Já fazia semanas desde de que aquilo havia acontecido na casa de Minho e ele parecia ter decidido voltar a ser o mesmo ser humano desalmado de sempre. Isso queria dizer que os dois não mantinham qualquer contato fora da orientação, até porque Jisung estava evitando Lee como uma criança birrenta, mesmo nos corredores ou na sala de aula.
— Boa tarde, Miminha musa! — Han abriu a porta da clínica sorridente, trazendo uma florzinha para Mimi.
Ela já era uma senhora, embora não fosse idosa, e os dois se davam muito bem. A secretária sempre cobria as escapadinhas do universitário quando era preciso e era uma companhia agradável durante as tardes.
— Boa tarde, Jisung — ela sorriu simpática, aceitando a flor de bom grado. Ah, aquele menino. Sempre tão gentil.
Han cobriria o horário da uma às cinco naquele dia e tinha ido direto da faculdade. Suas escalas eram flexíveis, tudo sempre dependia do cronograma do Sr. Choi.
— Como estamos hoje? Muitos bichinhos precisando de um veterinário bonitão? — ele deixou a mochila atrás do balcão e apoiou os cotovelos ali, dando uma olhada na tela do computador da mulher. — Uma emergência? — perguntou suspreso, erguendo as sobrancelhas.
Conseguia ver a lista de atendimentos do dia, tanto as que já haviam acontecido quanto as que estavam correndo ou possuíam hora marcada. Todas estavam com o status verde, exceto uma.
— Sim — ela deu uma olhadela para o lado, fazendo um gesto silencioso com a cabeça. O homem tinha chegado ali tão sério que ela tinha ficado com calafrios. Han acompanhou-a com o olhar e acabou montando uma expressão de choque.
— Você? — esperava ver até o Papa dando um rolê sacro por ali, mas não ele.
Minho estava sentado em um dos bancos do canto com o notebook aberto, uma pilha de papéis e uma caneta na mão.
— Não, uma miragem — respondeu azedo, sem tirar os olhos da tela. — Resolveu falar comigo? — continuou digitando. Han o ignorava há semanas como se não tivesse dado um espetáculo proibido para menores no seu banheiro. Que maduro.
— Não, estou falando com o vento. — Com aquela delicadeza toda só podia ser Minho, mesmo. O Papa com certeza seria mais educado. Voltou a mirar o mais velho e contraiu os olhos diante da caixinha logo ao lado, usada para carregar animais. Sabia de quem era, tinha visto na casa do o outro. — Espera — ignorou a grosseria e se aproximou, sentando-se ao seu lado. — Aconteceu alguma coisa com o Miau?
Lee deu uma olhada de canto de olho e suspirou, parando o que estava fazendo. De repente, pareceu muito chateado.
— Eu não sei. Ele estava estranho esses dias. Hoje de manhã estava jogado em um canto e não me deixou mexer nele. Tentei tirar a temperatura e ver os dentes, mas ele me atacou. Acho que está com dor. Voltei pra casa pra checar se estava tudo bem e ele estava de olhos fechados, sem responder a qualquer estímulo. Tomei um susto do cacete. Estou usando meu horário de almoço pra poder correr aqui porque pensei que era mais sério do que tinha imaginado. — Pegar o gatinho desacordado nos braços tinha sido um momento de pânico que não queria relembrar tão cedo.
— Nossa, eu... nem sei o que dizer! Ele tá sendo atendido pelo Dr. Choi? — Só de imaginar Miau doente, sentia-se aflito de verdade.
— Sim, já faz uma meia hora — Lee pressionou o canto dos olhos. Ele parecia bem cansado e, mesmo assim, Jisung notou que ele estava trabalhando sem parar, com uma centena de textos para revisar e corrigir.
— Ei, ele é um ótimo veterinário, vai cuidar muito bem do Miau — consolou-o, estendendo a mão para tocar a perna do mais velho próximo do joelho. — Não fica triste. Ele vai ficar bom, sobreviveu na rua, então é teimoso e esperto, igual a você — animou-o com empenho, ganhando uma olhada mais demorada do mais velho.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Miau, passa no débito | Minsung
FanficHan Jisung é um estudante de veterinária que só queria uma coisa naquela noite: ir para casa. Contudo, a presença inesperada de um cara suspeito com um gatinho abandonado nos braços faz seus planos irem por água abaixo e o ensinam que certas coisas...