18. Teoria do Caos

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[Sana]

Palavras brutas e frias escorriam de minha boca, cada uma pesada como um fardo. Cada gesto brusco, cada expressão áspera, uma tentativa de erguer uma muralha entre nós. Uma barreira destinada a proteger, mas que, no entanto, só servia para afastar.

A hostilidade que eu projetava, uma tentativa desesperada de esconder a tempestade de emoções conflitantes que surgia. A intensidade do amor contrastava com a necessidade de manter distância, como se ferir Jihyo fosse o preço a pagar para mantê-la segura.

Os corredores do gabinete eram palco do conflito interno que se desenrolava. O desejo de me aproximar dela, de ser a Sana que a amava, colidia com a necessidade de mantê-la à distância.

Cada vez que a via sofrer sob o peso das minhas atitudes, a dor colidia em mim mesma. A sensação de me distanciar dela, enquanto ela sucumbia às minhas escolhas, era uma tortura silenciosa que eu suportava, ciente de que estava selando nosso destino com cada ato de autossabotagem.

Em mais um dia de trabalho no gabinete, a tensão pairava entre nós. Cada gesto, cada palavra, tudo carregava um peso desconfortável. No silêncio dos corredores, o ar era denso, indicando que algo inevitável estava prestes a acontecer.

Os olhos de Jihyo tentavam se encontrar ao meu, cheios de incerteza e decepção. Seu olhar buscava respostas nas linhas do meu rosto, tentando decifrar o que eu não queria dizer. A troca de olhares entre nós carregava o peso das palavras não ditas, uma comunicação silenciosa que refletia a distância crescente entre nós.

Cada vez que nossos olhares se encontravam, a intensidade do desespero era sentida por nós duas. Seus olhos imploravam por uma compreensão que eu hesitava em fornecer.

Cada olhar de Jihyo era uma pergunta não formulada, uma busca por uma verdade que eu relutava em compartilhar.

- O que é isso? - Jihyo perguntou, examinando o e-mail que eu havia enviado.

- Um trabalho a ser feito. - Respondi sem pensar muito. Evitei a qualquer custo encarar seu semblante.

- Nós já temos isso que pediu. - Ela puxou uma gaveta e me entregou uma pasta.

- É preciso mais - Retirei os óculos. - Só isso não basta.

- Certo - ela concordou. - Sexta de manhã é um bom prazo para a senhora?

- Isso é para hoje. - Eu enfatizei.

- Hoje nós temos o coquetel dos funcionários.

- Então dê um jeito de terminar antes. - Retruquei, sentindo a necessidade de ser direta e firme.

- É muito humilhante você me tratar desse jeito. - Jihyo questionou tentando mais uma vez romper a muralha que eu estava construindo. Seu semblante agora expressava confusão e mágoa.

- Estou pedindo apenas para que faça seu trabalho.

- Sana - Jihyo suspirou, tentando manter a calma. Ela levantou e fechou a porta da sala em que estávamos - Nós literalmente dormimos juntas, nos amamos e você está me tratando assim? Não adianta dizer que não, porque só eu estou sentindo isso. Fazem semanas que tento te ver além daqui, mas você está tão fria. Eu não sei o que se passa na sua cabeça, por que você não me fala. Mas estou cansada disso! Você fala tanto dele, mas agora está agindo como ele!

- Estou apenas impondo limites. - Retruquei como um robô. Meu cerebro e meu coração queriam que eu corresse para seus braços e contasse tudo o que estava acontecendo, mas eu não poderia colocar em risco.

- Limites? Por que não impôs quando falou que me amava? Estou duvidando disso seriamente... - Bateu na minha mesa apontando o dedo.  Você é carente, Sana, carente. Só faz o que convém, você sabe que ele está te usando e ainda continua nisso.

Expresso - Sahyo (1° Temporada)Onde histórias criam vida. Descubra agora