29. Só um sonho ruim

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Os dois pegaram um táxi de volta para casa e antes que pudessem se dar conta, já estavam trocando beijos e amassos no corredor escuro do conjunto de apartamentos. Em meio ao mais puro silêncio, os suspiros altos tornavam-se no mínimo indiscretos, o que definitivamente era imprudente levando em consideração que um dos vizinhos poderia chegar pelas escadas a qualquer momento e dar de cara com aquela cena indecorosa.

E se eu quiser fazer aqui? — Han perguntou baixinho. Estavam se pegando contra a parede e as mãos do estudante não paravam de puxar a cintura de Lee, buscando por um contato mais atrevido. 

Minho acabou dando um meio riso com aquela fala inusitada. Alguém estava mesmo animado, não? Pelo visto, virar um drink inteiro em menos de dois minutos poderia causar efeitos inimagináveis nos felinos. 

Não podemos fazer isso aqui, Miau. Você não consegue miar baixo nem na cama, vai acordar os vizinhos assim que eu enfiar a minha mão nas suas calças.

Vou ficar quietinho, Mi. Por favor...  eu quero muito — prometeu cheio de dengo, com um tom que saiu mais imoral do que suplicante. Logo depois, tentou alcançar o cinto do outro, empurrando-o para fora da fivela.

Ah!

Han era mesmo uma cilada bem armada. Quem ouvisse aquele "por favor"  diria que se tratava de uma criança implorando por um algodão doce, quando ele só queria mesmo era ser comido do lado de fora da casa em um fetiche bêbado e obsceno.

Embora a ideia estivesse fora de cogitação, Lee Know deixou que o mais novo se divertisse um pouquinho enquanto tentava — sem sucesso — abrir o zíper de sua calça. Enquanto observava a cena fofa e depravada, pensou consigo mesmo que não faria uma maluquice do tipo nem se estivesse tomado um belo chá de cogumelos ou ingerido substâncias duvidosas. Isso porque transar no corredor do prédio era tremendamente arriscado e por mais que tivesse bebido um tanto considerável, não queria ser o taradão do quarto andar que saiu algemado em um carro de polícia em pleno sábado a noite, por crime de atentado ao pudor. Estava velho demais para fazer as coisas sem medir as consequências. Foi-se o tempo em que qualquer lugar era lugar e qualquer hora era hora, no auge da faculdade. 

Quando Jisung resolveu ser um pouco mais assertivo e enfiou a coxa entre as mais grossas, Minho segurou-o suavemente, tombando a cabeça para trás. Estava escuro ali, porém os olhos do mais novo estavam tão enormes e brilhantes, cheios de expectativa, que não foi difícil encontrá-los.

Você está muito indecente, gatinho — repreendeu malicioso, mas não que achasse aquilo um problema. Era excitante e Han ficava muito convidativo quando estava assanhado, na humilde opinião de Lee. Só achava que poderiam terminar aquilo entre quatro paredes. — Nem "por favor", nem "com licença", nem "obrigado". Leva esse seu traseiro lá pra dentro que aqui não vai rolar. Lá você pode pedir o que quiser, eu prometo que não vou negar.

Puxou-o consigo, e abraçou-o por trás, beijando o pescoço cheiroso enquanto enfiava a chave na porta. Assim que ela foi aberta, os dois cambalearam pela sala entre beijos tortos e gemidos, contudo Lee pausou o contato assim que sentiu o celular vibrar no fundo do bolso.

Merda.

Estava esperando o retorno de Mini sobre algo importante e ele tinha ficado de responder até o fim da noite. Obviamente, o inconveniente  Sr. Kim tinha deixado para fazer aquilo no pior momento possível, como se tivesse um sexto sentido para atrapalhar o seu esquema toda santa vez.

Espera, Miau, eu preciso ver isso, é rapidinho — Minho pediu, puxando o aparelho e tentando desbloquear a tela. 

Não espero — grudou em seu pescoço, tentando arrastá-lo para o quarto.

Miau, passa no débito | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora