16. O que é isso?

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Chegamos em casa umas dez horas da noite. Hannah e Alice ainda estavam terminando as lembrancinhas enquanto comiam e riam descontraídas. Pareciam alheias a qualquer situação da vida.

— Boa noite, madames. — Luke foi direto até as mulheres e depositou um beijo na testa das duas.

Eu me joguei no sofá ao lado delas, vendo o tanto de lembrancinhas que já tinham feito. As lembrancinhas era algumas rosas bem pequenas cobertas por um frasco, como na bela e a fera. E por fora, um pequeno papel escrito "Hannah e Luke".

Do outro lado do sofá, havia alguns papéis bem longos com a seguinte frase:
Obrigada pela presença!
Agora siga as instruções e divirta-se:
• Não tenha vergonha de chorar.
Tire muitas fotos e nos ajude a eternizar esse momento.
• Coma bastante, mas lembre-se dos doces.
Não vai embora sem nos dar um abraço e tirarmos uma foto.
• Deixe um recadinho para a gente logo ali no hall da entrada.
• Leve uma lembrancinha com você.

— Isso aqui é dos mesmos criadores de "caso caia um cisco no seu olho"? — Arqueei a minha sobrancelha, vendo Alice e Hannah caírem na gargalhada.

— Isso é para entregar junto com o "caso caia um cisco no seu olho". — Ela riu. — Quer ver o álbum de lembranças e de recados do Hall de entrada? — Eu franzi a festa.

— Meu Deus é mais uma breguice?

Ela estendeu uma placa que as bordas era uma imitação de gravetos. No papel, estava escrito:
Nosso álbum de lembranças.
1. Junte alguns amigos.
2. Tire uma foto.
3. Cole no livro.
4. Nos deixe uma mensagem!

Ela me mostrou a câmera de Polaroid que ficaria ao lado dessa placa e o livro que era um fichário todo decorado com rosas. Eu abri o fichário notando vários quadradinhos para colar as fotos, e ao lado dos quadrados de foto, algumas linhas para deixar o recado.

— Eu até que gostei dessa breguice. — Sorri, pensando no tanto de fotos zoadas que eu tiraria.

— Você já foi com Aurora ver o seu vestido para o meu casamento? — Hannah arqueou a sobrancelha. A alguns dias atrás, para fugir dela, eu disse que iria comprar o meu vestido com Aurora. Mas Aurora já comprou até a sua roupa.

— Eu não. — Alice começou a rir. — Aurora já comprou a roupa dela. — Dei de ombros, vendo a indignação em seus olhos.

— Então você vai comigo amanhã mesmo. — Ela sorriu, como se dissesse "você não tem como fugir"

— Pô, nem dá. Tenho aula amanhã. — Coçei a cabeça, me levantando do sofá para sair de perto dela.

— Olha só Luna, você é minha cunhada! Precisa estar linda.

— Tá bom! Eu vou ver o vestido quando eu for comprar o meu de formatura! — Fui na direção de Luke ao ver que ele estava comendo alguma coisa.

— E quando é isso? — Perguntou.

— No mês que vem. — Declarei.

— Luna, mês que vem já é Maio! — Ela respondeu, meio que incrédula.

— Sei disso. Um mês antes do seu casamento! — Luke e Alice riram ao ver Hannah balançando a cabeça para os lados, sem acreditar.

— Se você não comprar uma roupa descente, pode ter certeza que eu compro para você e te forço a vestir! — Ela me ameaçou, jogando uma caneta na minha direção.

— Adoro minha futura esposa, olha só como ela é linda até ameaçando. — Luke disse quando a caneta voou em minha direção, fazendo Alice olha para eles dois orgulhosa.

— Eu amo muito vocês. — Ela se levantou do sofá e correu em direção a nós dois, depois, chamou Hannah para um abraço coletivo. — Só faltou o Henry para a alegria ser maior.

O Henry...

(...)

Acordei com o som ensurdecedor do despertador. Levantei, desligando aquele barulho estrondoso e indo em direção ao banheiro. Lavei o rosto e me encarei no espelho.

Senti, por um minuto, o meu peito apertado. Milhões de coisas se passavam em minha cabeça. Bob veio em minha direção e ergueu o seu corpo se apoiando em minhas pernas, abanando o seu rabinho. Ele não estava melhor, ontem não comeu direito de novo e ainda vomitou o pouco que comeu. Mas mesmo assim, ele veio até mim parecendo um pouco mais feliz.

Resolvi tomar um banho para ir a escola. Depois da escola, eu iria até o curso para encerrar minha matrícula. Fiquei pensando muito se essa seria a coisa certa a fazer. Enfermagem não era verdadeiramente o que eu queria, disso eu tinha certeza.

Decidi parar de me preocupar com arrependimentos futuros e focar no que eu quero agora. E se enfermagem não era o que eu desejava, ela não faria parte do meu futuro.

Peguei o meu celular notando algumas mensagens. O consultório da veterinária de Bob enviou que os exames já estavam prontos e que se eu já quisesse buscar hoje mesmo, eu podia. Henry também me enviou uma mensagem de Bom dia, perguntando se a gente podia conversar.

Mais conversas que nunca resolvem nada.

Desliguei o celular ao ouvir Bob fazendo uns barulhos estranhos. Quando me aproximei do cachorro e o peguei, notei um caroço próximo ao seu pescoço.

O que é isso?

Meu Deus. — Levei a mão a boca ao sentir o caroço pelo pescoço do cachorro. — Meu Deus, meu Deus...

Eu só conseguia repetir isso enquanto o cachorro continuava com os barulhos. Será que o que ele tinha era grave? Até um caroço surgiu em seu pescoço. Como não notei isso antes?

Pensei em ligar para Henry e pedir para levá-lo imediatamente em um veterinário, mas nem nos falando direto estávamos. Pensei em chamar o meu pai mas ele ainda estava dormindo para trabalhar em algumas horas.

Peguei o cachorro no colo e nem a coleira coloquei, pois poderia machuca-lo. Peguei a chave do carro e a de casa e saí de minha residência indo em direção ao automóvel.

Se algo acontecer com esse cachorro, eu não sei o que será de mim. Ele foi o presente mais lindo que Henry me deu, foi o presente de um ano do nosso namoro. E não é apenas um presente, Bob é o meu filho. Eu o amo mais que tudo.

Bob não pode ficar mal.

O Amor NÃO Pode Curar IIOnde histórias criam vida. Descubra agora