Epílogo.

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OITO MESES DEPOIS.


Fechei a última caixa para a faculdade com dificuldade. Violeta se encostou no batente da porta aberta, me assistindo.

– Uau. – suspirou. – Que estranho, ver o seu quarto vazio.

Concordei.

– Ainda não parece real. Estou para a faculdade dos meus sonhos. – abri um sorriso quase involuntário.

Analisei o que foi o meu quarto pelos últimos quatro anos. As paredes no mais claro tom de azul, cheia de posteres de cantores, filmes e bandas.

As prateleiras com os meus livros agora estavam vazias. O quadro que pintei meses antes estava em grande destaque. As pinceladas que formavam o buquê de lírios e tulipas era um dos últimos resquícios de mim naquele quarto.

A minha cama ainda estava ali, agora já sem roupa de cama, almofadas ou cobertas.

– Vamos, eu ajudo a descer com o restante das caixas.

A entreguei as duas menores caixas e levei a maior delas.

Annie, Vênus, Cole e Milo estavam no pé da porta de casa, parecendo cachorrinhos abandonados. Coloquei a caixa no chão com um pouco de dificuldade.

– Vocês sabem que eu vou estar a algumas horas de distância, não sabem? – coloquei as mãos nos quadris.

– Mas não é a mesma coisa. – Milo disse.

– Não vamos mais te ver no kartódromo todo dia. – Cole falou.

– Nem no refeitório ou nos corredores entre as aulas. – Annie completou.

– E eu não vou mais ter a minha colega de quarto. – os olhos de Vênus estavam um tanto vermelhos.

Eles já não eram mais os mesmos de quando os conheci.

Vênus já não tinha os cabelos vermelhos, agora eles estavam castanho escuro, quase pretos. Milo já não tinha aquela rosto redondinho de criança e Annie estava praticamente da minha altura.

Eles cresceram. E agora, viveriam um novo capítulo, comigo um tanto mais distante.

Abri os braços e deixei que eles viessem até mim, num abraço apertado e reconfortante.

– Estarei em casa a tempo o suficiente para o feriado de ação de graças, prometo. – assegurei. – Dois meses são apenas sessenta dias. Passam num instante.

– Promete? – Milo murmurou contra mim.

– Eu prometo, podem até mesmo contar no calendário. Eu amo vocês.

Beijei a testa de cada um deles – ficando nas pontas dos pés para conseguir alcançar a testa de Cole.

Ele havia conseguido ficar mais alto do que eu nos últimos meses.

– Agora, façam o favor de colocar essas caixas no meu carro. Obrigada. – eles riram e obedeceram.

O meu recém-ganho carro era simplesmente perfeito. Um jipe preto, bom o suficiente para mim.

Nessa veio até mim e me entregou um cartão. Um enorme 'eu te amo' ocupava o papel inteiro, e glitter, muito glitter. Me agachei para ficar em uma altura mais próxima da dela.

– Tá incrível, Amendoim. Sério. – falei.

– Vou sentir saudades. – disse baixinho.

– Eu vou sentir ainda mais. Mas, pode me ligar a hora que quiser, está bem? – a garota assentiu. – Não importa o que eu estiver fazendo, vou te atender.

Houveram buzinas do lado de fora.

Saí de casa e me deparei com a picape preta estacionada bem na frente do meu quintal.

Corri até meu namorado e o beijei, o abraçando com força.

– Saudades? – murmurou contra meus lábios.

– Apenas quando estava respirando.

O beijei novamente.

– Vocês se viram ontem, pombinhos. Parem de se agarrar! – Vênus gritou.

Nós rimos.

– Amargurada! – gritei.

– Sou mesmo!

Gargalhei.

– Sua família tá bem? – perguntei para o meu namorado.

­– Minha mãe chorou bastante, Wendy só um pouquinho. Mas acho que elas vão ficar bem. – Henry respondeu, se encostando no carro, suas mãos ainda nos meus quadris.

– E o seu pai?

– Se fez de forte, mas sei que ele provavelmente tá chorando agora.

– Isso é coisa de pai. – dei de ombros.

Tio Victor veio até nós, já emocionado.

– Minhas crianças estão indo para a faculdade. Vocês hoje, Violeta e Maya em três dias, estou perdendo todos ao mesmo tempo.

– Ei! – os quatro mais novos exclamaram.

O treinador riu, pondo uma mão em meu ombro e a outra no de Henry.

– Quero que vocês se divirtam, mas não muito, pelo amor de Deus. – assentimos. – Sejam responsáveis, lavem suas roupas, lembrem-se de comer bem e venham nos visitar durante os feriados, está bem?

– Prometemos, treinador. – Henry assegurou.

Ele nos abraçou e beijou o topo da minha cabeça.

– Estou orgulhoso. Muito orgulhoso. E se precisarem de qualquer coisa, roupas, um conselho ou até mesmo um abraço, estarei a uma ligação de distância.

Assentimos.

Henry me ajudou a colocar a ultima caixa em meu carro. E então, estávamos prontos para ir.

Estralei os dedos um tanto nervosa.

– Ei, eu estou com você, viu? – ele segurou meu queixo, me fazendo olhar para ele.

– Para sempre?

– Até no inferno, meu amor.

Respirei fundo, uma última vez.

– Pronto? – perguntei.

– Com você? Sempre.

HEART RACEOnde histórias criam vida. Descubra agora