49. Sem loucuras

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[Quebra de tempo – 1 ano depois]

Era uma sexta-feira e Jisung chegou em casa por volta das onze e meia da noite. Tinha saído para beber com alguns colegas do trabalho e teria ficado até um pouco mais tarde, mas havia combinado com Minho de conversarem um pouco, já que não tinham conseguido se falar durante o restante da semana. Enquanto ali ainda havia uma madrugada inteira pela frente, em Londres estavam no meio da tarde e a sorte era que, naquele dia em específico, o mais velho estava trabalhando em sua pesquisa de casa. 

Assim que entrou no apartamento, Han tirou os sapatos e caminhou pela sala escura, reparando na televisão ligada em volume baixo. Será que Yongbok estava em casa? Estavam morando juntos agora, porém raramente se viam. Além da divergência grande de horários, o loiro sempre estava na casa de seu "rolo fixo", que àquela altura já poderia ser chamado de namorado/noivo/amante, se os dois não insistissem em uma teimosia mútua de que ainda estavam apenas se conhecendo.

Jisung deu uma vasculhada no lugar, procurando pelo controle para desligar a televisão, e acabou soltando um "ah!" de surpresa ao se deparar com Mini deitado no sofá, com Boks adormecido sobre si, aninhado confortavelmente em seu peito. Os dedos do mais velho pareciam ocupados em acariciar os fios claros num gesto distraído, mas assim que Kim notou a presença de Han, fez um gesto leve de cumprimento silencioso.

— Não tinha visto que vocês estavam aí — Han comentou baixinho, desistindo de desligar a televisão.

— Eu estou, esse aqui já partiu faz tempo — apontou. Yongbok, sem dúvidas, estava presente só de corpo.

— Vocês não iam sair? — na breve esbarrada do café da manhã, o amigo tinha avisado que iam na inauguração de algum restaurante ou coisa assim, e que chegariam tarde. 

Enquanto Seungmin havia se tornado um tipo caseiro, o loirinho tinha energia de sobra e vivia arrumando programas gastronômicos e turísticos, arrastando-o para fora de casa mesmo contra a sua vontade. Tinham personalidades opostas nesse aspecto, a bem dizer, só que, de algum jeito exótico e inexplicável, o relacionamento vinha funcionando muito bem havia quase um ano. 

— Mudamos de ideia, graças aos céus. Se eu tiver que ficar em mais uma fila de duas horas pra comer um hambúrguer, vou morrer mais cedo. Acabamos pedindo uma pizza, se quiser tem lá na cozinha. Acho que esse aqui empacotou e vai varar a noite, daqui a pouco começa a babar.

Han deu um meio riso e olhou para aquela cena. Também gostaria de estar deitado no sofá, partilhando com Lee momentos de paz após um final de noite cansativo. Andavam se vendo e se falando bem pouco, mesmo que trocassem muitas mensagens. Conversar por textos e emojis, contudo, não era a mesma coisa. 

Sem leitinho quente de madrugada, cobertor extra no meio da noite e nem Minho arrumando-se enquanto andava pela sala, concentrado nos próprios pensamentos enquanto ajeitava os punhos da camisa. Sentia falta do abraço quente, de dormir agarrado, de Miau entre os dois, do carinho... suspirou e moveu a cabeça de um lado para o outro.

— Já comi na rua, Mini, obrigado. Vou falar com o Minho agora.

— Vai combinar as coisas com ele?

— Ahn... mais ou menos — cutucou o encosto do sofá, desviando olhar. 

— Como é que se combina alguma coisa "mais ou menos", Jisung? — Kim questionou. Jovens e suas concepções sem sentido.

— Depois eu te falo! — sorriu sapeca e deu uma piscada rápida, seguindo para o quarto.

Jogou-se na cama ao entrar no cômodo, encontrando os fones de ouvido na mesa de cabeceira logo depois. Avisou ao namorado que já tinha chegado pelo chat do aplicativo e não demorou muito para receber a chamada de vídeo. Já tinham feito aquilo várias vezes e era sempre um pouco esquisito estar no meio da noite e ver Minho em plena luz do dia. 

Miau, passa no débito | MinsungOnde histórias criam vida. Descubra agora