Eu podia ver Luke se derramando em lágrimas enquanto Hannah possuía um sorriso deslumbrante nos lábios. Passei o microfone para Henry que estava ao meu lado, prosseguindo com a homenagem.
Nossos dedos se tocaram assim que ele tocou a ponta do microfone, sua mão praticamente embrulhava a minha de tão grande. Eu retirei a minha mão assim que tive a certeza de que ele segurou, me virei para o outro lado e sorri, ouvindo as palavras começarem a sair de sua boca.
— Boa noite. — Eu não precisei olha-lo para saber que estava sorrindo. — Hoje é um dia de muita felicidade. Não só para eles mas para todos nós que acompanhamos esse casal desde o início. Eu gostaria primeiramente de te agradecer Luke. — Luke sorriu, com os olhos cheios de lágrimas. — Porque eu sei o bem que você faz a ela. Eu sei o namorado incrível que você foi nesses anos e tenho a total certeza de que será um ótimo esposo. Eu sei que minha irmã está segura em suas mãos. — O homem precisou levar um lenço aos olhos, porque estava descontrolado. — Vocês são um exemplo lindo de amor, superação, compreensão... vocês lutam por esse amor. Ambos sempre se apoiando, dando suporte e estando ali nos momentos de maior aflição... — Dessa vez eu reparei Hannah. Ela também levava um lenço aos olhos. — Eu desejo que sejam muito felizes. — E assim, as palmas foram ouvidas no ambiente. E Henry passou o microfone para o lado.
(...)
A festa estava encaminhando para o fim. Passamos uma noite incrível, repleta de risadas e todos pareciam muito felizes, inclusive os noivos.
Era um passo enorme que eles estavam dando. Agora sim, oficialmente casados para o resto de suas vidas. Como sempre sonharam.
Eu me sentei no gramado do salão enquanto aguardava a minha família sair. Estava cansada e um pouco pensativa demais. Minha cabeça não conseguia focar em outras coisas que não fossem os meus problemas.
Me esforcei muito para que ninguém notasse o quanto aérea eu estava. E agora que me sentei sozinha, me permiti pensar um pouco em minha situação. Me permitindo, até mesmo, chorar. Eu realmente estava exausta.
Senti alguém se aproximar e se sentar ao meu lado. Passei os dedos em meus olhos limpando aquelas lágrimas, evitando olhar para seja lá quem fosse.
— É... — Sua voz soou no ambiente, me dando a certeza de que quem estava sentado ali, era Henry.
Ergui o meu olhar até ele, e notei um menino já desarrumado. Sem o seu terno e somente com a camisa social. Ele me encarou por alguns segundos e depois voltou o seu olhar para frente, enquanto os seu cabelo balançava e se desarrumava com o ar fresco que se instalou no local. Ele havia aparado um pouco o cabelo.
— Eu não sabia como chegar até você e conversar. — Henry começou a dizer com o olhar baixo. Sua voz mais embargada do que o comum. — Não sei, dessa vez...
— Dessa vez pareceu o fim? — Completei, vendo que ele não terminou a frase. O menino apenas assentiu, evitando os meus olhos.
— É. — Declarou depois de alguns segundos.
— Me desculpa. — Pedi, após o silêncio que se instalou entre nós. — Eu te peço desculpas por tudo, Henry. Porque eu sei que errei. E errei bastante. — Puxei o ar, o soltando em seguida. — Eu me fechei completamente para você, logo a pessoa que eu deveria confiar com os olhos fechados. Tentei controlar a sua vida porque nem a minha eu conseguia controlar. — Soltei uma leve risada, sentindo meus olhos marejados. — Eu tenho uma grande parcela de culpa por todos os nossos desentendimentos. Não soube me expressar, não conversei, me isolei e não quis resolver os problemas juntos. Eu realmente sinto muito. — Henry me encarava, mas dessa vez era eu que não conseguia. Estava angustiada demais porque tudo que fiz, foi com medo de me arrepender no futuro e agora estou arrependida. Talvez se tivesse pensado menos e agido mais, as coisas estariam diferentes.
E eu não estaria sentada no gramado do casamento de meu irmão e minha cunhada, com a pessoa que eu não sei mais o que é minha, pensando no quanto estou arrependida pela forma que a tratei nesses últimos meses.
— A culpa não é somente sua. — Ele começou a dizer. — Se eu tivesse me dedicado mais... — Nossos olhos finalmente se encontraram, ambos com medo do que aconteceria depois daquilo, ambos entristecidos e arrependidos por tudo aquilo que passou.
Mas não dá para se voltar atrás e consertar os erros que no passado se encontram.
— Eu devia ter dedicado mais o meu tempo ao seu lado, devia saber quando estava triste, precisando de um abraço. Eu sabia exatamente quando você não estava bem, ainda quando éramos menores. Sabia quando precisava de mim, de um abraço, de um conselho ou simplesmente ser ouvida. E eu não entendo como deixei de reparar tanto em você. Como foquei em tantas coisas menos na pessoas que eu amo. A culpa não é sua, é nossa. É nossa porque podíamos ter feito muita coisa diferente... — Ele estava certo. — Vamos... vamos fazer o que agora? — Me perguntou, como se tivesse medo daquela pergunta. E eu também tinha.
Porque eu sabia a resposta. Ele sabia a resposta. Mesmo que tentassemos de novo, o destino seria bom com nós dois? O Canadá me aguardava e ele teria todo o seu tempo ocupado com a sua faculdade. Quem nos garante que dessa vez vai ser diferente? Que dessa vez vamos conseguir administrar o nosso relacionamento, os estudos, nossas emoções e escolhas?
— Acho que sabemos a resposta. Ela só é... — Senti como se fosse um soco em meu estômago.
— Ela só é difícil de acreditar. — Henry terminou a minha frase, abaixando sua cabeça. — Vai para o Canadá no início da semana, não é? — Concordei lentamente com a cabeça. — Entendi... e Bob? O que decidiu?
— Não posso permitir que ele sofra mais. — Aquelas palavras saíram rasgando a minha garganta, eram dolorosas demais.
— Eu concordo com você. Se precisar de mim para levá-lo no dia, sabe onde me encontrar. — Ele ergueu o seu corpo e se levantou. Com a voz ainda baixa, disse as seguintes palavras como se fossem a última vez. — Eu te amo, Luna. — Seus olhos se mantinham fixos nos meus. — E eu acredito que isso nunca vai mudar, independente de qualquer coisa. Espero que possa ser muito feliz, porque você merece. — Um leve sorriso se acendeu em seu rosto. — Mesmo que... mesmo que não seja feliz ao meu lado, eu sempre vou estar aqui desejando a sua felicidade. Porque antes de ser o seu namorado, eu era o seu melhor amigo. Vou sempre estar aqui te apoiando, mesmo que de longe... — Eu pude ver os seus olhos brilharem com as lágrimas. — Pois você é especial para mim... e sempre vai ser.
E assim, Henry seguiu em direção ao salão, sem esperar uma única palavra minha.
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O Amor NÃO Pode Curar II
RomanceLIVRO II DA DUOLOGIA "O AMOR PODE CURAR". Luna vê o relacionamento de seu irmão com a sua cunhada como um espelho. Pois Luke e Hannah sempre estiveram ali no momento mais difícil um do outro. Viveram longos anos juntos e agora finalmente iam se casa...