24. Melhor repensar

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Não passava das seis da tarde e o céu estava parcialmente escuro, com alguns resquícios do final do dia. Minho suspirou profundamente, apoiando as mãos na grade de metal gelada em sua frente. A temperatura tinha caído bastante naquela última semana e já não era possível ficar em um ambiente externo sem algum tipo de casaco. Embora fosse um pouco desconfortável sentir o vento frio contra o rosto, o mais velho precisava respirar um pouco de ar puro.

Pressionou o canto dos olhos e olhou para o lado quando viu a caixa de cigarros aberta apontada em sua direção.

— Valeu — Lee puxou um e aceitou o isqueiro logo depois, acendendo a ponta do fumo para dar uma tragada longa.

Puta merda, que susto.

Seungmin fez o mesmo e apoiou-se ali, dando uma olhada na vista da cidade.

— Vai, fala logo — Minho incentivou ranzinza.

— Eu? Não ia dizer nada — Mini moveu os ombros.

— Claro que ia, e eu já até sei o que é.

— É mesmo? E o que é? — virou-se para o lado do outro, erguendo as sobrancelhas.

— Que eu sou um irresponsável.

— Que bom que você sabe, assim me poupa do trabalho — tragou de novo.

— Qual é, Mini... — resmungou.

— Qual é o quê? Isso aí é culpa sua — apontou calmamente para dentro do hospital, com o cigarro entre os dedos. — Eu te avisei. Ele é um moleque e nem precisa olhar duas vezes pra ver o quanto ele é intenso, se é que essa palavra é suficiente. Ele está se desdobrando em mil porque quer ir atrás de você — ralhou, sem perder a postura comedida. Minho gemeu logo na sequência, provavelmente porque não tinha argumentos válidos. — E outra coisa. Você chamou ele pra morar na sua casa, Lee Know? Enlouqueceu de vez, cara?

— Eu sei, eu sei. Foi um impulso — deu um tapa no ar e puxou o ar profundamente.

— Vocês estão se envolvendo demais. Ele não tem maturidade pra conduzir as coisas, então quem tem que colocar limites é você. Afinal de contas, você é o adulto da história, ou pelo menos era pra ser.

— Para de me dar lição de moral, eu já tô ficando com dor de cabeça — massageou uma das têmporas. Parecia que o cérebro ia entrar em combustão. — Não achei que ele fosse mesmo querer ir atrás de mim de forma concreta, ok? Achei que era fogo de palha, que ele ia mudar de ideia quando percebesse que nada disso é viável — confessou. Estava muito envolvido com Jisung, mas não achou que as coisas iam ser daquele jeito.

— Se você trata ele como um bibelô, o que espera que ele sinta? Ele te adora num nível que você nem merece, seu merdinha inconsequente — murmurou.

Minho virou-se de costas para a vista, tragando novamente antes de jogar a cabeça para trás e fechar os olhos.

— Eu também não acho que mereço — deixou a brisa fresca passar pelo rosto ainda quente do nervoso recente. — É difícil não gostar dele, hum? — deu um meio riso vencido, olhando para Mini em seguida. Já tinha percebido que o amigo estava preocupado com Jisung também, mesmo sendo o tipo de pessoa que raramente se envolvia de forma emocional. Se as pessoas achavam que Minho não tinha sentimentos, Seungmin possuía uma fama ainda pior. Contudo, quem se desse ao trabalho de conhecê-lo de verdade, descobriria que por trás da postura de pedra de gelo existia uma pessoa muito cuidadosa, que se importava com os outros e que possuía um grande coração. Ele só ficava trancafiado a sete chaves na maioria do tempo, mas estava lá.

— Porra — Mini soltou um riso mínimo junto com Lee. — Ele fica olhando a gente com aquelas bochechas enormes, parece um desenho animado ambulante — foi obrigado a reconhecer. De alguma forma bem curiosa, Mini estava criando um afeto fraternal por Han. Ele era mesmo uma pessoa muito afável, capaz de distribuir sorrisos e cupcakes por motivos banais. Kim balançou a cabeça para os lados e virou-se na direção do outro. — Lino, eu entendo como isso acabou te envolvendo profundamente, mas você precisa pensar nele também. Quando você for, o moleque vai ficar. Se ele está assim agora, imagina com mais alguns meses do seu lado... se é que ele vai chegar vivo no final do ano com esse ritmo que andam as coisas. Pensa se você quer mesmo ser o responsável por deixar ele mudar a vida toda e se sacrificar feito um maníaco pra fazer isso que existe entre vocês dar certo. Você pelo menos tá se sentindo do mesmo jeito? Tá gostando tanto dele assim?

Miau, passa no débito | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora