8. Eu vou dormir aqui

1.7K 270 369
                                    

Jisung saiu do trabalho pouco depois das cinco e levou Miau consigo para a casa de Minho. Como o apartamento do outro ficava relativamente perto, preferiu encarar a caminhada de quinze minutos ao invés de pegar o metrô, aproveitando para respirar o ar agradável e sentir os últimos raios de sol do final da tarde. Enquanto andava com o gatinho em seu colo, Han travou diálogos empenhados com o pequeno Lee, enchendo-o de dúvidas banais sobre a sua vida felina e contando um pouco dos perrengues da vida universitária, como se o bichano realmente pudesse entendê-lo.

Assim que chegaram, o rapaz enfiou a chave na porta e girou o trinco, mas travou no lugar por alguns segundos ao invés de entrar, tomado por um devaneio repentino. Se ele e Minho tivessem um relacionamento de verdade e aquela chave fosse sua, aquele momento seria parte da rotina dos dois? Quer dizer. Chegaria em casa primeiro todos os dias e esperaria Lee já com a janta pronta, de pijamas e pantufas, ao lado do pequeno Miau?

Jisung chegou a suspirar sonhador, contudo logo chacoalhou a cabeça com força de um lado para o outro ao perceber que estava sonhando acordado feito um pateta. Olhou para os lados em um rompante de constrangimento, como se aqueles pensamentos vergonhosos pudessem ter sido flagrados por algum vizinho. Caramba, que emocionado.

Deixou os pensamentos bobos de lado e entrou, largando os sapatos na porta em uma arrumação desajeitada.

Miau foi colocado com todo o carinho no sofá e Han conferiu se ele estava mesmo bem. O gatinho ainda tinha a aparência abatida pelo efeito do sedativo e certamente precisava dormir mais um pouco, porém a sua aparência era tranquila e ele parecia sem dor, graças aos céus.

Ufa, missão cumprida.

E agora?

Checou a hora no celular e mordeu o cantinho dos lábios: cinco e trinta e sete, ou seja, Minho ainda demoraria um pouco para chegar. Embora não quisesse abusar da hospitalidade do mais velho, olhar para aquele sofá macio e confortável era quase um convite explícito para um cochilo. Estava exausto da rotina e qualquer brecha para descansar os olhos soava como uma benção, afinal. Aquela vida de provas, trabalhos e TCC definitivamente sugava todas as suas energias.

Bem, dar uma encostadinha não faria mal, não era?

Não precisou de nem meio segundo para se decidir.

Jogou-se sobre o estofado fofinho como uma criança feliz e sorriu em plena satisfação, puxando uma almofada para aconchegar-se em um dos cantos. Ai, que benção. Nem lembrava da última vez que tinha tirado dormido no meio do dia!

O corpo relaxou por completo e, como era de se esperar, foi preciso apenas cinco minutos para Jisung apagar de vez.

***

Um barulho insistente vinha de longe e Han demorou um tempo pra entender o que estava acontecendo, parcialmente perdido no mundo dos sonhos. Quando finalmente abriu os olhos, precisou pensar um pouco pra compreender que estava na casa de Minho, o que só aconteceu porque o ambiente estava arrumado demais para se tratar do próprio quarto. Mal teve tempo de se situar e o estrondo ecoou de novo, dessa vez mais alto. Perguntou-se o que era aquilo, até que lembrou que tinha trancado a porta ao entrar e...

Aquele som eram batidas!!!

Deu um pulo e correu até a entrada em uma cambaleada torta, girando a chave na velocidade da luz apenas para encontrar Lee com uma cara de bosta que teria sido engraçada, se não fosse tão assustadora.

— Faz dez minutos que eu estou batendo e te mandando mensagem, o que diabos você tava fazendo?!

— Desculpa, eu peguei no sono — bocejou e continuou onde estava, esfregando os olhos em um gesto ainda sonolento.

Miau, passa no débito | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora