Capítulo 28 - Dy

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— Taehee! — chamo, indo atrás dela assim que Jaehyun me solta. Eu deveria saber que a probabilidade dela vir até a biblioteca não era tão baixa assim. Quer dizer, ela normalmente só aparece depois de todas as nossas aulas, então pensei que estaríamos seguros se nos esgueirassemos no primeiro tempo antes do intervalo. — Hee, espera.

— Não acredito que você fez isso! — ela grita de uma forma tão estranha que não consigo entender. Eu a persigo, sem desistir, mesmo quando chamamos a atenção de algumas pessoas que estão estudando nas mesas privativas. Ela para, sendo segurada pelas minhas mãos e eu finalmente percebo suas lágrimas. Ok, não achei que magoá-la pudesse doer tanto. Mas dói, e dói tanto que estou quase chorando também. — Você sabia! — Ela bate no meu peito. — Você sabia o quanto eu gostava dele! Como você pôde? Eu sou sua amiga, Doyoung! Achei que você se importava comigo, achei...

— Eu não queria — digo, com a voz tremendo. Ela para de falar e me escuta com a boca entreaberta. — Eu não queria magoar você.

Sua atenção se dissipa assim que fecho minha boca e mordo meu lábio para tentar afastar as lágrimas. Mas ela está entendendo tudo errado. Consigo enxergar sua mente trabalhando em juntar as coisas, em preencher algumas lacunas. Ela sorri com deboche, como se não acreditasse em mim.

— Me polpe. Você sabia que eu gostava dele e ficou com ele só porque estava irritado comigo. Eu sabia que você odiava quando eu falava dele. Tentei te entender, porque vocês se odiavam. Não falei mais dele com você, mas me doía fazer isso porque você era meu melhor amigo. Era a pessoa com quem eu deveria poder falar se estivesse apaixonada. Você me deixou de fora e se afastou e eu... Eu senti que era tudo culpa minha, porque tinha que gostar de alguém que você nunca iria aprovar...

Fico sem palavras. Tão surpreso que nem consigo respirar direito.

— Eu nunca pensei que você pudesse fazer isso comigo. Nunca. — Ela se solta e dá um passo para trás com a expressão mais irritada que eu já vi em seu rosto. Com decepção estampada e reservada para mim. — Você não precisava ter tirado ele de mim. Você-

— "De você"? — eu repito, atordoado. — Ele nunca foi seu, Hee. Cai na real. Você acha que eu iria querer te magoar nesse nível? Que eu faria uma coisa dessas? Se você acredita mesmo que eu faria isso então nunca fomos amigos.

— Por que mais você faria isso?! — Ela chora entre cada palavra, as lágrimas borram a maquiagem que ela usa nos olhos.

— Porque eu gosto dele!

Merda. Droga, droga, droga. Cacete.

Seu rosto cai completamente em choque.

— Ele nunca foi seu — deixo as palavras fluírem sem pensar mais no que estou fazendo. — Eu não fiz isso pra te magoar. Eu queria te contar, mas como eu poderia dizer qualquer coisa quando você fez isso primeiro? Quando ficava fantasiando com a ideia estúpida de vocês dois juntos?

"Você ficava procurando significado em cada coisa que ele fazia e isso me irritava tanto que eu me odiava por sentir raiva de você. Eu não podia te contar o que eu sabia, porque não podia nem admitir para mim mesmo. Você não tinha culpa pelo que eu sentia."

"Só que você nunca soube nada sobre ele, e de repente veio me dizer que estava 'apaixonada'. Isso me fez pensar em tanta coisa, pelo que exatamente você estava apaixonada? Pela ideia que você criou dele? Você pensou nisso em algum momento, no quão superficial parecia?"

"Eu tentei te dar a dica de que não queria ouvir sobre o que você sentia por ele, mas você continuou forçando e me empurrando com esse assunto. Eu sei agora que foi difícil pra você, mas não ache por um segundo que foi fácil pra mim esconder tudo isso. Eu... eu realmente não queria te magoar."

Sinto uma pessoa se aproximar de nós, mas não quero terminar essa conversa assim.

— Eu gosto dele. Talvez mais do que isso — admito.

— Todo esse tempo... — Ela se afasta mais, sua expressão ficando mais feia conforme ela fala e percebe o que eu disse. — Você estava... com ciúmes. Você estava com ciúmes porque eu disse que gostava dele. Quando eu disse que ele estava olhando para mim... Meu deus, Doyoung. Você é um hipócrita do caralho. Como eu saberia se, toda vez que você olhava para ele, parecia prestes a explodir. Eu achei que vocês se odiavam. Mas agora eu entendi. Deu pra entender bem o quanto você o queria enquanto comparava quem gostava mais dele. Enquanto me via como uma garota idiota falando bobagem. — Ela olha para a garota que coloca uma mão em seu braço e percebo que sei o nome dela. Eu sei quem ela é. Mas Hee continua o que quer dizer e a ignora: — Foda-se se você acha que meus sentimentos por ele não eram genuínos o suficiente.

— Vocês deveriam falar disso em outro lugar — Minji diz com gentileza, fazendo um gesto de "cuido disso" para o bibliotecário que estava prestes a nos dar uma bronca.

— Não precisamos. Não tenho nada pra dizer pra ele — Taehee fala alto para eu escutar bem cada palavra. Seu rosto se contorce tentando conter algum sentimento quando ela olha por cima do meu ombro, mas ela não fica tempo suficiente para eu saber o que é.

Minji coloca a mão no meu ombro e pergunta suavemente:

— Tudo bem?

Eu não sei. Não sei de nada.

— Vem, vamos sair daqui — diz Jaehyun, atrás de mim. Ele segura minha mão sem ligar para os alunos nos assistindo, mas eu a solto, com medo disso chegar a Daesun também. Ele não precisa passar pelo mesmo que eu passei com a Hee.

Mas eu também não quero magoá-lo, então explico:

— Só por precaução — digo baixinho.

Ele assente e troca um olhar com Minji.

A líder de torcida parece desaprovar alguma coisa, mas ele balança a cabeça para ela e me segue para fora da biblioteca sem dizer mais nada.

Blame » dojaeOnde histórias criam vida. Descubra agora