Consertar o que se quebrou há muito tempo.

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Ás seis e meia da manhã, eu já estava fora da cama com a minha roupa de corrida, os tênis calçados e as músicas da Taylor Swift no volume máximo nos meus fones de ouvido.

Correr pela manha me ajudava a pensar, a pôr as ideias no lugar.

Era praticamente um ritual para mim.

O sol estava nascendo quando eu cheguei à praia. O azul se misturando com laranja, o rosa e o amarelo no céu.

Depois de cinco músicas, encontrei meu parceiro de corridas – ou de caminhadas.

Desacelerei e me apoiei nos joelhos, ofegante, tentando recuperar o folego. Matthew me entregou uma garrafinha de água bem gelada.

– Você e esse seu mau hábito de nunca trazer uma garrafa de água. – o ruivo falou.

– Para que vou me dar o trabalho de trazer uma garrafa, se eu sei que você sempre vai trazer uma para mim, Matty?

Ele revirou os olhos.

Tomei um longo gole de água.

Matthew Parker e eu nos conhecemos pouco depois que me mudei para San Diego. Ele é dono de uma escola de surf na região – a Aquamarine – e também tem o hábito de caminhar de manhã.

Instantaneamente nos tornamos amigos.

– E então? Conseguiu conversar com Eros? – perguntou ele.

Encarei o horizonte, evitando responder essa pergunta.

– Charlotte..

– Eu sei, eu sei. Tenho que conversar com ele. E talvez... tentar concertar essa situação. – murmurei.

– Char, você não fez nada de errado. – apoiou sua mão em meu ombro.

Respirei fundo mais uma vez e bebi mais água.

– Preciso de um dos seus conselhos de irmão mais velho. – falei.

Matthew pareceu hesitante antes de falar:

– Às vezes, não há como concertar algo que foi quebrado há tanto tempo. – saiu baixinho.

Não perguntei o que ele quis dizer com aquilo.


Hoje, tivemos que dar carona a Vanessa, a irmã mais nova de Violeta e minha prima caçula, por isso, não consegui procurar por Eros antes das aulas começarem.

Porém, o encontrei na hora do almoço, sentado na mesa junto ao resto do time de futebol americano e algumas das líderes de torcida.

Eu odiava todos eles.

Limpei a garganta, chamando sua atenção.

– Podemos conversar? – perguntei.

– Ah, agora você quer conversar?

– Eros, por favor.

Ele se virou para os amigos, avisando que voltava em um instante. Saí do refeitório com ele em meu encalce. Me apoiei em uma das paredes e cruzei os braços.

– Desculpe por ter ignorado suas mensagens ontem. Estive ocupada. – falei.

– Ocupada com o Di Laurentis?

O encarei, incrédula.

– Será que pode parar com a infantilidade por alguns instantes? Estou aqui, engolindo meu orgulho e quase que implorando por perdão.

Ele pressionou a língua contra a bochecha. Não retrucou. Acho que estava me ouvindo.

– Quero te recompensar. Podemos sair no domingo. – falei, me desencostando da parede e me aproximando dele. – Eu e você, em Santa Monica, o que acha?

HEART RACEOnde histórias criam vida. Descubra agora