Meu celular vibra de novo no meu bolso, mas eu nem penso em encostar nele enquanto tomo meu café da manhã com Daesun me encarando de vez em quando.
Meu pai lê um jornal em silêncio e eu mastigo meu cereal como se não estivesse ansioso pra ver a mensagem do Jaehyun.
— Daesun — meu pai o chama. — Por que você tá olhando desse jeito pro Doyoung? O que aconteceu?
— Nada, pai. — Ele tosse e toma o café da sua xícara. — Acho que fiquei surpreso ontem. — Ele sorri por trás do objeto e eu lhe dou um chute por baixo da mesa. Ele chuta de volta. — Porque o Doyoung nunca vai em festas.
Meu pai vira a cabeça na minha direção.
— É verdade, você nunca gostou de sair de casa. Se divertiu?
— Oh, se ele se divertiu — Daesun provoca e eu o chuto de novo. Dessa vez pareço acertar sua canela e ele faz uma careta de dor.
— Foi tão ruim quanto todas as outras vezes — digo, olhando feio pro meu irmão. — Eu só fui porque meus amigos insistiram.
— Não parecia.
Abro a boca para mandar ele ficar calado, mas nada sai quando olho por cima do ombro do meu irmão e vejo minha mãe fora do quarto. Ela tomou banho, tirou o pijama de sempre, se arrumou.
Meu pai levanta, tão surpreso quanto nós dois, e afasta uma cadeira para ela sentar.
— O que quer para o café da manhã? — ele diz depois de deixar um beijo na testa dela e se afastar para a cozinha.
— O que tiver, querido. — Ela sorri para mim e para o meu irmão, mas acho que nenhum de nós retribui.
Ele e eu trocamos um olhar breve, ao invés disso.
— Pai, a vovó disse que viria hoje? — Daesun pergunta, evitando o elefante na sala. Eu não sei nada sobre uma visita dela, então imagino que ele esteja sugerindo chamar ela para ficar com a mamãe enquanto não tem ninguém em casa. Não que ela apresente algum perigo, mas só por garantia, é melhor alguém ficar de olho nela.
— Eu vou confirmar com ela — nosso pai grita de volta.
Daesun levanta e coloca um copo limpo na frente da mamãe, que sorri de novo como se não fizesse meses desde a última vez que ela saiu da cama e sorriu assim.
— Obrigada, filho. Então, Doyoung saiu ontem? — Ela olha para mim e eu congelo.
— Só fui ver a Hee e o Taeyong — digo, amenizando a informação. Minha mãe não gosta mais de festas, acho que porque ela também sabe que se Daesun não tivesse dado uma naquele dia, nada disso teria acontecido.
— Hm. Como ela está, a Hee? Ela nunca mais veio aqui, não é? — Ela agradece o papai quando ele serve o café da manhã para ela e dá uma mordida.
— Ela fica na biblioteca depois da aula.
Daesun franze a testa para mim.
— Fazendo o quê? — ele se intromete.
— Deve ser cozinhando — digo, sarcástico.
Daesun me mostra o dedo do meio e ambos os meus pais o repreendem.
É um pouco barulhento, mas é confortável. Às vezes sinto saudade disso, de sermos uma família.
— Temos que ir, ou vamos nos atrasar — meu pai diz antes de dar um beijo nela e juntar as louças. — Sua mãe deve chegar daqui a pouco — ele a avisa.
— Não preciso de babá — mamãe responde secamente. Nós a encaramos, mas ela não olha para nós.
— Ela não é sua babá, é sua mãe. Só quer ver como você está. — Meu pai segura o ombro dela e sorri gentilmente, com paciência. — Vai ser bom alguém pra pegar um pouco no seu pé.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Blame » dojae
ФанфикApós as férias, Doyoung retorna para o último semestre de aulas antes do seu último ano e precisa enfrentar as consequências de um acidente que mudou, talvez para sempre, a dinâmica da sua família e ele mesmo. Mas além disso, precisa enfrentar a últ...