Expresso - Sahyo (1° Temporada)

17. Zero a esquerda

[Jihyo]

O clima no gabinete tornou-se cada vez mais denso desde que Sana começou a me tratar de maneira mais informal. As horas se arrastavam, e nossa proximidade diminuía. Mesmo em eventos importantes, como aqueles presentes em sua agenda, ela optava por ter Dahyun ao seu lado. Até mesmo nas mensagens, o silêncio dela era ensurdecedor.

Conversei com Jeongyeon sobre o que estava acontecendo, e ela sugeriu que o problema pudesse estar relacionado ao casamento. No entanto, essa explicação parecia insuficiente diante dos inúmeros obstáculos que surgiram entre nós.

Eu havia me entregado, compartilhado sentimentos, apresentado minha casa e conhecido suas amigas. Parecia que estávamos indo bem, mas algo mudou.

O dia do Festival Internacional de Cinema finalmente chegou. Todos os assessores estavam presentes, incluindo Dahyun, Momo, Mina e Nayeon. Entramos no carro oficial, mas o silêncio preenchia o espaço, e o olhar de Sana evitava o meu, como se buscasse refúgio no mundo exterior.

Ao chegarmos ao tapete vermelho, a agitação dos jornalistas criava um ambiente de frenesi, esperando para capturar cada momento. Sana desceu do carro ao lado de Suho, exibindo seu sorriso característico para as câmeras, mas algo nos bastidores desse sorriso já não era o mesmo.

Caminhando pelo tapete vermelho, a movimentação dos jornalistas e os flashes incessantes prenunciavam a tempestade de perguntas inevitável sobre a recente discussão entre Sana e Suho. Os repórteres aguardavam ansiosos por uma brecha para abordá-la com perguntas invasivas, tentando desvendar os mistérios que cercavam a vida da primeira-dama.

Enquanto observava Sana sorrir para as câmeras, sabia que a qualquer momento, a verdadeira tempestade de questionamentos poderia se desencadear. Era uma realidade implacável da vida pública, onde a linha entre o pessoal e o público muitas vezes se desfazia em um emaranhado de curiosidade implacável.

- Há rumores sobre uma discussão recente entre a senhora e o presidente Suho. Poderia nos esclarecer sobre o que aconteceu? - Um repórter perguntou diretamente a Sana, que respondeu com calma. Eu permanecia atrás, ao lado de Dahyun.

- Algumas discussões são normais em um casamento. Estamos bem. Nosso foco real é trabalhar juntos para aprimorar certos aspectos do governo. - Sana demonstrava tranquilidade enquanto se expressava.

- A crise em seu casamento influencia a crise que a Coreia enfrenta? - Outro jornalista questionou.

- São dois assuntos distintos que você está misturando. A crise nacional que enfrentamos é a mais desafiadora dos últimos 10 anos. Não posso fornecer detalhes, mas Suho está trabalhando em colaboração com o governo para enfrentar essa situação. Quanto ao casamento, é uma questão mais pessoal entre duas pessoas. Não precisamos compartilhar todos os detalhes com vocês.

O presidente Suho tomou a dianteira.

- Em breve, anunciaremos medidas para conter a inflação e um pacote de benefícios. - Ele claramente tentava capitalizar a situação.

- Algum comentário sobre a declaração da primeira-dama? Vocês planejam se separar? - Gelei. Desviei o olhar, tentando disfarçar meu desconforto.

- Não. Estamos casados há oito anos, e nada nem ninguém vai nos separar. Obrigado. - Suho encerrou a conversa. Sana estendeu a mão para entrelaçar os dedos com os dele. Era um gesto simples, mas me incomodava. Como era possível que, um dia antes, ela dissesse que me amava, e agora construía muros entre nós, agindo como se nada tivesse acontecido.

Entramos no local do evento, e eu me mantive à distância. A presença constante de Dahyun ao lado de Sana tornou-se uma realidade, e minha exclusão era cada vez mais evidente. Observava de longe enquanto posavam para fotos, riam juntas, e, por um momento, desejei ser invisível, uma sombra naquele mundo de flashes e aparências.