15 - EU VOU BRIGAR POR VOCÊ!

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Eu me conheço e quando perco a confiança em alguém, é para sempre. Meu amigo Adnan sempre me disse que eu tenho um coração de ouro, nervos de aço e confiança de um fino Cristal. A pessoa que traiu minha confiança pode morrer tentando reconquista-la e não consegue.

Faltando dois meses para a minha formatura, o Marcelo veio mais uma vez tentar reatar o relacionamento que tinhamos, e mais uma vez voltou pra sala dele chorando. Eu sou irredutível quando quero.

Cerca de uma semana depois da nossa ultima conversa, eu ja estava subindo pelas paredes e precisava foder pra aliviar o stress. O Cb. Silveira estava indisponível, o Soldado Lammar estava longe, o soldado Rodrigo comprometido e fiel; Quem poderia gozar comigo? Na hora lembrei do unico nome que não havia cogitado: - Capitão Penacco!

Subi até a sala e liguei para o Comando da FAB e advinha quem me atendeu de primeira? O proprio.
Eu chamei ele pra conversar, ele topou na hora, estavamos os dois de folga e com tempo livre de sobra!
Estava tudo ok para aquele final de semana, eu estava empolgado de mais pra aquele encontro... Ja ficava de pau duraço só em pensar no Penacco. Ele era gostoso de mais e agora que eu estava solteiro, ia investir todas as minhas fichas nele.

Na quinta-feira daquela semana, eu recebi um memorando no Paiol onde o Tenente Braga dizia; - Eu vou brigar por você, pra te reconquistar e pra ser feliz contigo!
Imediatamente eu respondi:
- Nem tente. Eu ja vou sair daqui e me livrar desse fardo! O que vivemos foi bom, mas passou! Me esquece! - E enviei de volta pelo mensageiro.

No final daquela tarde, eu ja estava acertando tudo pra fechar o Paiol, quando ouvi o portão da entrada sendo trancado, me desesperei e corri pra avisar que eu ainda estava ali, quando me surpreendi com o Tenente Braga segurando a chave nú e excitado. Tentei tomar a chave da mão dele, mas ele foi mais rapido e impediu que eu pegasse.
- E aí, soldado? Vai ficar aí parado ou vai vir me cobrir de beijos e caricias.
- Você não tem esse poder sobre mim. Não me excito mais com você, mentiroso!
Em um movimento rapido ele pegou no meu pau, e viu que estava mole, ao contrario das outras vezes que nos encontramos.
Ele me beijou a força, tentou enfiar a mão por dentro da minha calça e segurar meu pau pra endurece-lo, mas eu não deixei. Lutamos até que eu acertei o nariz dele com um gancho de direita. Ele recobrou a razão, vestiu a roupa, me pediu desculpas e saiu chorando.

Naquela hora eu me senti mal por tudo o que estava acontecendo e fui atrás dele. O segurei pelo braço e o abracei. Choramos juntos e nos beijamos. Voltamos para o alojamento e eu fui para o quarto dele. Lá conversamos muito e ele me explicou tudo o que tinha acontecido. De fato o rapaz que atendeu o telefone e chamou ele de amor tinha mesmo uma deficiência intelectual e agia como uma criança de seis anos apesar de ja ter vinte e um anos. Fiquei mal comigo mesmo por que deixei o ciúmes falar mais alto que a razão e agora estava mal com tudo.

O dia amanheceu e eu não havia dormido nem cinco minutos, fui até a enfermaria e tomei um remedio para dormir, apos a autorização do Tenente Braga para descansar, mesmo assim, foi dificil pegar no sono, pois agora a preocupação era outra; - Desmarcar o encontro com o Capitão Penacco. Ele estava super empolgado e, apesar das circunstâncias em que nos conhecemos (Braço de Guerra) ele era um cara muito gentil, atencioso e carinhoso, sem contar que ja tinha mostrado suas intenções comigo em nossa ultima conversa.
"-Quero namorar contigo, ter uma historia linda e duradoura, mas respeito o seu tempo e quando chegar a hora, vai ser maravilhoso!"
Só de pensar nessa frase, me dava dor de barriga.

A tarde estava caindo e a hora estava chegando. Eu tive uma ideia pra ganhar tempo, liguei pro Comando da FAB e pedi pra falar com ele. Assim que ele atendeu, eu pedi desculpas mas não poderia ir ao encontro por conta de uma dor de estomago e tontura. Agradeci e senti o tom de decepção na voz dele, mas ele compreendeu, me desejou melhoras e desligou.

No inicio da noite, todos ja dispensados pra ir curtir o final de semana com a familia, e eu, cuidando do nariz do Marcelo que inchou devido ao soco que eu dei.

Ficariamos ali o final de semana todo, ja que meus pais estavam no interior de Minas e os pais dele estavam viajando a passeio. Ficamos juntos aquela noite, no sábado logo de manhã, o telefone tocou, e em seguida, um soldado bateu na porta do quarto do Tenente Braga;
- Tenente, bom dia! Sua mãe está ao telefone e precisa falar com o senhor urgente.
O coração acelerou quando eu ouvi isso, e precebí que o Marcelo começou a tremer de nervoso. Ele subiu as escadas até o gabinete do General Dias Azevedo e atendeu. Ficou quase quinze minutos conversando e quando desceu, chorou deseperadamente. O pai dele estava em coma induzido a espera de um coração artificial. O coração dele estava muito fraco e ele estava ligado a aparelhos no hospital.
- Vou com você até o hospital. Não vou te deixar sozinho. Eu disse pronto pra acolhe-lo no choro dele.

Pegamos a estrada e fomos para o hospital, chegando la, conheci a familia e entrei com ele no CTÍ pra visitar o pai, quando ele viu o pai cheio de tubos de ventilação, conectores de monitoramento cardíaco respirando com a ajuda de aparelhos, um choro desesperado tomou conta do Tenente. Ele tinha um apego muito grande no pai dele. Ficamos ali por horas, ate que um medico chegou e pediu para que saíssemos, um coração compatível chegou e o transplante não podia demorar para começar. O sentimento de apreensão e de alívio se misturavam em um mixto de emoções. Meu primeiro contato com meus sogros foi tenso!

DESEJO CAMUFLADOOnde histórias criam vida. Descubra agora