Han tinha aparecido na casa de Minho depois do trabalho com uma cara de derrota que foi sua fiel companheira durante todo o dia. Ainda não havia se recuperado da sucessão de tragédias, que consistiam no constrangimento da quase reprovação de ano e no fato de que Minho ia embora.
Lee não costumava ser muito bom em lidar com aquele tipo de situação, mas tinha feito seu melhor para amenizar os danos: jantar, banho e agora o universitário estava jogado no canto do sofá, embrenhado embaixo de um cobertor enquanto assistiam a um filme qualquer no qual nenhum dos dois prestava atenção.
Bem. Aquela sucessão de eventos não era exatamente o que o mais velho tinha em mente quando intimou o outro para uma conversa. Queria colocar as coisas na mesa de forma séria e madura, como dois adultos deveriam fazer, esclarecendo cada detalhe daquela confusão e buscando a melhor forma de resolverem tudo, pelo menos de forma parcial. O que aconteceu, no entanto, foi que ficou sem saber como agir quando Han simplesmente pediu desanimado "Podemos conversar depois?".
Ah, céus. Ele era realmente sensível que precisava de carinho, cuidado e muita, muita paciência, coisas que Lee nunca teve de sobra para oferecer. O problema era que quando o gatinho abaixava as orelhas e o mirava daquela forma carente, parecia impossível não se esforçar para acolhê-lo.
Han, por sua vez, estava mais murcho do que um repolho cozido e sentia-se extremamente confuso. O próprio bom-senso dizia que era uma péssima ideia continuar convivendo com Minho sabendo que ele ia embora, pois quanto mais tempo passavam juntos, mais se apegava e mais cada centímetro de distância ganhava potencial para tornava-se uma dor irremediável. Se tivesse o mínimo de autopreservação, teria encerrado o que quer que tivessem naquela mesma noite e seguido a vida. Teriam conversado, acertado os ponteiros, desejado toda sorte do mundo um ao outro e pronto.
A questão era que nem tudo era tão simples assim.
Jisung não tinha forças para sair pela porta do apartamento e se propor a esquecer do que tinham vivido, pelo menos não naquele instante. Tudo o que precisava nas próximas horas era sentir a presença do outro. Precisava do cheirinho do perfume conhecido, dos resmungos ranzinza e do calor de seu corpo, mesmo que seguissem por horas sem dizer uma palavra que fosse.
Enquanto miravam a tela, as pernas de Han permaneciam sobre o colo do mais velho, que tocava os ossinhos de seu tornozelo em um carinho suave. Vez ou outra, os olhos de Minho davam uma espiada em busca de alguma reação, contudo Jisung continuava sem se mover ou falar, como se nem estivesse presente.
Lee suspirou profundamente, tomado por um aperto no peito.
Não queria deixá-lo.
Soava estranho admitir, porém tinha se afeiçoado àquele combo atrapalhado de bochechas e carinho. Ele parecia mesmo um gatinho enroscado na manta quentinha e o olhar tristonho despertava em Minho um instinto protetor que nunca tinha sentido na vida. Arg. Era irônico e um pouquinho irritante para alguém tão prático e calculista sentir aquele tipo de emoção, admitia. Mesmo assim, ela insistia em aparecer e de maneira cada vez mais intensa.
Com calma, Lee moveu-se em busca de encontrar um espaço entre Han e o encosto do sofá, deitando-se com o outro embaixo do cobertor.
— Encaixa em mim, gatinho — sussurrou, passando a mão pela sua cintura esguia e virando-o de frente para si. Logo depois, descansou a cabeça ao lado da morena, fechando os olhos em um murmúrio baixinho de satisfação.
Que dia.
Ficaram abraçados por longos minutos, sem dizer nada. Os corpos se mantiveram juntos enquanto eram iluminados pelas cores oscilantes da tela e o volume baixo dos diálogos.
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Miau, passa no débito | Minsung
FanficHan Jisung é um estudante de veterinária que só queria uma coisa naquela noite: ir para casa. Contudo, a presença inesperada de um cara suspeito com um gatinho abandonado nos braços faz seus planos irem por água abaixo e o ensinam que certas coisas...