A Grande Guerra.

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Em trinta de novembro, ocorreu o julgamento de Reese, Eros e Marcus Leclerc. A "família" de Vênus.

Quando descobri que eu iria depor, minhas mãos começaram a suar e meu coração começou a bater mais rápido. O gosto amargo na minha boca permaneceu durante o dia inteiro.

Não havia outra cor para aquela ocasião além do preto. A única cor que se destoava das outras era o vermelho dos cabelos de Vênus.

Mordi o interior da bochecha todas as vezes que Eros sequer olhava para mim.

Eu não estava somente depondo contra o irmão mais velho de uma colega de equipe. Estava depondo contra o irmão mais velho da garota que considero minha própria irmã.

Estava depondo contra meu ex-namorado abusivo, narcisista e manipulador.

Estava depondo contra meu primeiro namorado. Meu primeiro beijo.

Meu primeiro amor.

Jurei que falaria somente a verdade na frente daquelas pessoas. E foi isso que eu fiz.

– Senhorita Peterson, é verdade que você e o senhor Eros Leclerc estiveram em um relacionamento amoroso por dois anos? – perguntou o advogado dos Leclerc.

– Sim, é verdade.

– Ele, em algum momento, foi fisicamente agressivo com a senhorita? – tombou a cabeça para o lado, soando quadro sínico.

– Não. Não foi. – respondi.

Engoli em seco

Meu corpo inteiro vibrava em tensão, medo. Eu conseguia ouvir a minha própria frequência cardíaca.

Não tinha coragem de encarar ninguém além daquele advogado com os olhos frios e semblante sério, quase como o de um cadáver.

– Então, por quê seu relacionamento foi descrito como abusivo? – perguntou.

Suspirei.

– Abuso não é somente físico, senhor. – respondi. – Eros era o namorado perfeito, pelo menos foi, durante cerca de quatro meses. – meneei a cabeça. – Então, o ciúme excessivo começou. Eu não podia usar certas roupas, falar certas coisas, andar com certas pessoas...

E então, meu olhar encontrou o de Henry, sentado a alguns metros de mim. Meus olhos se encheram de lágrimas.

– O amor cega. – falei, num fio de voz. – E eu fui.. completamente cegada por ele. Eu não percebia a falta do amor, a falta do carinho. Eu já estava tão acostumada com esse comportamento...

As lágrimas rolavam por minhas bochechas.

– Todos ao meu redor viam isso. Eu não.

Enxuguei os olhos com as mangas compridas do vestido.

– Você já presenciou algum tipo de agressão do senhor Eros em relação à sua irmã mais nova? – perguntou, frio e curto.

– Agressão física? Não. Verbal? Mais vezes do que consigo contar. – admiti. – Por muito tempo achei que era algo normal entre irmãos. Mas depois que prestei mais atenção e comparei com outras dinâmicas familiares, percebi que não era. Vênus e Eros nunca se amaram.

Vênus e Eros nunca se amaram da forma como Violeta e Nessa se amam.

Ou como Annie e Milo se amam.

Ou como Henry e Wendy.

– Como pode afirmar isso? – perguntou, cético.

– Ações dizem mais que mil palavras, senhor.

HEART RACEOnde histórias criam vida. Descubra agora