3. Transei com um estranho

2K 285 246
                                    

Jisung acordou no outro dia todo torto e quebrado sobre o sofá da clínica. Se tivesse que traçar uma comparação justa, diria que a sensação era parecida com a de ter caído de um penhasco, no mínimo. Mirou o teto em um breve momento de confusão e logo percebeu que aquele não parecia o seu quarto. Além disso, o cheiro era de álcool, shampoo, cachorro e... porra! Ergueu-se em um pulo.

Ai-meu-Deus. 

Tinha dormido ali?!

Não, pior, tinha transado com um estranho e... o gatinho!!!

Correu até o anexo, só para encontrar a maca completamente vazia. O soro estava no suporte e só então Han notou que estava de cueca e que tinha passado a noite coberto por uma toalha branca que agora jazia no meio do caminho. Esfregou os olhos demoradamente e voltou se arrastando para a sala, recolhendo as roupas que estavam sobre a mesa logo depois. 

Olhou por todos os cantos e não encontrou nem sinal do tarado. Ele provavelmente tinha ido embora e levado o bichinho junto. Enquanto enfiava os braços na camiseta, mirou o horário no relógio de parede, que marcava sete e sete. Ainda por cima, estava atrasado e cheirando a sexo. Nem era preciso dizer que também estava dolorido em lugares censurados.

Não ia dar tempo de ir pra casa, teria que seguir direto pra aula, mas não sem antes limpar aquela bagunça descomunal. Fez tudo correndo e quando finalmente voltou para a recepção, notou que havia algo sobre o balcão. Um cartão de Cadastro Pet preenchido e um conjunto de notas que somavam oitenta.

— Filho da... — Não estava acreditando. Ele tinha dinheiro o tempo todo?!

AAAAAAAH!

Lee Minho tinha preenchido não só dados específicos do bichinho como o próprio endereço e telefone.

Para finalizar, ali estava o nome que o gatinho resgatado tinha ganhado de seu novo tutor:

"Lee Miau."

***

— Você tá legal, Ji? Parece que não dormiu nada — o colega comentou, já que Han parecia ter sido atropelado por um trem. — E desculpa a indelicadeza, mas você tá com a roupa de ontem? — aquela camiseta "Miau" era um ícone, afinal de contas. Não passava batido.

— Estou um pedaço de merda — contou, tombando para deitar-se sobre o balcão. A pernas ainda estavam doendo. Estava moído do dia anterior. — Nem fui pra casa, pra você ter uma ideia, vim direto da clínica.

— Tô vendo. Você não disse que ia sair cedo e descansar bastante? — Yongbok já estava acostumado a ver o colega no fim das forças, a questão era que naquele dia em específico o outro rapaz parecia particularmente acabado. 

Eu transei com um estranho ontem — disse abafado e baixo, com o rosto enfiado entre os braços.

— Ah, tá. E eu fui escalado pro musical do LaLaLand na Broadway — zombou, revirando os olhos. Han era um cara tão atarefado que não devia beijar na boca desde que havia terminado com o ex-namorado mau-caráter. Yongbok desconfiava que havia teias de aranha dentro de suas calças, ou coisas piores. O caso era sério.

— É sério! — continuou com a cara escondida. — Não é brincadeira.

O amigo demorou para comprar aquela conversa.

— Espera, espera. É sério mesmo? Você não tava trabalhando?

— Eu tava, só que você não vai acreditar no que aconteceu.

— Eu já não estou acreditando.

— Bom dia — a voz do professor ecoou no auditório, fazendo os alunos se sentarem e cortarem a conversa.

Miau, passa no débito | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora