[Quebra de tempo - 1 semana depois]
Seungmin deu uma olhada por cima do notebook, espiando Minho balançar a perna em um tique frenético. A mesa não parava de tremer e o barulho era tão irritante que, logo menos, Kim seria obrigado a amarrar Lee na cadeira para que ele sossegasse e pudessem terminar de trabalhar em paz.
— Eu não estou conseguindo me concentrar com você batucando nesse tampo feito uma escola de samba. Quer que eu traga um pandeiro? Vamos tirar um som de uma vez — Mini ironizou.
— Merda, foi mal. É que eu estou muito incomodado — suspirou, tirando o óculos para pressionar os olhos logo depois. Além de incomodado, sentia-se ansioso e cansado, bem mais do que o normal. Aquela semana tinha se arrastado como uma lesma.
— Sua esposa ainda está foragida? — acabou abaixando um pouco a tela e apoiando o braço na mesa. Tinha evitado perguntar sobre o assunto porque não queria emprestar o ouvido como penico para questões sentimentais, porém Minho parecia mesmo estar precisando conversar com alguém e, querendo ou não, eram melhores amigos.
— Jisung ainda não voltou pra casa — confirmou. — E eu não sei o que tá acontecendo. Fico me perguntando se fiz alguma coisa, sei lá — murmurou. Era tudo muito confuso. Primeiro, Han parecia impaciente e agoniado, perdendo noites de sono e tendo pesadelos. Depois, ia embora em um dia aleatório, sem nem dizer o motivo.
Eram muitos acontecimentos estranhos somados e nenhuma explicação plausível.
— Deve ter feito, você é PhD em grosseria — Kim zombou, mas como Lee não pareceu disposto a participar de qualquer número circense naquele momento, o outro cortou as brincadeiras e se dispôs a falar um pouco mais sério. — Olha, dá um tempo pro garoto. Ele é meio enrolado, vai ver aconteceu algo que ele não tá querendo compartilhar.
— Mas o que poderia ter acontecido de tão grave assim pra ele sair de casa no meio da noite, em um frio filho da puta daqueles?! Já faz uma semana, Mini... — gemeu e tombou o corpo para trás, puxando o ar com força.
— Ih, tá contando os dias, é? Que foi, não sabe mais dormir sozinho? — perguntou em um meio sorriso provocativo. Ora, ora, quem diria? O tigre queria companhia embaixo do cobertorzinho para aquecer suas orelhas idosas naqueles dias gelados.
— Eu me acostumei com ele. É estranho chegar em casa e não ver ele por lá. Ficou um silêncio enlouquecedor. Até o gato parece que fica me olhando acusador, tipo "Onde ele está, seu merda? O que você aprontou? Traz ele de volta agora!".
— Eu duvido que o Miau falante do mundo paralelo seja do tipo de gato que solta palavrões. Você é um péssimo exemplo, de fato, mas Jisung parece uma mãe zelosa e educada — brincou, fechando o computador de vez. — Respira, Lee. Ele vai voltar, afinal de contas e por incrível que pareça, o menino te adora. Não sei como e nem por qual motivo, mas adora. E se você gosta tanto assim dele assim, deveria tomar uma atitude, também. Vai que isso dá um empurrãozinho — ergueu as sobrancelhas.
— Falar o quê? Como?
— Uai, falar, com a boca. "Jisung, meu amorzinho, eu quero que você arraste essa bunda de volta pra casa, por favor" — imitou com precisão. Mini conseguia escutar Minho falando exatamente daquele jeito, delicado como um cavalo mas, ainda assim, munido de um tom de típico de quem se importava de verdade.
— Eu não sei... — coçou a nuca. Será? Lee nem sabia fazer aquelas coisas direito. Elas sempre estiveram fora de seu protocolo pessoal.
— Você dá aula pra ele hoje, não dá? Então, aproveita pra falar de uma vez ou vocês ficar nesse filme mudo e sem legenda pra sempre: muita coisa acontecendo e a maioria ninguém entende.
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Miau, passa no débito | Minsung
Fiksi PenggemarHan Jisung é um estudante de veterinária que só queria uma coisa naquela noite: ir para casa. Contudo, a presença inesperada de um cara suspeito com um gatinho abandonado nos braços faz seus planos irem por água abaixo e o ensinam que certas coisas...