[50] Roleta russa.

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Ilha de Paradis, ano 848.

Aflita, Stella encarava Levi ofegante após ter matado a algoz que transformou sua vida em um inferno devido um acerto de contas entre ela e sua mãe. Ele virou-se para encara-la, sua mente raciocinando rapidamente o que poderiam fazer para que todos pudessem sair daquele abatedouro macabro à salvo, considerando os novos riscos que teriam que enfrentar. Mesmo que Hector fosse um homem debilitado, reconhecia sua capacidade destrutiva e ainda havia Aleksandra, que ainda sendo uma policia militar incompetente por natureza, era uma exímia atiradora e com certeza não havia muito a se perder naquelas circunstâncias degradantes. Fora que, não poderiam esquecer-se das outras crianças e de Mike que permaneciam presos na casa, no andar superior, pois os mesmos corriam tanto perigo quanto eles.

- Levi, precisamos ser realistas. Vocês não precisam enfrentar Hector por minha causa. Podem fugir e me deixar aqui, ainda consigo me transformar em titã e dar uma chance para que vocês escapem. Eu sei que é arriscado, mas pode ser a única opção. - Stella sugeriu, engolindo em seco diante a gravidade da situação.

Levi a encarou, seus olhos intensos mostrando a preocupação que ele tentava esconder, não conseguindo mais manter-se são diante do turbilhão de emoções que o cenário de horror haviam o despertado.

- Não sabemos se a transformação vai funcionar, e mesmo que funcione, não sabemos o que pode acontecer depois. Eu não vou correr esse risco. - Levi respondeu, sua voz soando áspera, enquanto analisava se alguma das serras haviam a capacidade de cortar as pesadas correntes em suas pernas, no entanto tudo o que encontrou foi lâminas desgastadas e finas demais para aquele trabalho.

Levi, apesar de toda a racionalidade militar que normalmente o guiava, sentia-se agora preso em uma encruzilhada entre o desejo de proteger Stella e a dura realidade da situação. Sua mente, normalmente afiada como uma lâmina, agora turvava-se com a ansiedade de perder mais alguém que se tornara importante para ele.

Stella segurou as lágrimas, compreendendo a preocupação de Levi. Contudo, ela não podia ignorar a urgência da situação.

- Levi, por favor, não arrisque a vida de todos por mim. Eu posso lidar com isso. - Stella suplicou, sua voz embargada pela emoção. Tudo o que ela queria era que Levi escapasse. Já havia perdido demais. E ainda que estivessem separados, emocionalmente distantes, não sabia se suportaria perdê-lo tambem. 

Levi cerrava os punhos, sua expressão endurecida pelo conflito interno. Ele virou o rosto brevemente, como se precisasse se afastar da visão de vê-la naquele estado. Seus olhos retornaram, agora carregando uma mistura de raiva e tristeza.

- Você acha mesmo que vou deixar você aqui para enfrentar isso sozinha? Não seja tola, Stella! - Levi rosnou, sua voz carregada de frustração. Ele continuou a procurar freneticamente por algo que pudesse libertá-la.

- Levi, é uma questão de sobrevivência!! Você tem que pensar no grupo, nas outras crianças que estão na merda dessa casa! - Stella argumentou, sua voz firme, apesar da vulnerabilidade em seus olhos. - E você espera fazer o que?! Enfrentar Hector sozinho, ferido?!!  Eu ainda consigo me regenerar, mas e você?! E os outros?!

Levi fechou os punhos com tanta força que seus nós dos dedos se tornaram brancos ao se aproximar de Stella, sua paciência tornando-se desgastada pela tensão que o envolvia, a encarando de perto.

- Você acha que sabe o que é melhor para todos nós? Você acha que eu não entendo a gravidade da situação? - Levi vociferou, sua voz ecoando no abatedouro sombrio de forma cortante - Não sou idiota, Stella! Não subestime o que eu posso fazer!

Stella, embora fragilizada, não recuou. Ela ergueu o queixo, encarando Levi com a mesma determinação.

- E você acha que sua teimosia vai salvar alguém? Pode ser o seu fim, Levi! Eu ainda posso me transformar e, mesmo que seja arriscado, pelo menos há uma chance! - Stella retrucou, o puxando pelo pulso para que segurasse seu rosto com as duas mãos, completamente apavorada. Percebendo a dor que sentia sendo transmitida pelos olhos acinzentados, sentiu uma pontada arder em seu peito.

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