[32] A garota do capitão.

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Ilha de Paradis, ano 848.

Uma semana após o acordo feito com seu irmão, Stella Thompson havia se recuperado consideravelmente de seu estado de coma, já conseguindo participar dos treinamentos com o restante dos cadetes da divisão de reconhecimento. Por conta do acidente, a garota perdeu uma boa parte de seu condicionamento físico devido suas articulações ainda estarem fragilizadas, o que consequentemente afeta em seu desempenho na hora de se movimentar com o DMT com precisão.
Ao perceber isso, Levi passou a disponibilizar parte de seu tempo livre para treiná-la individualmente, para que ela possa participar da próxima expedição sem ser exposta a um grande risco.

Além de se esgueirar furtivamente para o quarto dela com a desculpa que estava apenas se certificando que não havia possibilidade da mesma ter uma convulsão durante a madrugada.

No fundo, ela achava aquilo absurdamente engraçado e estava aos poucos entendendo como ele funcionava. Definitivamente Levi Ackerman não era alguém de demonstrar seus sentimentos claramente e fazê-lo admitir parecia uma batalha impossível, mas suas ações sempre diziam o contrário. Não acontecia nada entre os dois durante à noite, a não ser pelas investidas incansáveis de Stella que o roubava um beijo vez ou outra, farta de esperar por alguma iniciativa. Isso acontecia justamente pelo mesmo se sentir inseguro com ela e tentava não transparecer isso, mantendo sua compostura próximo a Stella - por mais que ela o quebrasse facilmente com suas cantadas ruins.

Ela gostava dele, de verdade. E isso estava claro para quem a conhecesse.

O seu convívio com Levi vinha sendo o ponto alto de seu dia, ao menos naqueles momentos, não precisava se preocupar com os problemas que vinham a assolando desde que chegou em Paradis. Ela não sabia ao certo o que eles eram, assim como Levi não tocava no assunto, mas gostaria de manter as coisas como estavam, com medo de que se tentasse se envolver demais, tudo passaria a mudar.
Stella se contentava em ser o seu segredo e para Levi não era diferente, estavam felizes assim e era isso o que bastava, pois entre quatro paredes, ela não era sua subordinada e ele não era o capitão da tropa de exploração.

- Você está com uma cara péssima, Thompson. - Murmurou Levi,ao sentar-se na cama com o edredom sob o corpo desnudo.

- É claro que estou com uma cara péssima, você quase me matou sufocada essa noite! - Stella resmungou ao se lembrar do episódio em que o homem desmaiou sobre ela e quase a esmagou, enquanto se virava para o lado contrário. - E se você me chamar assim mais uma vez, eu vou desentortar sua cara feia no murro.

- É uma droga que eu não tenha conseguido te matar..estava contando com uma boa notícia essa manhã. - Comentou se levantando e encontrando o próprio quarto uma zona, o que vinha sendo bem frequente após as noites que Stella passava com ele. - Tenho a impressão que você está se mudando lentamente para o meu quarto..e eu não estou gostando disso.

- Tenho minhas dúvidas quanto a isso, visto que quando eu não venho, você acaba dando as caras no meu pela madrugada. - Stella riu rouca vendo o quanto ele era um mentiroso, acabando por levar uma peça de roupa em seu rosto, após Levi ter jogado. - Ei! Vai se foder!

Ele revirou os olhos para sí mesmo enquanto a via esconder o rosto embaixo do travesseiro para evitar a claridade. Levi acabou por desistir de acorda-la naquele instante e foi escovar os dentes, notando no espelho que suas olheiras estavam menos escuras que o dia anterior, o que significava que havia tido uma boa noite de sono.

O homem se dirigiu em frente ao armário em busca de uma muda de uniforme nova para aquele dia, ficando profundamente irritado ao encontrar uma bagunça, com objetos pessoais de Stella no lugar. Cuidadosamente ele move cremes, perfumes e até peças íntimas para uma gaveta vazia ao lado, não conseguindo acreditar no quanto ela era descuidada com suas coisas.

PURE BLOOD | Levi Ackerman Onde histórias criam vida. Descubra agora