11. Cuidado e abraçado

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O som das batidas na porta foram baixos e Lee levantou os olhos do notebook, dando um impulso para erguer-se da cadeira e caminhar até entrada. Três dias haviam se passado e tinha combinado com Jisung de fazer outra revisão em seu pré-projeto às seis da tarde daquela sexta-feira, mas ele estava atrasado e, bem, Lee odiava atrasos. Dessa forma, já estava impaciente e com um humor notavelmente azedo. 

Assim que alcançou a maçaneta, abriu a porta de uma vez, disposto a dar um safanão na orelha do mais novo. O que encontrou-o, contudo, foi um Han Jisung com cara de derrota e a mão enfaixada, suspensa no ar.

— O que houve? Trombou com um javali? — Minho ironizou, dando espaço para que ele entrasse no apartamento antes de fechar a porta.

— Levei uma mordida — Han falou baixinho e sentido, tirando os tênis com os pés. — Passei a tarde toda no hospital, tomei cinco pontos.

Lee ergueu as sobrancelhas. Pela cara do outro, ele já tinha passado o caminho todo até ali agonizando, como se fosse morrer a qualquer instante. Conseguia imaginar o drama digno de novela mexicana enquanto ele tecia despedidas a esse mundo cruel e fazia um testamento de todas as coisas que nem tinha para deixar para a posteridade. 

— Deixa eu ver — o mais velho incentivou, estendendo a mão. Jisung se aproximou e mostrou o machucado.

Hum. Minho não conseguia ver por baixo da faixa, mas cinco pontos era bastante, até. Não tinha sido um simples arranhão, do contrário dispensaria uma sutura daquelas. Mirou sua carinha amuada.

— Como você é dramático. Minha especialidade são animais, mas eu diria que você vai sobreviver — cedeu o diagnóstico. — Vem, vamos colocar você no chuveiro pra tirar esse se cheiro de hospital — puxou-o consigo para dentro de casa.

— Você não vai me torturar com bibliografias e citações hoje? — Jisung perguntou enquanto se deixava levar.

— Não, a não ser que você queira. O seu pré-projeto tá cheio de furos e erros, além de palavras horrorosas que me fazem duvidar do seu intelecto, como "bacana" e "coisa".

Han parou no lugar, tombando a cabeça pra baixo. Minho virou para trás quando viu o outro empacar e fez uma cara desacreditada com as lágrimas que, de repente, correram fartas por suas bochechas vermelhas.

Tudo aquilo porque tinha tomado uns pontos?

Ai, santa Genoveva. 

Suspirou.

Ei — Lee empurrou os fios escuros para trás, limpando o rosto molhado com os polegares logo depois. — Tá com muita dor? — bem, dor era algo muito pessoal, no final das contas. Ele parecia abalado.

Jisung levou a cabeça de cima para baixo em afirmação, sem mirá-lo. Claro que estava doendo, quase tinha perdido os dedos, oras!

Minho continuou assistindo aquele beicinho magoado tremer e revirou os olhos, vencido.

— Vem cá, vai, gatinho — puxou-o pelos braços, levando-os até seu pescoço. O mais novo logo envolveu cedeu, tomando cuidado com a mão machucada. Minho puxou-o para cima, pegando-o pelas pernas até encaixá-lo em seu colo. — Vou te dar banho, depois vamos comer o que você quiser e pedir o que precisar na farmácia pra cuidar dessa patinha, ok? — prometeu, caminhando em direção ao quarto.

Quem resistiria a um bichinho enfermo, afinal de contas? Um veterinário, com certeza, não.

Quero frango empanado — Han falou abafado, com o rosto escondido no pescoço de Lee, agarrado ao corpo maior.

— Claro que quer, seu cara de pau — nenhuma surpresa ali. Jisung podia perder o braço inteiro, mas não perdia a fome e verdade fosse dita: Lee o alimentava como ninguém.

Miau, passa no débito | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora