Capítulo 34 - Dy

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A insinuação da mulher mais velha é o fósforo que acende a raiva dentro de mim e me faz finalmente perder o último fio de paciência. Meus próximos passos são muito mais firmes para me colocar entre ela e Jaehyun.

— E quanto a você? Acha que vai oferecer mais alguma merda a essa escola quando for denunciada pela forma como trata os alunos com preconceito e ideais próprios? — Derrubo sua pasta de suas mãos com um tapa, sua caneta cai no chão, assim como uma pequena montanha de papéis voa e se espalha por todo lado.

A boca da secretária atrás dela se abre, completamente em choque. Mas não estou arrependido. Nem mesmo quando Daesun segura o meu braço, chocado com meu comportamento. Eu me solto de seu aperto, e vou para a porta da sala antes que escute mais alguma coisa vindo de qualquer uma das duas mulheres.

— Doyoung! — Taeyong corre atrás de mim, pois ouço seus passos me seguindo, Mas ele parece desistir quando eu não paro.

Ouço os passos recomeçarem e reviro os olhos, pronto para mandá-lo me deixar em paz, porém quando me viro é Jaehyun que está vindo atrás de mim. A raiva que eu sinto desaparece do meu rosto.

Sua expressão é muito diferente daquela vazia no estacionamento. Ele parece chocado, ou surpreso ou talvez seja os dois e algo mais. Seus lábios se afastam para me dizer algo e meu coração dispara. Não porque meu irmão e nossos amigos estão nos observando de longe sem ouvir nada, mas porque senti a falta dele.

Nas últimas semanas, eu tenho feito tudo o que sempre fiz, mas minha rotina não parece completa sem ele. Achei que me contentaria em saber que ele estava bem, já que não estava mais aparecendo na escola. Mas quando o vi no estacionamento, percebi que isso não era o suficiente.

— Volta pra mim — ele sussurra como se estivesse com falta de ar. Olhando nos meus olhos com os seus castanhos, que me assustam pra caralho, porque parece que Jaehyun vê muito além da minha superfície.

Eu não consigo fazer isso. Como posso dizer não pra ele?

Olho por cima do seu ombro e vejo Daesun nos olhando como se desconfiasse de alguma coisa, e é quando me lembro do que ele me disse na noite da cachoeira.

Minha cabeça balança para os lados lentamente enquanto meus olhos retornam na direção dos seus. Eu nunca vi ele tão magoado comigo quanto agora, ao receber um não.

— Não posso... — murmuro e saio de perto dele. Porque não aguento vê-lo com aquela expressão no rosto.

A última pessoa que espero me encontrar, me encontra. Taehee aparece no palco do teatro e senta ao meu lado em silêncio por um momento. Ela só tem aparecido para conversar com Taeyong, nunca comigo, então comecei a aceitar o fim da nossa amizade.

— Nunca pensei que veria você tão sério por causa de uma pessoa. Muito menos por causa dele — ela diz, sem julgamento. — E nunca imaginei que Jaehyun fosse retribuir esse sentimento.

— Não estamos juntos.

— Não. Mas a forma como ele te olha quando está por perto... Ele tem parecido um fantasma nas últimas semanas. Ele parece tão diferente, tão... triste. Vocês terminaram por causa daquilo que o Daesun disse, não foi?

Assinto.

— Daesun não pode controlar por quem vocês dois vão se apaixonar. Não é dá conta dele — Hee fala, com raiva por nós. — Se vocês deixarem, daqui a pouco ele vai estar controlando toda sua vida. Ele é seu irmão, não seu dono. E Jaehyun é o melhor amigo dele. Ele deveria querer ver vocês dois felizes.

Não respondo, porque como na noite anterior, me sinto febril e cansado de toda essa situação.

— Nós ainda somos amigos? — pergunto, ouvindo minha voz ecoar no espaço vazio da plateia. — Quer dizer, eu sei que não, mas vamos voltar a ser um dia?

Blame » dojaeOnde histórias criam vida. Descubra agora