26. O tigre e o gatinho

1.5K 234 125
                                    

Lee andava mais cansado do que o normal. Pudera, com tanta coisa acontecendo, era difícil ter um segundo de paz para tentar retomar as rédeas de sua vida, que nos últimos tempos mais parecia o puro suco do caos. De qualquer forma, depois de um dia inteiro de aulas, reuniões e conduções lotadas, finalmente estava a poucos passos de relaxar na paz de sua casa e parecia disposto a ficar completamente incomunicável pelo resto da noite, longe dos e-mails, mensagens e o que mais fosse. 

Alcançou a porta do apartamento com alguma pressa, contudo, parou de repente onde estava e fechou os olhos ao ser atingido por uma sensação, no mínimo, curiosa. Porra. Devia mesmo estar exausto pra cacete, porque podia jurar que tinha sentido no ar o aroma dos biscoitos que amava comer quando era criança. A nostalgia foi tão forte que, por um segundo, conseguiu ouvir a voz da própria mãe chamando-o para lanchar, gritando seu nome pelo jardim.

Que loucura.

Mais doido do que sentir o cheiro familiar, foi o fato de que ele parecia estar vindo de dentro de sua casa, esgueirando-se pelas frestas de forma doce e convidativa, quase hipnotizante. 

Deus, precisava mesmo de férias, porque só podia estar começando a delirar.

Balançou a cabeça para recobrar o juízo e então girou a chave, abrindo a porta no instante seguinte. Enquanto tirava os sapatos, os gestos ficaram mais lentos e as sobrancelhas se arquearam em estranhamento. Certo, agora estava começando a ficar preocupado. Colocou a mão na testa para ter certeza de que não estava com febre e que a essência de laranja com açúcar estava, de fato, muito mais forte ali dentro. 

Quando ouviu vozes e risadas, por fim, entendeu que aquela soma de fatores bizarros era real. Deixou as suas coisas de lado e caminhou mais rápido até a sala, sem saber o que pensar. 

Das duas, uma. Ou aquilo era um sonho, ou...

— Mãe? — Que porra era aquela?! O que a própria mãe estava fazendo no meio de sua casa, rodeada por tigelas e potes sujos, enquanto ao seu lado estava nada mais, nada menos, do que o gatinho meliante Han Jisung, terminando de lamber uma colher?

— Ah, você chegou! — ela deu um sorriso emocionado e foi até o mais velho, abraçando-o com dificuldade ao ficar na ponta dos pés, já que os dois tinham, no mínimo, uns três andares de diferença.

— O que vocês estão fazendo?! — nem abraçou a mulher de volta direito, de tão chocado que estava.

— Mentirinhas, oras. Não reconheceu? — MinMin sorriu, dando uma piscadinha. 

Aquele era o nome dos biscoitinhos. Dizia a lenda que eram tão gostosos que quando as pessoas diziam "só mais um!", todos já sabiam que era lorota e que, na verdade, elas acabariam comendo aos montes. 

Minho olhou para Jisung, que ergueu as sobrancelhas e deu um sorrisinho arteiro. Ele parecia bem melhor, com um semblante até diferente e mais leve. 

E a cara suja de açúcar, claro, para não perder o costume.

— O que a senhora está fazendo aqui? Nem me avisou que vinha! — Minho olhou a mãe ainda incrédulo.

— Desculpe, mocinho, mas você não me atende. É difícil falar com alguém que é mais ocupado do que o presidente, sabe? — ela deu a volta na mesa para recolher os itens sujos. Aparentemente, MinMin era espirituosa feito o filho na hora de fazer um comentário. — Terminou, querido? — apontou a colher que Han estava lambendo.

— Ah, sim! — afirmou tímido, entregando o item para ela. — Obrigado, MinMin.

"MinMin"?! 

Miau, passa no débito | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora