No caminho de duas horas entre San Diego e Santa Monica, Eros e eu trocamos poucas palavras. As músicas genéricas do rádio eram a única coisa que preenchiam o carro.
A Mercedes impecável de Eros sempre cheirava a um enjoado e forte perfume masculino, que me deixava nauseada.
Quando ele estacionou eu praticamente pulei do carro. A brisa do fim de verão ajudou para que o enjoo passasse.
Admirei os enormes brinquedos, as coloridas barracas e o mar, sorrindo como uma criança.
– Aonde que ir primeiro? – perguntou.
Torci o nariz, pensando.
– Vamos no tiro ao alvo, quero ganhar um daqueles leões de pelúcia.
Me sentia com cinco anos novamente.
O Leclerc deu cinco dólares para o dono da barraquinha e me entregou cinco bolinhas de tênis para que eu derrubasse todas as garrafas empilhadas.
Somente com uma bola, derrubei três delas.
– Essa é a minha garota. – ele sorriu orgulhoso.
E me alegrei ao satisfaze-lo.
Todas as garrafas estavam no chão quando acertei a quinta bola. O funcionário me entregou o enorme leão de pelúcia e o abracei com força.
– Porque o leão?
Dei de ombros.
– Gosto de leões, eles são fortes, bonitos e os reis da selva. – Eros riu.
Ele passou o braço pelos meus ombros e beijou minha têmpora.
– Quer ir na montanha-russa?
Antes que eu pudesse responder, senti o bolso de trás do meu short vibrar. Era uma mensagem de Vênus, mais uma vez me questionando se estava tudo bem.
Respondi com um simples: sim, relaxe.
E então veio a sua resposta:
Henry não foi embora.
Tá aqui, com cara de quem comeu tacos estragados.
V, isso não é problema meu.
Tenho certeza de que ela revirou os olhos.
Desliguei o celular e o enfiei no bolso do short novamente.
– Pronta, senhorita Peterson? – Eros me perguntou, com uma certa expectativa.
– Sim, senhor Leclerc.
Ele entrelaçou nossas mãos.
Mas segurança alguma foi transmitida.
No fim da tarde, nos sentamos em um banco, cada um com um churros em mãos.
– Precisávamos disso. Um momento apenas eu e você. Sem ter que nos preocupar com nada. Nem mesmo com Henry.
– Precisava mesmo menciona-lo agora? Estamos bem. Estamos felizes! Deixe-o fora disso, pelo amor de Deus. – pedi.
– Você não vê mesmo não é? Ele tá praticamente caindo ao seus pés! Faz o que você manda e te segue feito um cachorrinho!
– Mas eu não o quero! Não o amo. Eu amo você! – exclamei.
– Mas ele te ama.
O churros já estava caído no chão, e as lágrimas queimavam meus olhos.
– Não me importo com o que o Di Laurentis sente. Eu amo você e apenas você. Não confia em mim?
Ele desviou seu olhar para o chão.
Foi aí que meu coração se quebrou em um milhão de pedacinhos.
Meu peito pesou, e por um minuto, foi difícil respirar.
E então, entendi. Eu poderia dar o meu tudo para Eros, meu tempo, meu amor, mas, nunca seria o suficiente.
– Você não confia em mim. – sussurrei.
– O que você faria se estivesse no meu lugar?
– Iria confiar em você! De olhos fechados! Que merda, Eros. – minha voz já estava falha e rouca. – Eu te amo. Mas, eu não consigo.. não mais. Não dá.
– Charlotte..
Evitei seus olhos a todo custo.
– Eu te dei tudo. Tudo que pude te dar. – chorei. – Eu te priorizei em todos os momentos possíveis. Mas eu cansei, cansei de te defender e de me moldar e remoldar para manter a nossa relação, que há muito tempo está por um triz.
– Char, por favor. – pediu, segurando meus quadris.
Engasguei com o ar.
– Para, por favor. Eles estavam certos. Todos eles. Não posso concertar o se quebrou há tanto tempo.
Ele beijou meus cabelos. Ele estava triste, mas apenas eu chorava.
Tirei suas mãos de mim, e me afastei.
– Acabou, Eros. Você me perdeu.
Chorando e soluçando, caminhei até que ele não pudesse mais me ver.
Me sentei na areia, encarando o pôr do sol. Fechei os olhos e chorei.
Chorei pois sabia. Sabia que era a coisa certa a se fazer.
Sabia que eu merecia mais.
Chorei porquê meu coração já não batia por ele da mesma forma.
O nó em meu peito se apertou ainda mais.
Peguei meu celular e disquei aquele número sem ao menos perceber o que eu estava fazendo.
Um toque, dois toques até a ligação ser aceita.
– Acabou. – falei, rouca. – Pode.. vir me buscar, por favor?
– Aguenta aí, chego em quinze minutos, Cachos.
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HEART RACE
RomanceCharlotte Perez-Peterson, uma estrela juvenil do kart, se muda para a Califórnia buscando o sucesso. Três anos depois, Charlotte percebe que a sua vida perfeita em San Diego não é exatamente o que parece. Principalmente quando se trata do seu coleg...