora estava sentada lendo mais um de seus livros. — Vamos quebrar hoje essa fobia social que ela tem.

O Amor NÃO Pode Curar IIOnde histórias criam vida. Descubra agora