— Sério, foi sem querer. Acho que ele ficou mal com isso. — Por mais que Daesun repita isso de novo, não consigo desapegar do desespero que senti quando o salvei de um quase atropelamento. Ele nota, porque fecha a porta do carro de seu pai – que está esperando por Doyoung ainda – e encosta contra ela de braços cruzados. — Estou bem, Jaehyun. Nada aconteceu.
— Poderia.
— Você parece com meus pais agora. — Ele se afasta do carro e descruza os braços para tocar meu ombro. — Relaxe. Vamos para minha casa e depois encontrar com o pessoal na casa da Taeha.
— Tudo bem. Vou buscar a chave da minha moto. — Toco meus bolsos, já sabendo que não está ali. — Deixei no meu armário.
— Tá bom. Pai, vamos indo. Você vai acabar perdendo seu horário de almoço se continuar esperando por ele. Doyoung vai ficar bem, vou avisar pra ele que fomos na frente e ele pode pedir um Uber ou uma carona pra alguém.
Escuto isso enquanto me afasto deles, então minha mente viaja da chave no meu armário para onde Doyoung estaria na escola. Ele voltou para lá. Eu sei exatamente onde é sua sala, mas não acho que ele teria ido lá. Quer dizer, não vou procurá-lo, mas se eu fosse... onde ele estaria?
E se foi apenas um acidente, por que ele continuou calado como se odiasse nós dois, e não disse nada?
Sei que mereço parte dessa raiva, mas nunca imaginei que ele faria algo assim. Na verdade, não acredito. Agora que penso com a cabeça limpa, sei que foi realmente um acidente. Quanto a maneira como seus olhos estavam arregalados? Talvez fosse medo e não culpa, por tê-lo empurrado.
Abro meu armário e pego a chave pendurada na porta, mas antes de fechar, observo minhas fotos com meu melhor amigo. Em uma ele está sendo carregado por mim e na outra nós dois estamos muito bêbados em uma festa dos nossos colegas na casa da Taeha, rindo como doidos; há uma com meus pais, outra comigo mais novo quando ainda jogava no clube de futebol e meu dente de leite tinha caído por causa de uma bolada que levei. Tive um problema com o garoto que chutou aquela bola e meus pais foram me buscar, mas depois que conversamos eles me levaram para tomar sorvete e tiraram aquela outra foto em família.
Desvio o olhar para a minha queimadura enfaixada e a chave entre meus dedos. Fecho meu armário e suspiro. Droga, vou buscar ele.
Onde Doyoung estaria? É só nisso que penso enquanto corro de uma sala para a outra, ignorando o olhar do zelador e dos faxineiros que ficaram para trás para aproveitar o espaço vazio e trabalhar.
Eu espero que ele ainda esteja aqui e não tenha ido embora com todo mundo ou vou acabar de mau humor pelo resto do dia.
— Doyoung? — chamo baixinho no banheiro, mas as portas estão todas abertas e ele parece vazio. Droga, onde ele foi?
Continuo procurando, mas honestamente? Sinto-me um pouco idiota quanto mais tempo demoro para encontrá-lo.
— Jaehyun?
Viro no meio do corredor e o encontro parado atrás de mim. Ou melhor, ele me encontra.
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Blame » dojae
FanfictionApós as férias, Doyoung retorna para o último semestre de aulas antes do seu último ano e precisa enfrentar as consequências de um acidente que mudou, talvez para sempre, a dinâmica da sua família e ele mesmo. Mas além disso, precisa enfrentar a últ...