[36] Arco da titã fêmea - Parte 01.

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Ilha de Paradis, ano 848.

Enquanto subia no elevador da Muralha Maria no distrito de Shinganshina junto de Joseph, Stella se encolhia na capa da tropa de exploração pelo frio avassalador que acompanhava aquela manhã nublada. Um mal presságio invadiu sua mente quando chegaram até o topo daquele imenso cercado que envolvia toda Paradis ao se vislumbrar com a enorme cidade que estava os esperando, com um arrepio esmagador que sentiu percorrer até as profundezas de seu ser, Stella lembrava-se da última vez em que caminhou por aquele local e no mesmo dia, toda a tropa de exploração havia sido assolada pelo ataque do titã quadrúpede, cujo era de seu irmão.

Por um segundo ou dois, ela o encarou com desgosto e decepção, ouvindo inconscientemente os gritos de Oluo Bozado. Mesmo que houvesse aceitado estar ao lado de seu irmão, ela nunca o perdoaria pelo que havia feito, ou sobre a história envolvendo o pobre menino portador do titã mandíbula que havia sido entregue à Ymir. Seu olhar desviou-se para a morena que não estava muito longe, conversando animadamente com Christa Lenz como se não houvesse nada a esconder.

Desde que descobriu as origens daquela mulher, Stella não teve a oportunidade de ter uma conversa com ela sobre isso e nem mesmo sabia se queria ter, por medo do que poderia escutar, mesmo que soubesse que Ymir estivesse sendo controlada pelos ideais tortuosos de Zeke Yeager e o servia como uma espiã dupla.

Stella não havia mais como confiar no seu próprio irmão e nem em sua amiga de longa data, ciente do que estavam escondendo dela aquele tempo inteiro. Internamente, se perguntava se algum tipo de remorso dominava a mente dos dois, assim como ocorria com ela, arrependida de ter aceitado aquela maldita missão. Algumas vezes, imaginava se não seria melhor que tivesse sido sentenciada a morte em Marley por seus crimes.

Ao menos, aquela seria uma morte mais honrada. Assim ela não precisaria pensar em trair sua única família e amigos.

Stella sentia que não havia dignidade alguma para oferecer ao mundo por isso, vagando por todo aquele sangue que seria derramado sem qualquer justificativa e não podendo fazer nada além de esperar por alguma oportunidade de intervir nos planos de Joseph. Afinal, ele não mudaria de ideia mesmo se ela tentasse o fazer, precisaria tomar todo aquele poder que ele planejava conquistar à força e parar com aquela loucura.

O que seu pai acharia ao descobrir no que Joseph, o covarde menino franzino, havia se tornado? O que Marley havia feito à ele para o transformar naquilo?
Stella iria o parar, mesmo que custasse sua vida, ela não o deixaria concluir o estrondo e destruir com mais vidas inocentes. Isso era inaceitável.

Os poderes do titã fundador seriam dela.

Desde que chegou a Paradis, o seu mundo havia virado de cabeça para baixo e agora, ela não sabia mais de que lado estava, pois qualquer ação que tomasse referente à aquela guerra, implicaria na perda de pessoas das quais ela havia aprendido a amar. Sua mente estava recebendo as consequências de toda a frustração, a cada dia mais próxima de colapsar, pensando na possibilidade de se entregar e simplesmente desistir de tudo, pagando por todos os seus pecados.

Mas não poderia fazer isso, pois mesmo que seu irmão houvesse enlouquecido completamente, ela precisaria estar alí por ele e o proteger, pois não suportaria o perder novamente. Não poderia fazer isso pois afetaria a vida dos companheiros que haviam vindo com ela para aquela ilha, que desejavam apenas voltar para casa e reencontrar suas famílias como Reiner, Annie e Bertholdt.

E não poderia fazer isso pois tinha certeza que perderia todos os seus amigos pois os mesmos se sentiriam traídos por ela; descobrindo que Stella havia mentido para eles todo aquele tempo e omitido informações importantes como a verdade sobre os titãs e principalmente sobre a existência de uma nação inimiga que desejava destrui-los. Além, é claro, estar alí exclusivamente para matar Erwin Smith, do qual, não sabia o motivo de ter despertado tal interesse em Marley a ponto de desejarem executá-lo.

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