Capítulo 2 - Dy

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É quase primavera, então as flores que nascem fazem meu nariz coçar o tempo todo e mal consigo me concentrar na minha leitura. Minha turma teve alguns horários vagos hoje e eu achei mesmo que conseguiria ler esse livro sem problema aqui fora.

Agora o sol está na minha cara, minha amiga mastigando no meu ouvido e meu nariz não para de coçar. Além de tudo isso, tem insetos no gramado.

E também, meu irmão e seu amigo do outro lado me encarando como se estivessem vendo um palhaço no circo.

— Que ótimo — murmuro.

— Que ótimo que minha atriz favorita acabou de morrer?! — Taehee dá um pulo ao meu lado, só então percebendo que não ouvi nada do que vinha dizendo. — O que foi?

— Nada.

— Você parece bravo, como se- — Seus olhos encaram o outro lado do jardim, os dois sobre a mesa de pedra, acenando de maneira provocativa como os dois idiotas que são. — Ah. Eles estão ali há muito tempo?

Dou de ombros como se não me importasse quando estou puto demais por conta disso.

Tem um motivo para eu estar com tanta raiva, principalmente de Jung Jaehyun. Ele pode enganar quem quiser omitindo informações e se escondendo atrás do babaca do meu irmão mais velho, mas eu sei o que aconteceu naquele dia. E ele sabe que eu sei.

Ele deveria ter levado a culpa pela morte dele, mas todo mundo simplesmente aceitou o que aconteceu. Eles agem como se essas coisas simplesmente acontecessem. E é, merdas tristes acontecem na vida das pessoas o tempo todo, mas não foi assim.

Nossas famílias seguiram em frente. O idiota escroto do meu irmão mais velho seguiu em frente. Mas eu não posso esquecer dele nem por um minuto. Não consigo. E estou zangado a maior parte dos meus dias desde então, principalmente quando ele está na minha linha de visão.

Eu viro a página do meu livro quase arrancando as folhas e meu dedo acaba cortado pelo papel. Enfio ele na boca antes que Hee diga algo sobre pingar sangue nos livros da biblioteca — ela é um pouco maníaca com livros e organização desde que começou a fazer tarefas na biblioteca depois das aulas no ano passado. Ela tem um apreço pelos livros de lá.

E eu só estou acostumado porque o líder da minha sala também é um maníaco por limpeza, e o idiota é meu amigo desde a primeira série. É um milagre Taeyong ainda não ter aparecido por aqui quando tudo o que ele faz é me perseguir.

Sinto braços ao redor dos meus ombros e nem reajo. Falando no diabo.

Ele sorri contra minha orelha como se eu não reagir fosse uma reação.

— Sobre o que vocês estão fofocando?

— Nada, aparentemente — diz Hee, franzindo a testa para ele e se afastando um pouco de nós dois. Ela acha que não percebo quando faz isso. Mas de qualquer forma, não é como se eu fosse fazer alguma coisa ou dizer algo pra ele.

Nós três somos amigos desde o fundamental, mas enquanto minha proximidade com Taeyong parece física, a com Hee é intelectual, por isso ela é minha melhor amiga.

Taeyong senta ao meu lado, entre nós dois, mas no sentido oposto. Com os braços sobre os joelhos dobrados e a cabeça virada para mim. Ele olha meu livro.

— Como foram suas férias?

— Entediantes.

— E as suas? — Ele vira para Hee.

— Trabalhei.

— Fiz um curso — ele anuncia sem ninguém perguntar. — Vocês sabem que é por isso que todos nos chamam de trio de almofadinhas, não sabem?

Blame » dojaeOnde histórias criam vida. Descubra agora