Os Leclerc.

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Um mês.

Um mês desde que fui suspensa do kartódromo.

Um mês desde que Vênus passou a ser minha colega de quarto.

Na véspera do Halloween, o bairro inteiro já estava no clima. Abóboras, teias de aranha e esqueletos enfeitavam as casas da vizinhança.

Annie conversou com Jacob há alguns dias e percebeu que, ela realmente merecia coisa melhor. – Cole se satisfez com a notícia de que eles não voltariam a se ver.

Durante a minha corrida matinal, pensava apenas em Vênus e na sua situação familiar. O senhor e a senhora Leclerc foram alertados sobre a denúncia, assim como Eros.

O caso seria levado à Corte, e em nenhum momento os pais da menina de cabelos vermelhos entraram em contato com ela ou com tio Victor, o responsável temporário por ela.

– Consigo ver as engrenagens rodando no seu cérebro. – disse Matthew, me acompanhando, na caminhada. – No que essa sua cabecinha brilhante tanto pensa?

Abri um fraco sorriso, quase forçado.

– Em mim, em Vênus. – dei de ombros.

– Em Henry?

Confesso que depois da corrida e da delegacia, me peguei pensando no Di Laurentis com mais frequência.

Principalmente no fato de que ele não tinha para quem ligar na delegacia. Isso era estranho.

Muito estranho.

– Talvez. – um sorrisinho cresceu na face do ruivo. – Matthew, quando foi que a minha virou uma novela que a minha avó provavelmente assistiria?

– Quando você veio para a California. – dei uma risada. – Seja sincera, você viveria esse tipo de coisa em Boston?

Torci os lábios.

– Provavelmente não.

– Exato.

Nos sentamos em um banco, perto o suficiente da praia, o braço dele apoiado atras de mim, me aconcheguei em seu ombro.

– Vai dar tudo certo, Char.

– Eu espero, realmente espero.


Quando cheguei em casa, me deparei com Maya, Henry e Vênus devorando uma pilha de panquecas cada.

– Bom dia, pessoas que não moram aqui. – falei.

Eles responderam com murmúrios.

Enchi uma caneca com café e me apoiei na ilha da cozinha. Tio Victor desceu as escadas cantarolando.

– Alguém tá de bom humor. – Vênus disse.

– Ah minha querida, estou de excelente humor.

Ele depositou um rápido beijo na minha têmpora e roubou um morango do prato de Maya.

– Conseguiu um encontro? – Henry perguntou, brincando, sua face toda melecada de calda de chocolate.

Tio Victor revirou os olhos.

Reprimi uma risada, tomando outro gole de café.

– Na verdade, tenho boas notícias para vocês.

– Treinador, nós já conversamos que cupons de desconto no Starbucks não é exatamente uma boa notícia. – falei.

Ele revirou os olhos novamente.

– Se vocês me deixarem falar, vão saber que a boa notícia é que eu consegui convencer os meus superiores a deixarem Henry e Charlotte voltarem ao kartódromo.

HEART RACEOnde histórias criam vida. Descubra agora