Luke apareceu por volta das duas da tarde, carregando um monte de bolsas cheias de equipamentos fotográficos. Ele cambaleava para os lados com o peso dos aparelho.
— Maninha! Será que pode me ajudar? — Fui em sua direção notando a cara de desespero do menino ao ver que sua câmera profissional estava quase caindo.
— Por que é que você veio para cá com isso tudo? — O perguntei, tomando algumas bolsas de sua mão e a câmera que estava a beira do precipício.
— É porque preciso da sua ajuda! — Ele sorriu quando conseguiu apoiar todas as coisas no sofá. Esticou os ombros e se espreguiçou, soltando o ar pela boca. — Não está fácil essa vida de noivo que precisa fazer hora extra para pagar o casamento. — Ele foi em direção a cozinha, em busca de algo para comer.
— Precisa da minha ajuda para que? — Fui atrás do menino que não parava de revirar a geladeira.
— Hoje é meu dia de folga na empresa. — Ele começou, dando uma longa pausa pois levou a caixinha de suco na boca, tomando um gole. — E eu estava pensando em tirar umas fotos para divulgar o meu trabalho.
— Meu Deus, até de folga você arruma alguma coisa para fazer. — Declarei e o menino sorriu.
— Já disse que eu vou casar, é muito custo você declarar que quer viver o resto da sua vida com alguém. — Ele colocou a caixinha de suco no lixo e se voltou para mim, levando as mãos na cintura. — Você vai ser minha modelo! — Declarou de uma só vez, me fazendo arregalar os olhos. — Não pode recusar. — Ele falou antes que eu pudesse me defender. — Nem fazer cara feia! Você, como a minha irmã, precisa me ajudar a ganhar dinheiro!
— Não sei Luke. — Fiz uma cara feia vendo ele cruzar os braços. — Tá bom! Você vai casar né! Tem que ganhar dinheiro para não virar morador de rua depois do casamento!
Luke abriu um sorrisão como se nem ele acreditasse que eu aceitei. Ele me explicou as suas ideias e me disse que iríamos a uma praia por volta da noite. Me pediu para ir bem arrumada, de preferência com algum tecido escuro, pois tinha umas ideias. Ele saiu depois de uns minutos porque disse que precisava comprar uma coisa. E me pediu para ir adiantando a minha parte.
(...)
Luke chegou apareceu umas sete da noite. Ele carregava mais sacolas nas mãos e eu me perguntava como conseguia carregar tantas coisas. Hannah surgiu atrás do menino, também com algumas bolsas e um pacote de biscoito em mãos.
Ela disse que veio para terminar de montar as lembranças para o casamento, com a mãe de Luke. E me disse também o quanto eu estava linda com um vestido no tom azul escuro.
A mulher sentou no sofá de um jeito largado, cansada pelo longo dia que provavelmente teve.
Luke pegou alguns equipamentos e se despediu de Hannah, me chamando para ir a praia que ele tanto queria tirar as fotos. Me disse que a sessão de fotos seria rápida e que só precisava de algumas para complementar o Instagram profissional dele.
Nem sabia que ele tinha isso.
Luke ligou o carro e seguiu a estrada, com os olhos revezando entre o seu celular e o volante.
— Luke! Será que você pode focar na direção? — Me irritei ao ver que ele não desligava aquele celular de jeito nenhum.
— Calma! Minha noiva está me perguntando qual cor de florzinha combina melhor para a lembrança. — Ele abriu um sorriso debochado para mim.
— Vocês são muito bregas, meu Deus! — Declarei, rindo da situação.
Quando nos aproximamos do lugar, já pude sentir o cheiro da maresia. As ondas do mar estavam tão calmas com um barulho suave no ambiente. Respirei fundo sentindo o ar puro entrando em meus pulmões. Eu adorava ambientes assim. Ambientes em que ficamos em total contato com a natureza.
Olhei para o céu que estava completamente estrelado. A lua minguante brilhava mostrando a sua total beleza, e eu admirava aquilo tudo sentindo a brisa fresca batendo em meu rosto.
Luke estacionou o carro e caminhamos pela areia fria em busca de um lugar ideal para as fotografias. Ele escolheu um próximo ao mar que segundo ele, a iluminação dali estava perfeita.
O homem estendeu uma manta branca na areia e me pediu para sentar. Ele se agaichou em minha frente e sorriu, tirando uma caixinha com embrulho de papel.
— Um presentinho por ter aceitado essa missão. — Eu peguei o pacote com várias bolinhas coloridas e sorri para o meu irmão. Ele levantou e continuou ajeitando as luzes e posicionando os softbox.
Abri o pacote notando ser um colar. O pingente do cordão era uma lua na sua fase minguante e um pequeno bilhete estava por baixo dele. O bilhete era de um papel brilhoso e a capa continha as fases da lua.
Quando abri, a seguinte frase estava escrito: "Luna, você conhece o significado do seu nome? O seu nome tem origem do Latim e significa literalmente "lua". Sim, como a lua que toda noite ilumina aquele extenso céu escuro. Por mais que ela não possua o seu brilho natural, o brilho que ela exala através do sol é capaz de nos fazer suspirar com tamanha beleza. E assim é você. Talvez ter alguns sóis que te incentivem a brilhar de vez em quando, não faz mal algum. O seu brilho fica mais bonito quando a causa dele, são as pessoas que você quer por perto.
Com amor, Luke."Eu encarei o pingente abrindo um sorriso. Era incrível como esse bobão que eu tenho como irmão, conseguia tocar o seu coração com as palavras. Luke sempre foi bom usando elas.
Tirei o cordão da caixinha e o passei pelo o meu pescoço. Observei o pingente já pendurado e o segurei, intercalando o meu olhar para o pingente lua minguante e a lua minguante no céu.
Luke começou a tirar as fotos ainda quando eu estava distraída observando todo aquele brilho.
— Luke. — O chamei quando percebi a sua concentração em tirar as fotos. Não me mexi, apenas o chamei o vendo tirar a câmera do rosto.
— Sim? — Ele pegou a câmera e começou a analisar as fotos que já havia tirado.
— Você acha que seria uma boa ideia estudar no Canadá? — Luke por um momento parou. Seu olhar aos poucos foi de encontro aos meus, me causando uma ansiedade imensa.
Até que ele sorriu.
— Luna, o seu nome significa Lua. Alcance a lua se for necessário para realizar o seu sonho. Brilhe, garota. — Ele falou simplesmente, voltando a tirar as fotos.
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O Amor NÃO Pode Curar II
RomanceLIVRO II DA DUOLOGIA "O AMOR PODE CURAR". Luna vê o relacionamento de seu irmão com a sua cunhada como um espelho. Pois Luke e Hannah sempre estiveram ali no momento mais difícil um do outro. Viveram longos anos juntos e agora finalmente iam se casa...