Blame » dojae

Capítulo 37 - Jae

Uma batida alta vinda das escadas nos assusta e ambos nos levantamos antes que Daesun passe pela porta do quarto de Doyoung, pé da vida. Ele olha nós dois e sorri como se estivesse louco. Como se não acreditasse no que vê.

Eu sei que Doyoung conversou com ele e disse que não foi muito bem, mas Daesun falou comigo como se não soubesse de absolutamente nada hoje. Ele me chamou para ir com ele para a casa da Taeha e eu disse que preferia ir pra casa. Porém no caminho encontrei Doyoung andando e... bem, aqui estamos.

— Daesun — chamo seu nome, disposto a me explicar.

— Cala a boca, Jaehyun. — Ele olha para Doyoung e eu o sinto se encolher ao meu lado. — Está bem — ele grita, erguendo os braços, e mais passos surgem na escada no corredor. — Se vocês não vão acabar com essa palhaçada, então que se foda!

— Daesun! — A mãe dele o repreende e o olha, horrorizada. — O que está acontecendo?

— Fala pra ela, Doyoung. Conte à mamãe, o que está acontecendo.

Doyoung balança a cabeça de um lado para o outro e ajeita seu óculos sobre a ponte de seu nariz, nervoso.

— Mãe, não é nada...

— Kim Doyoung e Kim Daesun, me digam agora o que está acontecendo! — Ela olha para mim mas desvia o olhar de volta para os filhos.

— Que tal começar desde o começo, hein? — Daesun sorri e cruza os braços como se esperasse para ouvir a história. — Muita coisa tá começando a fazer sentido na minha cabeça. — Ele levanta a mão e a chacoalha perto da têmpora, como se representasse suas memórias bagunçadas. — Aquelas festas que você sugeria que fossem aqui em casa, os olhares nos intervalos da escola... O que mais? O que mais eu perdi?

A mãe de Doyoung arregala os olhos, sua mão treme um pouco, mas ela não parece brava quando olha para Doyoung.

— Daesun — ela diz como um aviso para ele parar, mas seu filho mais velho continua.

— Toda vez que você estava "ajudando seus pais" você estava atrás do meu irmão? — Ele faz uma pausa para olhar para mim. — E você, Doyoung?

— Kim Daesun! — Sua mãe treme com mais força. Seus olhos se enchem de água, mas nenhuma lágrima cai. — Chega. Chega, não quero lidar com isso agora... Eu preciso de um tempo. Vá para o seu quarto, Daesun.

— Mãe...

— Vá agora! — ela grita com ele.

Daesun olha para ela, chocado, mas obedece e vai. Ele bate a porta no fim do corredor e finalmente todos respiramos. Bom, mais ou menos.

A mãe deles me olha com algo no olhar que não consigo identificar.

— Mãe, eu posso te explicar — Doyoung diz, baixinho, como se tivesse feito algo errado.

Porém a mulher na nossa frente levanta a mão para pará-lo e balança a cabeça.

— Seu pai vai lidar com isso. Por agora, é melhor se você for embora, Jaehyun. — Ela dá espaço para que eu saia, mas não me movo por um tempo. Olho para Doyoung e ele parece tão confuso quanto eu. — E acho melhor vocês não se falarem por um tempo. — Ela estende a mão para Doyoung e ele pisca, incrédulo, enquanto entrega o celular para ela.

— Senhora, nós dois não fizemos nada de errado...

— Eu não quero falar do que você fez de errado, Jaehyun. Vai.

Saio do quarto e caminho devagar no corredor, ainda ouvindo-os discutir.

— Mãe, você não pode estar falando sério!

— Eu deveria tê-lo afastado de Daesun desde o começo, olha só o que mais ele fez! Eu deveria ter cuidado de vocês melhor. — A mãe dele chora.

— Ele não fez nada, nós sempre fomos assim. Você que não quer ver isso!

— Ele levou Daesun pro mal caminho e agora quer te arrastar com ele! Não vê que ele está destruindo o que sobrou dessa família?!

— Você que está fazendo isso! Por que você não... Por que não pode me aceitar do jeito que eu sou?

— Eu não aguento passar por isso, Doyoung. Seu pai vai lidar com tudo quando chegar. Só... fique aqui no seu quarto. Eu preciso ficar sozinha.

— Estou acostumado. É tudo o que você faz: se isolar, fechar os olhos e fingir que está tudo bem enquanto nós nos viramos!

Vejo a silhueta da mãe dele parada na porta, mas ela não se move e nem diz nada. Então eu desço em silêncio antes que ela me note.