39. Juízo final - Themis

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[Sana] - Semanas depois

A recuperação em casa após quase um mês no hospital foi um misto de alívio e desafios dia após dia. A liberdade de estar em um ambiente familiar trouxe conforto, mas também veio acompanhada da reabilitação que enfrentaria.

No começo, cada passo parecia uma montanha a ser escalada. Eu estava fraca e ainda me adaptando à estar de volta. Jihyo estava sempre ao meu lado, cuidando de mim. 

Chaeyoung nos ligou alguns dias antes, alertando sobre a proximidade do julgamento. À medida que o dia se aproximava, Jihyo ficava cada vez mais tensa. Mesmo trabalhando em casa, gerenciando sua empresa, ela ainda tinha medo de me deixar sozinha.

Toda essa preocupação tinha um motivo: queríamos justiça pelo que aconteceu.

Dentre diversas culturas, a justiça tem amplo significado. Na história, relatos do antigo Egito contam que os corações dos mortos eram pesados em uma balança para determinar seu destino após a Terra. Na Grécia, Zeus usava uma balança para decidir o destino da humanidade.

E Themis, a deusa da Justiça, era conhecida por sua grande sabedoria e imparcialidade, sendo considerada a conselheira dos deuses. Ela equilibrava a razão com o julgamento, representada com os olhos vendados para simbolizar a imparcialidade. Isso indicava que a justiça deveria ser cega, sem considerar status, poder ou riqueza.

O dia do julgamento chegou. Eu estava ansiosa e um pouco amedrontada, mas tinha decidido enfrentar Suho e tudo o que ele representava. Jihyo estava ao meu lado, segurando minha mão com firmeza, Nayeon e Mina estavam logo atrás de nós, prontas para testemunhar. A sala do tribunal era fria, gelada e impessoal, mas eu sabia que aquele era o lugar que conseguiríamos justiça.

Quando Suho entrou vestindo um macacão, com o cabelo para trás, senti um calafrio em minha espinha. Seus olhos encontraram os meus por um breve momento, e uma série de lembranças dolorosas voltou à tona: as ameaças constantes, as agressões, e, claro, o tiro que quase me tirou a vida. Eu podia sentir Jihyo se enrijecer ao meu lado, revivendo suas próprias memórias de todos os confrontos.

As testemunhas foram chamadas uma a uma. Nayeon foi a primeira, relatando o incidente em sua casa com clareza. Ela descreveu Suho como frio, calculista e controlador, contando como ele invadiu o local e me agrediu brutalmente. O advogado de defesa tentou desmerecer seu depoimento, mas ela se manteve firme, respondendo a todas as perguntas.

Mina foi a próxima. Ela detalhou não só a invasão, mas todos os momentos em que eu liguei para ela para falar sobre o excesso de controle sobre vida ou quando pedi o divórcio e ele surtou. Sua voz estava firme, mas eu podia ver a dor em seus olhos ao relembrar aqueles momentos. Eu sabia que isso era difícil para ela, mas também sabia que sua coragem estava nos ajudando a construir um caso sólido.

Quando chegou a vez de Jihyo testemunhar, meu coração disparou. Ela contou sobre tudo. Desde as discussões no gabinete, o modo como ele me usava para atrair interesse público, as chantagens e até como manipulou a opinião pública dando declarações infundadas. Trouxe a tona o encontro na farmácia, descrevendo como Suho fez comentários vulgares e ofensivos sobre mim, e como ela perdeu o controle e o agrediu. O juiz olhou para ela com severidade, enquanto ela explicava sua reação e o medo constante que sentíamos.

Finalmente, foi minha vez. Me levantei com as pernas trêmulas e caminhei até o banco das testemunhas. O promotor pediu que eu relatasse todos os eventos, desde as chantagens, agressão e casamento de Nayeon e Mina. Respirei fundo e comecei a falar.

Quando chegou minha vez de falar, eu respirei fundo. Olhei para o juiz e para o júri, tentando encontrar forças em algum lugar dentro de mim.

— Ele me ameaçou repetidamente — comecei, minha voz tremendo um pouco. - Todas as vezes que eu pedia divórcio ele virava outra pessoa e vinha para cima de mim. Houveram discussões no gabinete presidencial, discussões em casa e no carro. Quando assumi a postura, saí de casa e dei a declaração, ele me atacou fisicamente na casa de Nayeon e Mina. E no casamento, ele... ele tentou me matar. — As palavras saíram difíceis, mas eu continuei. — Eu não lembro de nada, acordei no hospital depois de quase um mês em coma. Acordei e descobri que a mãe da minha esposa também estava envolvida.

Expresso - Sahyo (1° Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora