24 - DIAS NUBLADOS À FRENTE.

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Aquele sabado foi crucial para que eu percebesse que a historia de obsessão do Marcelo era muito mais profunda do que eu poderia imaginar. Ele tinha problemas seríssimos e nós, de certa maneira, corriamos perigo.

Se tem uma coisa da qual eu me orgulho desde pequeno, é do meu Sexto sentido e ele estava apitando no máximo apos o showzinho ébrio do Marcelo. Algo dentro de mim gritava me colocando em modo alerta e eu ja comecei a me preocupar.

Mais tarde, naquele mesmo dia, eu me propus a investigar aquela historia, algo não encaixava e eu estava disposto a descobrir o que era. Foi um final de semana gostoso por que eu estava com o Leandro, porém foi tenso por que eu não conseguia tirar aquela historia da cabeça. Na segunda feira, eu fui a fundo na historia, descobrindo onde foi o atropelamento.
- Foi na Avenida dos Imigrantes proximo a Borracharia do Maneco alí no centro. Era umas vinte pras dez da noite, me lembro bem dessa historia. Relatou o General Dias Azevedo, lamentando a morte da mulher e do bebê.
Eu conhecia o Junior, filho do Maneco, eles ali eram meio paranóicos por causa de uns incêndios provocados por um concorrente do Maneco. O local era cheio de cameras de segurança. Na hora uma luz me invadiu o pensamento e eu pedi licença ao General pra poder ir até a borracharia. Chegando lá,  pedi para ver o arquivo de imagens do ano em que aconteceu o acidente. O Maneco era super encanado e tinha tudo arquivado. Encontrei a imagem do acidente e foi algo horrivel. O carro em alta velocidade subiu na calçada e pegou a moça gravida a atingindo e a arremessando a uma distancia absurda igual a uma boneca de pano, quando esse carro parou, eu consegui ver a placa do carro. Anotei a placa e fui ate o departamento de trânsito para tentar conseguir informações, mas nem me deram ouvidos, então voltei ao quartel e pedi a ajuda do General e acredite; - Em menos de uma hora estava em minhas mãos os relatorios de propriedade daquele veículo. Aí a pulga atras da minha orelha confirmou o que eu suspeitava de verdade.

Segundo os registros, na data do acidente fatal da mulher, o carro pertencia a Henrique Fanuel de Souza Braga, o pai do Marcelo.
Bingo! Misterio resolvido. Como o Marcelo era obsecado pelo Leandro e descobriu que ele seria pai, decidiu tirar os obstaculos do caminho, atropelando a mãe do filho do Leandro e matando ambos para ficar com o Capitão Leandro Dias Penacco!

Naquela tarde, acionei a policia do Exercito e o General Dias Azevedo, apresentei as provas, mostrei os registros e encerrei um ciclo que ja durava cinco anos, Leandro chorou muito por que não esperava o desfecho que a historia teria, mas também ficou aliviado por que o Responsavel pagaria pelo crime de acordo com a Lei.
Assim que o General deu a ordem, a Policia do Exercito localizou o Tenente Braga e o levou sob custodia para que o mesmo aguardasse julgamento mediante as provas apresentadas, era um problema a menos pra me preocupar, o Tenente Braga preso não ofereceria riscos e até o julgamento dele acontecer, eu não estaria mais no quartel, a final, faltavam apenas trinta e nove dias para a minha formatura e eu não via a hora de sair dalí, arrumar um emprego e alugar uma casa pra viver minha vida.

Um pouco antes da janta, eu ja estava de banho tomado e pronto pra ir pro alojamento, quando o Soldado Souza me chamou;
- Prado, o General Dias Azevedo deseja vê-lo em seu gabinete agora.
- Agora? Eu ja estava indo para o Refeitorio!
- Ele solicitou sua presença com prioridade no gabinete dele. Apresse-se!
- Positivo, soldado! Ja estou indo!
Troquei rapidamente de roupa e fui atender o chamado do General, porém, no meio do Caminho, encontrei o Soldado Lammar e o Cb. Silveira que também estavam indo para o Gabinete.

Chegando no gabinete do General, ele estava com uma cara de pesar, na hora um gosto amargo tomou minha boca.
- Rapazes, o Tenente Braga tentou suicídio agora de tarde na sela do Xadrez.
- Como assim?! Deixaram ele em uma cela sozinho?!
- Sim. Por ser tenente, ele tem direito a uma cela separada dos demais.
- General, com todo o respeito, mas tanto o Prado, quando o Lammar e eu sabemos que para escapar das consequências, o Tenente Braga é capaz de tudo! - Disse o Cb. Silveira.
- De fato, o caso do Tenente Braga é de internação em ala psiquiatrica. O que ele fez com o Silveira, com o Praddo, com o Cap. Penacco e comigo não é coisa de gente normal.
- É General, como ja dizia meu pai, o seu Luiz Prado; - Quer saber do que uma pessoa é capaz? De poder a ela.
- Eu os reuní aqui para informar que o Tenente Braga esta desacordado, sedado e vigiado na enfermaria do quartel, coloquei alguns soldados para montar guarda na porta e na janela da enfermaria, mas, tomem cuidado. Do Tenente Braga eu espero qualquer coisa!

Saimos do Gabinete do General desolados.  Preocupados e temendo pela propria vida. O Soldado Lammar, olhando para o Cb. Silveira disse;
- Aquilo que a gente conversou ontem a noite, teremos que colocar em pratica.
- Verdade Lammar. Vou falar amanhã com o General Dias Azevedo e ja me preparar.
- Do que vocês dois estão falando?
- Prado, o Cb. Silveira e eu estamos juntos, vamos pedir dispensa e ir embora morar juntos, como o casal que somos!
- Que show! Fico feliz por vocês! Eu também quero morar junto com o Cap. Penacco, mas vou primeiro morar sozinho pra poder preparar o terreno.
- Preparar o terreno? Pra quê? Vocês não se gostam?
- Sim, mas tem minha familia e eu não quero viver dentro de um armário de quartel. Quero poder leva-lo pra conhecer meus pais, como ele fez comigo, pretendo me casar e quando eu fizer isso,vocês dois serão meus padrinhos.

Aquele dia foi tenso, mas ia ficar ainda mais tenso com as coisas que viriam a acontecer mais tarde!

DESEJO CAMUFLADOOnde histórias criam vida. Descubra agora