12 - A CARTA ANÔNIMA

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Nos dias que se seguiram, nossa rotina foi estabelecida... Eu continuei minha vida e o namoro escondido com o Tenente Braga. Estava muito feliz porque minha vida estava tranquila, mas meu castelo de cartas ia cair logo logo!

Numa quarta-feira a tarde, eu estava no paiol de bobeira... tudo estava limpo, organizado e devidamente listado, e eu estava sentado olhando para o teto enquanto pensava em tudo e fazia planos para quando terminasse o serviço militar, (Faltavam noventa e um dias!!!) Quando uma viatura da P.E. (Policia do Exercito) chegou na porta do Paiol trazendo outro soldado e convocando minha presença na Sala do General. Meu cú trancou e eu fiquei pálido, entrei na viatura quase me cagando de medo.

Ao chegar no predio onde o General tinha solicitado minha presença, eu imediatamente vi o Tenente Braga chegando também em outra viatura e entrei em Pânico.
- Marcelo, o que estamos fazendo aqui?
- Não sei, Lucianno, mas mantenha a calma!
- Como vou manter a calma, o General Dias Azevedo é rigido, se chamou a gente aqui, deve ser assunto serio. Será que ele descobriu nosso namoro?
- Seja o que for, negue... Morra negando se for necessario. Mas não deixe ele entrar no seu psicológico, por que aí vai ser pior.

Aquilo me deixou ainda mais nervoso. Eu tremia tanto que parecia estar com frio em um calor de trinta e três graus Celcius.
Ao entrar na sala do General;
- Boa tarde, senhores! (Continência)
- Boa tarde, General! (Continência)
- Sentem-se! Eu convoquei os dois até minha sala em carater de urgência por que preciso tirar uma dúvida a respeito de vocês e quero ouvir a verdade da boca de vocês, estão me entendendo?
- Sim Senhor!
- Qual é a relação de vocês?
- Amizade, Senhor! Respondeu o Tenente Braga.
- Amizade... É um sentimento, mas hoje pela manhã, eu recebi uma carta sem remetente dizendo que o que vocês dois tem é bem mais que amizade, é? Ou não é, Soldado Prado?
- Claro que não, Senhor! Apenas amizade!
- A mim, pouco importa se é amizade, ou um caso amoroso... Eu não quero ouvir burburinhos envolvendo o Tenente e o melhor soldado que temos. Estude, Prado! Daqui dez dias, você fará a prova para Segundo Sargento, evitando assim, o disse que me disse quando vocês dois forem fornicar. Dispensados, Soldados!

Nós dois saímos pálidos da sala do General. Atônitos com a tal carta anônima que nos expôs ao General como um casal. Não disse nada ao Marcelo, mas tinha na mente três pessoas que poderiam ser os autores da carta; o Cabo Silveira, o Soldado Lammar e na ultima das hipóteses, o Capitão Penacco. O primeiro por raiva e ciúmes, o segundo por tesão e o terceiro por paixão. Decidi por minha propria conta, investigar o caso. Voltei a sala do General Dias Azevedo e solicitei examinar a carta.
Ele tirou uma fotocópia e me entregou dizendo:
- Ache o abusado que escreveu acusando vocês de PEDERASTIA e o traga até minha sala. Ele vai ter que se explicar e provar o que disse, caso contrario sofrerá uma punição exemplar por levantar falso contra os companheiros de farda!
E assim que sai da sala do General comecei as investigações.

O primeiro investigado foi o Cabo Silveira. Era o mais facil, pois existia muitos papeis com a letra dele no Paiol, seria facil comparar. Eu me lembrava também que ele tinha dificuldade em escrever  em Letra corsiva (Letra de mão) por isso só escrevia com letra caixa (Letra de forma). Corri imediatamente para o Paiol, mas a letra da carta não batia com a letra dos documentos escritos por ele. Uma letra caixa pequena, mais delicada, e com floreios ao final dos "A". Então descartei o primeiro suspeito e ja fui para o segundo.

O Soldado Lammar ja era mais dificil de investigar... Ele era silencioso e desconfiado. Eu tive uma ideia meio mirabolante que o Tenente Braga não poderia nem desconfiar que eu ia fazer, mas estava sem opções. Assim que passei pelo soldado Lammar, olhei pra ele e troquei a boina de lado, o sinal para dizer que eu queria trepar gostoso com ele. Assim que ele me viu, imediatamente correu para o vestiario e ajoelhou, na esperança de chupar o meu pau ali mesmo.
- Aqui não! É arriscado, disse.
- Onde então?
- Me espere na cabana de treinamento hoje as dez da noite.
- Ok. Mas vou sem cueca que é pra facilitar você espancar minha próstata de novo.
- Beleza, mas preciso de um favor. Faz uma lista dos dez soldados que você mais confia aqui no quartel e leva pra mim.
- Pra quê?
- Depois te explico melhor... Dez da noite, sem furar, hein?!
- Ok, Soldado. Meu cuzinho ta piscando esperando a hora!

Esse tempo que eu tinha até as dez da noite eu iria usar pra pensar em um motivo para eu pedir a lista sem que ele desconfiasse. Enquanto pensava em algo, liguei para o comando da Aeronaltica e pedi para que o Penacco me fizesse um favor.
- Vigésimo oitavo Comaer, Capitão Penacco, boa tarde!
- Capitão, boa tarde! Soldado Prado do Oitavo Batalhão de infantaria Leve do Exército, tudo bem?
- Oh, meu amigo! Tudo bem e você?
- Tudo tranquilo. Penacco, preciso de um favor e só você pode me ajidar.
- Opa! Farei tudo o que estiver ao meu alcance. Me diz, o que você precisa?
- Preciso que você me escreva uma carta de proprio punho comunicando o seu interesse em minha transferência do Exército para a Aeronaltica.
- Mas você quer fazer esta transferência?
- Sim. Na realidade eu preciso me afastar daqui.
- Tudo bem, escreverei e mandarei entregar ao General Dias Azevedo ainda hoje.
- Enderece a carta a mim. Faço questão de eu mesmo entregar a carta ao general para manifestar meu interesse na transferência.
- Ok então. Assim será feito.
- Obrigado, Capitão!
- Disponha, soldado!

Assim que eu desliguei o telefone, comecei a suar frio pensando em como me livrar de tudo isso. Fugir do Lammar e do Penacco não vai ser tarefa facil.
Aquela tarde foi tensa mas tive que cumprir direitinho o meu papel.

DESEJO CAMUFLADOOnde histórias criam vida. Descubra agora