Capitulo 17

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Gabrielle

Odeio que ele seja tão teimoso.

Odeio quando ele se faz de indiferente.

Odeio que ainda me veja como uma irmã, sendo que faz 3 anos que não o vejo.

Odeio o fato de essa caneta estar falhando e eu não conseguir nem mesmo listar todas as coisas que odeio nele.

Rabisquei o resto da página com a tinta da caneta indecisa entre funcionar ou não, e fechei o diário em um baque. O mesmo diário que rabisquei os primeiros traumas da minha vida e minhas noites de insônia. O guardei no mesmo lugar de sempre, embaixo do colchão, e voltei para o livro de autoajuda que não me ajudava em absolutamente nada.

O livro mandou eu ser mais ousada, prometeu que meu crush ficaria louco.

Jhonathan ficou realmente louco...

Louco de vontade de nunca mais olhar na minha cara.

Como pude pedir que ele baixasse mais a tela do celular para me mostrar o que nunca vi? Quis me jogar da sacada assim que as palavras saíram da minha boca.

Ainda quero.

Pai, você precisa confiscar meu celular mais vezes.

Olhei no visor do celular, eram 00:30, provavelmente Jhonathan estava dormindo maravilhosamente bem enquanto eu continuava deitada na cama agarrada àquele livro que só me ensinava novas maneiras de passar vergonha.

"Mostre confiança".

"Se ele não der o primeiro passo, dê você".

"Seja charmosa".

— Como vou ser charmosa sendo que na página 15 você me deixou parecendo uma maluca!? Eu não precisaria passar por nada disso se minha mãe ainda estivesse aqui — lamentei, arremessando o livro longe e em seguida me escondi embaixo do edredom. Na mente, minhas humilhações não paravam de reprisar como um filme pastelão.

Gostar de um garoto era vergonhoso, principalmente quando ele me olhava como uma coisa fofa que adoraria pegar no colo.

— AAAAAAH!!!! — gritei com a cabeça enterrada no travesseiro. Tudo que eu não precisaria para encerrar meu dia, era meu pai atravessando a porta do meu quarto para perguntar se era uma crise de TPM.

Deus sabe como eu torcia para ser.

***

— Não acredito que ainda esteja dormindo!

Meu pai gritou nos meus ouvidos e eu quase dei um pulo na cama, mas estava sonolenta demais para isso.

— Levanta, Gabrielle. Mandei levantar! — arrancou o edredom do meu corpo e precisei de alguns segundos para lembrar em que planeta eu estava.

Ah, sim. Em casa.

Me contorcendo por ter sido uma vadia noite passada.

Engoli em seco.

— Preciso lembrá-la do seu castigo!? — arreganhou as cortinas e a claridade cortante me atingiu. — Levanta!

Jhony Trouble Onde histórias criam vida. Descubra agora