Capítulo 51

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Gabrielle

— O q-que? — ele me encarou como se eu fosse uma arma carregada.

— Estou cansada de tentar te tirar desse buraco que você está caindo, Jhony. Na verdade, você está deliberadamente se jogando e não vou mais me jogar junto. Eu fugi de casa só para estar com você. Enfrentei meu pai, menti para ele e me arrisquei. Esse é o máximo que meu amor pode ir.

— Você sabe que sou completamente maluco por você.

— Por favor, prove. Não existe amor que sobrevive só de palavras. — O coloquei contra a parede. — Se quiser que eu acredite, jogue o pacote pela privada e vamos fingir que essa ideia de traficar nunca se passou pela sua cabeça. — Por favor, por favor, não me decepcione.

— Não posso fazer is... — suas palavras ficaram curtas. — Não quero que você pense que eu não te amo, mas preciso resolver o mistério da minha irmã. Eu não posso me conformar que ela só desapareceu. — Ergueu o saco. — Essa grana me dará a chance de descobrir o que aconteceu naquele dia. É só por um tempo. Eu vou conseguir o dinheiro e aí eu paro.

Quando compreendi o rumo daquela conversa, saí do banheiro e comecei a me vestir. Coloquei o moletom da noite passada, não queria ter que usar sua cueca, e legging sem calcinha era inaceitável.

— O que está fazendo? — me seguiu e começou a se equilibrar conforme também se vestia. Bermuda escura e uma camiseta qualquer que pegou na terceira gaveta da cômoda.

— Se você quer dar uma de idiota, não faça isso na minha frente. — Me sentia respirando produtos químicos. O ventilador do teto era tão agradável, mas o ar fresco parecia não chegar diretamente em meus pulmões. — Quando parar de tentar se matar, a gente conversa.

— Não estou me matando, estou vivendo a minha realidade. — Não mostrou qualquer emoção. — Se tivesse outra forma de conseguir dinheiro rápido, eu não viraria traficante. Já pensei de todas as maneiras e não vejo outra saída. Simplesmente não posso viver mais oito anos com a incerteza do que aconteceu. Isso tem acabado comigo. Toda loira que encontro, paro para ver se é ela. Penso nela quando estou deitado tentando dormir, escovando os dentes, tomando café. É como uma obsessão, não dá para desligar. Eu prefiro saber que ela está morta do que não saber onde está. E pela primeira vez, tenho um norte para seguir. Eu vou conseguir preencher esse buraco no meu coração, Gabrielle.

Um buraco que mais tarde ele preencheu da pior forma que um homem poderia preencher.

— Não, é você quem está acabando consigo mesmo. E não posso e nem vou ficar para ver até onde está disposto a chegar. Eu atropelei meus princípios e engoli o fato de você fumar maconha, de beber, de espancar qualquer pessoa que te tira do sério, de invadir a casa do seu pai e incendiar o berço de um bebê. Mas isso? Isso é demais. Não tem espaço na minha vida para viver na sombra de um criminoso!

Ele foi novamente até a cômoda e escondeu a cocaína entre as cuecas.

— Você está certa, não posso te pedir para aceitar meus erros — uma longa pausa e se virou para mim. — No entanto, se escolher sair por essa porta, não poderei ir atrás. Não vou poder te impedir, nem te pedir para ficar, porque seria egoísmo da minha parte e não seria justo com você. Mas, Gabrielle — dois passos na minha frente —, eu não quero te perder.

Jhony Trouble Onde histórias criam vida. Descubra agora