Arrependimento.

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Minhas bochechas ainda estavam úmidas quando entrei na picape de Henry. Pus o enorme leão de pelúcia entre nós dois e me apoiei contra ele, usando-o de travesseiro.

– Quer conversar? – perguntou, com o carro ainda parado.

Neguei com a cabeça. Sabia que se abrisse a boca para responder, voltaria a chorar.

– Antes de eu me calar, só quero dizer que vermelho é a sua cor, devia usar com mais frequência.

Murmurei um agradecimento.

E então, ele começou a dirigir.

Demorei cerca de meia hora para perceber que Taylor Swift ecoava pelos alto-falantes do carro.

– Então, além de ser fã do ABBA, James Dean também é fã da Taylor? – perguntei, baixinho.

Henry pareceu um tanto surpreso por ouvir-me falar, mas abriu um sorrisinho.

– Eu sou uma caixinha de surpresas, Charlotte Perez-Peterson. – deu uma piscadela.

Abri um fraco sorriso. Depois de um minuto, perguntei:

– São duas horas de San Diego até Santa Mônica. Mas, você estava a quinze minutos de lá quando te liguei.

Ele deu de ombros.

– Acho que foi instinto.

– Como sabia que eu ia recorrer a você? – sussurrei.

– Não sabia. Mas esperava que fosse.

Henry desceu junto a mim quando chegamos à minha casa, sua mão repousando na base da minha coluna, como se procurasse me oferecer apoio. Não o afastei.

A porta foi aberta por Maya, que arregalou os olhos ao ver o meu estado.

Violeta apareceu detrás dela, e foi aí que eu desabei em lagrimas mais uma vez.

Os próximos acontecimentos passaram como um borrão. Ouvi a voz de tio Victor, a de Henry e até a de Nessa.

Senti o sofá macio debaixo de mim. – ou será que era a minha cama?

Alguém me deu um gole d'água e então, caí no sono.

Na manhã seguinte, acordei na minha cama e – surpreendentemente – de pijama.

Eram seis da manhã em ponto e o sol californiano brilhava lá fora. Me sentia ansiosa e um tanto atordoada. Precisava sair de casa.

Peguei minhas roupas de corrida e calcei os tênis. Peguei uma maçã na fruteira e pus os fones de ouvido.

Simplesmente comecei a correr, sem prestar atenção nos meus arredores. E só parei quando tombei com Matthew, já na praia.

– Bom dia para você também. – falou.

Me apoiei nele, recuperando o folego.

– Desculpe- eu- oi. Bom dia, Matty.

Estava ofegante demais.

Forcei um sorriso para o ruivo, que franziu o cenho.

– O que houve? – perguntou, o sorriso se desmanchando.

Senti as lágrimas se acumulando nos cantos dos olhos novamente.

– Eros e eu terminamos. – falei, sentindo a garganta apertar.

Seus braços me envolveram num abraço confortável e permiti que algumas lágrimas caíssem.

– Dói tanto, Matty.

HEART RACEOnde histórias criam vida. Descubra agora