Expresso - Sahyo (1° Temporada)

22. Japão e um cafuné

[Jihyo]

Era outono no Japão, e o clima ameno tornava a jornada até a casa dos pais de Sana ainda mais agradável. Optei por pegar um táxi, pois estava indo sem reserva em qualquer hospedagem, carregando apenas uma mala com poucas trocas de roupas.

A decisão de vir para o Japão foi repentina, embora tenha demandado algumas semanas para organizar a viagem, incluindo a compra da passagem e a obtenção do visto.

Ao chegar à residência, uma casa pequena cercada por muitas árvores, avistei Sana. Nossos olhares se cruzaram pela primeira vez, e naquele instante, percebi que eu ainda era profundamente apaixonada por ela.

Sana usava um macacão jeans, suas mãos sujas de terra indicavam que estava envolvida em alguma tarefa no jardim. Fiquei parada do outro lado da rua por alguns minutos, observando-a com um sorriso. Sentia uma necessidade instintiva de cuidar dela, de cuidarmos uma da outra.

Após jogar as luvas no chão, Sana se aproximou de mim, e eu atravessei a rua em sua direção. Notei que ela estava um pouco mais magra que da última vez. Seus cabelos curtos agora exibiam uma tonalidade escura, contrastando com o antigo castanho claro.

- Gostei do cabelo - foi a primeira coisa que comentei.

- Oi - ela sorriu de canto.

- Você não sabe como foi difícil te encontrar - disse a Sana.

- Como me achou? - Perguntou abrindo o portão para que eu entrasse.

- Eu tive que implorar pra Mina e subornar Nayeon com maquiagem.

Ela riu.

- Entendi. - Sana não se aproximava muito. Ela estava com medo.

- É lindo aqui. As paisagens entre as montanhas e o ar puro.

- Eu venho pra cá quando preciso esquecer das coisas. - Comentou olhando para baixo.

- E isso me envolve? - Puxei seu pescoço para que ela olhasse em minha direção.

- Eu nunca te esqueci, Jihyo. Eu só não quero te machucar mais. - Fechou os olhos mordendo a boca.

- Sinto muito por não estar do seu lado quando você mais precisou - Puxei sua mão para que ela ficasse mais perto. - Não imaginava o que você estava passando. Eu fui egoísta demais.

- Já passou - Sana passou as mãos pelo meu rosto. - Não se culpe pelo que já foi.

- Eu fui tão idiota - Fechei os olhos e senti seu braço envolver minha cintura.

- Por favor, não se culpe - Ela sussurrou enquanto encaixava a cabeça no meu pescoço. - Não quero ver você assim.

- Me desculpa de verdade - Admiti mais uma vez meu erro e a abracei com cuidado.

Ficamos assim por alguns segundos. Sua respiração era um pouco pesada, talvez pelo nervosismo. A atmosfera carregava um misto de arrependimento e aceitação, e ali, em meio às paisagens tranquilas do interior de Osaka.

- Você quer conhecer o pomar? - Resmungou ainda em meio ao abraço.

Balancei a cabeça dizendo que sim e ela deixou um beijo no meu pescoço.

- Aqui tem algumas frutas - Sana soltou meu corpo e abriu outra pequena porta de madeira. - Eu brincava aqui quando era pequena. Tem muitas árvores e frutas.

Entrei no local, deixei minha mochila na varanda da casa e segui Sana pelo pomar.

- Ah, amoras! - falei animada. - Eu adoro amoras.